Hoje
como há dois mil anos Jesus, a luz verdadeira, vem a um mundo achacado de
indiferença que não O acolhe; antes, rejeita-O como acontece a muitos
estrangeiros, ou ignora-O como fazemos nós muitas vezes com os pobres. Hoje não
nos esqueçamos dos numerosos deslocados e refugiados que batem à nossa porta:
disse o Papa na tradicional Mensagem de Natal e Bênção Urbi et Orbi. Francisco
ressaltou que vivemos uma carestia de paz e exortou a não se usar o alimento
como arma de guerra
Raimundo
de Lima – Vatican News
Como os pastores de Belém, deixemo-nos envolver pela luz e
saimos para ver o sinal que Deus nos deu. Vençamos o torpor do sono espiritual
e as falsas imagens da festa que fazem esquecer Quem é o Festejado. Saiamos do
tumulto que anestesia o coração induzindo-nos mais a preparar ornamentações e
prendas do que a contemplar o Evento: o Filho de Deus nascido para nós. Foi a
exortação do Papa na tradicional Mensagem de Natal e Bênção Urbi et Orbi, da
Sacada Central da Basílica Vaticana, diante de milhares de fiéis e peregrinos
presentes na Praça São Pedro, e acompanhada pelos meios de comunicação em
mundovisão.
“Voltemo-nos
para Belém, onde ressoa o primeiro choro do Príncipe da paz. Sim, porque Ele
mesmo – Jesus – é a nossa paz: aquela paz que o mundo não se pode dar a si
mesmo e Deus Pai concedeu-a à humanidade enviando o seu Filho ao mundo”,
ressaltou o Santo Padre.
Na
realidade, é com tristeza que devemos constatar como, enquanto nos é dado o
Príncipe da paz, ventos de guerra continuam a soprar, gelados, sobre a
humanidade. Se queremos que seja Natal, o Natal de Jesus e da paz, voltemos o
olhar para Belém e fixemo-lo no rosto do Menino que nasceu para nós! E, naquele
rostinho inocente, reconheçamos o das crianças que, em todas as partes do
mundo, anseiam pela paz, continuou o Papa.
Ucrânia
O nosso olhar se
encha com os rostos dos irmãos e irmãs ucranianos que vivem este Natal na
escuridão, ao frio ou longe das suas casas, devido à destruição causada por dez
meses de guerra. O Senhor nos torne disponíveis e prontos para gestos concretos
de solidariedade a fim de ajudar todos os que sofrem, e ilumine as mentes de quantos
têm o poder de fazer calar as armas e pôr termo imediato a esta guerra
insensata!
O nosso
tempo vive uma grave carestia de paz também noutras regiões, noutros teatros
desta terceira guerra mundial.
Síria,
Terra Santa, israelenses e palestinos
Pensamos na Síria,
ainda martirizada por um conflito que passou para segundo plano, mas não
terminou; e pensamos na Terra Santa, onde nos últimos meses aumentaram as
violências e os confrontos, com mortos e feridos. Supliquemos ao Senhor para
que lá, na terra que O viu nascer, retomem o diálogo e a aposta na confiança
mútua entre israelenses e palestinos.
Oriente
Médio
Jesus Menino ampare
as comunidades cristãs que vivem em todo o Oriente Médio, para que se possa
viver, em cada um daqueles países, a beleza da convivência fraterna entre
pessoas que pertencem a crenças diferentes. De modo particular ajude o Líbano
para que possa, finalmente, erguer-se com o apoio da Comunidade Internacional e
com a força da fraternidade e da solidariedade.
Região
do Sahel, Iêmen, Mianmar e Irã
A luz de
Cristo ilumine a região do Sahel, onde a convivência pacífica entre povos e
tradições é transtornada por confrontos e violências, continuou Francisco.
“Encaminhe para uma trégua duradoura no Iêmen e para a reconciliação no Mianmar
e no Irã, para que cesse completamente o derramamento de sangue”.
Continente
Americano
E, no
continente americano, frisou o Pontífice, “inspire as autoridades políticas e
todas as pessoas de boa vontade a trabalharem para pacificar as tensões
políticas e sociais que afetam vários países; penso de modo particular na
população haitiana, que está a sofrer há tanto tempo”.
O Santo
Padre lembrou que a guerra na Ucrânia agravou ainda mais a situação, deixando
populações inteiras em risco de carestia, especialmente no Afeganistão e nos
países do Chifre de África. “Toda a guerra – bem o sabemos – provoca fome e
serve-se do próprio alimento como arma, ao impedir a sua distribuição às
populações já atribuladas. Neste dia, aprendendo com o Príncipe da paz,
empenhemo-nos todos – a começar pelos que têm responsabilidades políticas –
para que o alimento seja só instrumento de paz”, exortou ainda Francisco, que
concuiu em seguida:
Queridos irmãos e
irmãs, hoje como há dois mil anos Jesus, a luz verdadeira, vem a um mundo achacado
de indiferença - uma doença feia -, indiferença que não O acolhe (cf. Jo 1,
11); antes, rejeita-O como acontece a muitos estrangeiros, ou ignora-O como
fazemos nós muitas vezes com os pobres. Hoje não nos esqueçamos dos numerosos
deslocados e refugiados que batem à nossa porta à procura de conforto, calor e
alimento. Não nos esqueçamos dos marginalizados, das pessoas sós, dos órfãos e
dos idosos que correm o risco de acabar descartados, dos presos que olhamos
apenas sob o prisma dos seus erros e não como seres humanos.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-12/papa-francisco-bencao-urbi-et-orbi-natal-2022.html
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