Em sua conferência no 2o Congresso Missionário Nacional, na manhã desta sexta-feira, 2, o teólogo padre Agenor Brighenti fez uma leitura da missão a partir da II Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho, realizada em Medellín (Colômbia), em 1968. “A renovação do Vaticano II passa pela ousadia de Medellín”, afirmou Brighenti, lembrando que a Conferência de Medellín foi um modo que a Igreja da América Latina encontrou para aplicar as decisões do Concílio Vaticano II, realizado de 1962 a 1965, em Roma.
“O Vaticano II superou o eclesiocentrismo e colocou a Igreja em espírito de diálogo e de serviço ao mundo”, observou padre Brighenti. Para o teólogo, a missão não consiste em implantar a Igreja, mas em encarnar o Evangelho no mundo. “A Igreja está no mundo e existe para ser uma mediação universal de Jesus Cristo no mundo”.
A opção pelos pobres foi outra marca de Medellín destacada pelo padre Brighenti. “Em Medellin ecoou o grito do sofrimento dos pobres que delatava o cinismo dos satisfeitos. O grito foi ouvido, descentrando a Igreja de si mesma e engendrando a tradição latino-americana. A opção pelos pobres é o fio condutor disso”, considerou.
Segundo padre Brighenti apontou sete características do que chamou de “novo posicionamento” dado por Medellín à missão a partir do Vaticano II. Comunhão e CEBs, segundo o conferencista, são a primeira característica. “O Vaticano II concebe a Igreja como a comunidade dos batizados”, recordou. A partir daí, Medellín concebe entende que “a missão é para a comunhão no seio de pequenas comunidades em vista da fraternidade entre todos os seres humanos”.
Na segunda característica, Sujeito eclesial da missão”, padre Brighenti lembra que o Vaticano II afirmou não haver “duas categorias de cristãos - clérigos e leigos - mas um único gênero, os batizados no seio de uma comunidade toda ela ministerial”. Sendo assim, Medellín vê a comunidade como “sujeito eclesial” e, por isso, “sujeito da missão".
Na terceira característica, Igreja povo de Deus e Igreja dos pobres, segundo o teólogo, o Concílio ressalta a comunhão dos batizados como “o novo povo de Deus que peregrina com toda a humanidade”. Nesta perspectiva, “Medellin conclama todos a serem uma Igreja pobre, dando testemunho de uma Igreja solidária com a causa dos excluídos. Assumir a pobreza solidária é um grande desafio colocado por Medellin”.
Padre Brighenti aponta a Opção pelo ser humano e a opção pelos pobres como quarta característica do novo posicionamento missionário segundo a Conferência de Medellín. “Ao optar pelo ser humano, dada a situação de exclusão e a predileção de Deus pelos excluídos, optamos pelos pobres”, disse. “Opção pelos pobres não significa fazer do pobre um objeto de caridade, mas sujeito de sua própria libertação”, advertiu.
Nas demais características – Inserção no mundo, Evangelização e promoção humana e Diakonia histórica e profetismo – o teólogo sublinha que Medellín insiste na necessidade da Igreja inserir-se no mundo dos excluídos e que isso implica “opção pelo lugar social dos pobres”. O teólogo recorda, ainda, a afirmação de Medellín sobre a necessidade da missão evangelizadora abarcar também as estruturas e a convocação que a Conferência faz para o serviço profético que inclui até martírio. “A missão evangelizadora se concretizará na denúncia da injustiça e da opressão, sinal de contradição para os opressores. O serviço profético pode levar ao martírio, expressão da fidelidade à opção pelos pobres”, finalizou.
CNBB
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