A Igreja celebra, no dia 3 de maio, a memória dos apóstolos São Filipe e São Tiago, companheiros leais de Nosso Senhor, escolhidos por Ele para propagar o Evangelho por todo o mundo. Pouco se sabe sobre a vida desses dois apóstolos além do que consta nos Evangelhos, nos Atos dos Apóstolos e em algumas Cartas do Novo Testamento.
São Tiago
Os
Evangelhos citam dois apóstolos chamados Tiago: um, comumente chamado de “Tiago
Maior”, era o irmão de São João e filho de Zebedeu; enquanto o outro,
identificado como “filho de Alfeu”, natural de Nazaré, portanto, conterrâneo de
Jesus, é uma figura sobre quem pairam algumas dúvidas quanto à identidade. Isso
porque, com frequência, ele também é identificado como “Tiago, o Menor”, que
seria filho de Maria de Cléofas e primo de Jesus. Este Tiago Menor teve papel
fundamental na Igreja de Jerusalém – foi o seu primeiro bispo –, especialmente
ao dizer (cf. At 15,13) que os pagãos podiam ser acolhidos na Igreja sem antes
ter de se submeter à circuncisão. Além disso, São Paulo diz que Jesus apareceu
especificamente para ele (cf. 1 Cor 15,7) e o nomeou uma das colunas da Igreja
(cf. Gl 2,9). A esse mesmo Tiago Menor é atribuída a Carta que leva seu nome,
na qual consta a conhecidíssima afirmação de que “a fé sem obras é morta”. O famoso
historiador judeu Flávio José relata a informação mais antiga sobre a morte de
São Tiago. Ele narra que o Sumo Sacerdote Anano, filho de Anás, aproveitou o
intervalo entre a deposição de um Procurador romano e a chegada do seu sucessor
para decretar a pena de morte de Tiago por lapidação no ano de 62.
São Filipe
Filipe
era natural de Betsaida, mesma terra de Pedro e André. Apesar de sua origem
hebraica, seu nome é grego, o que indica uma abertura cultural que, ressalta o
Papa Bento XVI, não se deve subestimar. Os momentos em que Filipe é citado nos
Evangelhos são pontuais, mas significativos: São João diz que ele foi chamado
por Jesus e, tendo encontrado Natanael, diz-lhe (Jo 1,45-46): “Encontramos
aquele sobre o qual escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de
José, natural de Nazaré”. “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” – perguntou
Natanael. “Vem
e verás”, replica Filipe, demonstrando, conforme aponta o Papa Bento XVI em
catequese específica sobre esse apóstolo, as características da verdadeira
testemunha, que “não se contenta em propor o anúncio, como uma teoria, mas
interpela diretamente o interlocutor, sugerindo-lhe que faça ele mesmo uma
experiência pessoal do que foi anunciado”. Filipe aparece novamente por ocasião da multiplicação
dos pães, quando Jesus lhe pergunta onde eles comprariam pão para alimentar
aquela multidão. Filipe responde de maneira sensata, considerando o número de
pessoas ali presentes, dizendo que duzentos denários – ou seja, duzentas vezes
o valor da diária de um trabalhador – não bastariam para que cada um comesse um
pedaço. Jesus ter se dirigido a Filipe demonstra que ele era uma figura de
destaque entre os discípulos, o que é reforçado pelo fato de que ele sempre
aparece em quinto lugar nas listas dos apóstolos. Antes da Paixão de Cristo, Filipe é procurado por
alguns gregos, que lhe pediram para ver Jesus (Jo 12,20-22). Muito
possivelmente, o próprio Filipe falava grego, motivo pelo qual os estrangeiros
o procuraram. Por fim, Filipe aparece recebendo uma espécie de reprimenda do
Senhor, quando, na Última Ceia, Jesus dissera que o conhecer significava
conhecer também o Pai (Jo 14,7-11). Filipe replica pedindo: “Senhor, mostra-nos
o Pai, e isso basta!”, ao que Jesus responde: “Há tanto tempo estou convosco e
não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai: Como pedes que te mostre o
Pai? Não crês que estou no Pai e o Pai em mim?” Após a morte de Jesus e o recebimento do Espírito
Santo, certamente Filipe creu que quem via Jesus via o Pai, tanto que se tornou
um grande evangelizador, tendo anunciado Cristo na Grécia e na Frígia, onde
acabou encontrando a morte pela crucifixão ou lapidação.
O que aprendemos com os dois apóstolos
São
Filipe e São Tiago foram privilegiados, porque conviveram de perto com Jesus,
foram catequizados, formados pelo Senhor. Não podemos esquecer, contudo, que
muitos dos discípulos de Jesus não suportaram seus ensinamentos e O
abandonaram, como narrado por São João. A santidade desses dois apóstolos não
vem do fato de eles terem sido chamados por Jesus e convivido com Ele, mas pela
maneira como eles corresponderam ao chamado, desapegando-se da sua vida por
amor ao Senhor, gastando a própria vida para anunciar Jesus e, por fim,
perdendo a própria vida para ganhá-la, como ensinou seu Divino Mestre.
Minha oração
São
Filipe e São Tiago, vós convivestes com tanta proximidade com Jesus. São Tiago,
talvez tu brincaste com Nosso Senhor quando éreis crianças, talvez fostes à
sinagoga juntos aprender a Lei de Deus. Vós fostes formados pelo Mestre, ouvistes
d’Ele tantos ensinamentos, partilhastes o pão, partilhastes também as
perseguições e preocupações! Peço-vos que me ensine, a mim, que só vi a Cristo
sob o véu dos sacramentos, a perseverar no seguimento do Evangelho. Peço-vos
que me ajudeis a ter a coragem de me lançar na evangelização, sem medo dos
perigos, das censuras, da humilhação. Peço-vos que rogueis para que eu esteja sempre
atento para ajudar aqueles que querem conhecer Jesus como tu estiveste, São
Filipe. Peço-vos
vossa intercessão para que eu seja firme na defesa da verdade como tu sempre
foste, São Tiago. Peço-vos
auxílio para nunca ter uma fé apenas da boca para fora, mas sim uma fé
sustentada pelas obras, uma fé de quem realmente conheceu a Cristo e se
converteu. Uno-me,
por fim, à Igreja, que hoje reza:
“Ó mártires ilustres, faróis de tanta
luz, na fé e na esperança, já vemos a Jesus.
E um dia em plena glória, então sem véu algum, vejamos face a
face o Deus que é trino e um!”
São
Filipe e São Tiago, apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo, rogai por nós!
Fonte:
Canção Nova Notícias
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