Há doze anos, uma imagem correu o mundo e tocou
milhões de corações: um menino pequeno, de apenas 9 anos, rompendo a segurança
para buscar um abraço do Papa Francisco. O momento, registrado durante a Jornada
Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013, ficou gravado na
memória da Igreja.
Nathan
abraça o Papa Francisco durante a JMJ Rio 2013.
Aquele menino, Nathan, chorou nos braços do Santo
Padre e lhe disse: “Quero ser padre“. Hoje, aos 21 anos, ele
não só guarda com emoção essa memória, mas avança em sua formação para o
sacerdócio. Em entrevista exclusiva ao portal
Arqfor, concedida ao Pe. Vanderlúcio Souza, responsável pelo
Serviço de Comunicação da Arquidiocese de Fortaleza, Nathan compartilhou detalhes
dessa jornada vocacional que começou com um gesto espontâneo e se transformou
em caminho de fé.
Nathan
ficou abraçado ao Papa Francisco por um tempo de dois minutos.
O Encontro que
Mudou Sua Vida
Nathan, hoje seminarista da Arquidiocese de Campo
Grande, no Mato Grosso do Sul, relembra com detalhes o dia em que sua história
se cruzou com a do Papa Francisco. A família, sem condições de se inscrever
oficialmente na JMJ, foi por conta própria, hospedando-se na casa
de uma amiga. A Providência Divina os levou até a Glória, bairro onde o
papamóvel passaria.
Nathan
disse ao Santo Padre que ele queria ser padre.
“Meu padrasto me colocou na grade, e eu pulei
quando o Papa chegou perto”, conta Nathan, sorrindo ao recordar. “O terceiro
segurança me pegou, mas o Papa me viu e me chamou. Fiquei dois minutos nos
seus braços. Disse a ele que queria ser padre, e ele me respondeu: ‘Ore
por mim, que eu oro por ti’.”
Aqueles minutos
foram como uma centelha divina. “Era um abraço de pai, de pastor. Senti o amor
de Deus através dele”, emociona-se.
Do Sonho à Vocação
A semente da vocação, porém, já estava plantada.
Desde pequeno, Nathan acompanhava a mãe às missas e nutria admiração pelas
coisas sagradas. Mas o encontro com Francisco foi como “jogar combustível em
uma fogueira já acesa”.
A imagem
de Nathan chorando após o abraço com o Paga comoveu o mundo em 2013.
Hoje, no segundo ano do discipulado no Seminário
Maior Regional Maria Mãe da Igreja, ele vive uma rotina de oração, estudos e
trabalho pastoral na Paróquia São Francisco de Sales. Ainda guarda como
relíquia uma réplica da cruz peitoral do Papa, enviada meses após o
encontro, junto com cartas afetuosas nas quais Francisco prometia rezar por
ele.
A Dor da Despedida
e a Esperança da Eternidade
A notícia da morte do Papa, em abril de
2025, chegou por um telefonema da mãe.
“Foi como perder
alguém da família”, confessa. “Mas sei que ele está no Céu, intercedendo por
nós.”
Para quem chora a partida de Francisco, Nathan
deixa um conselho: “Vivam este luto como a despedida de um pastor
fraterno, mas com a esperança de um ‘até breve’ no Reino dos
Céus”.
E aos jovens que discernem a vocação, ele diz,
ecoando as palavras do Papa que um dia abraçou: “Não tenham medo de
serem generosos. Deus nos envia a missão e a cruz, mas também nos dá cirineus
para ajudar a carregá-la.”
Uma História
Guardada no Coração
Além das cartas trocadas com o Santo Padre ao longo
dos anos, Nathan teve sua história registrada em um documentário encomendado
pelo próprio Papa. Pouco depois da JMJ, o jornalista vaticanista Andrea
Tornielli o procurou para gravar um depoimento que faria parte de um filme
reservado a Francisco. Esses registros, assim como as palavras trocadas entre
eles, tornam-se agora uma herança espiritual – a prova de que
um simples abraço pode ser o início de uma missão.
Nathan, o menino que emocionou o mundo, hoje é um
jovem que carrega no coração o mesmo fogo missionário do Papa Francisco. E,
assim como naquele dia em Copacabana, continua sua caminhada — agora não mais
correndo para um abraço, mas seguindo os passos daquele que
lhe mostrou o rosto paterno de Deus.

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