Permanecer no Senhor significa crescer no relacionamento com Ele, dialogar com Ele, acolher sua Palavra, segui-lo no caminho para o Reino de Deus. Portanto, trata-se colocar-nos a caminho atrás d’Ele, de nos deixarmos provocar por seu Evangelho e de nos tornarmos testemunhas de seu amor: disse o Papa Francisco em seu último compromisso em terras venezianas, este domingo, 28 de abril, na Missa celebrada na Praça São Marcos
Raimundo de
Lima – Vatican News
A fé em
Jesus, o vínculo com Ele, não aprisiona nossa liberdade, mas, ao contrário, nos
abre para receber a seiva do amor de Deus, que multiplica nossa alegria, cuida
de nós com o cuidado de um bom vinhateiro e faz nascer brotos mesmo quando o
solo de nossa vida se torna árido. Foi o que disse o Santo Padre na celebração
da Eucaristia – centro e ápice da vida cristã –, ponto alto de sua visita
pastoral a Veneza, este domingo, 28 de abril, numa Praça São Marcos repleta de
fiéis e peregrinos, cerca de 10.500, de Veneza e das dioceses do Vêneto, norte
da Itália.
Somente
aquele que permanece unido a Jesus dá frutos. Em sua homilia, Francisco
deteve-se sobre o Evangelho deste V Domingo do Tempo Pascal, que nos traz a
parábola da videira.
Eu sou a
videira e vós sois os ramos
Jesus é a
videira, nós somos os ramos. E Deus, o Pai misericordioso e bom, como um
agricultor paciente, trabalha conosco com cuidado para que nossa vida seja
repleta de frutos. É por isso que Jesus recomenda que conservemos a dádiva
inestimável que é o vínculo com Ele, do qual dependem nossa vida e fecundidade.
Assim, a
metáfora da videira, ao mesmo tempo em que expressa o cuidado amoroso de Deus
por nós, por outro lado nos adverte, pois se rompermos esse vínculo com o
Senhor, não poderemos gerar frutos de boa vida e nós mesmos corremos o risco de
nos tornarmos ramos secos, que serão jogados fora.
Tendo como
pano de fundo a imagem usada por Jesus, continuou o Pontífice, penso também na
longa história que liga Veneza ao trabalho das videiras e à produção de vinho,
no cuidado de tantos viticultores e nos numerosos vinhedos que surgiram nas
ilhas da Lagoa e nos jardins entre as calas da cidade, e naqueles que engajaram
os monges na produção de vinho para suas comunidades.
Isso é o
que conta, permanecer no Senhor, habitar n’Ele
Mas a
metáfora que saiu do coração de Jesus também pode ser lida ao pensarmos nessa
cidade construída sobre a água e reconhecida por essa singularidade como um dos
lugares mais evocativos do mundo. Veneza é uma só com as águas sobre as quais
está situada e, sem o cuidado e a proteção desse ambiente natural, poderia até
deixar de existir. Assim também é nossa vida: nós também, imersos para sempre
nas fontes do amor de Deus, fomos regenerados no Batismo, renascemos para uma
nova vida pela água e pelo Espírito Santo e fomos inseridos em Cristo como
ramos na videira. Em nós flui a seiva desse amor, sem o qual nos tornamos ramos
secos que não dão frutos.
Francisco
deteve-se sobre uma das palavras-chave dadas por Jesus aos seus apóstolos antes
de concluir sua missão terrena: trata-se da palavra “permanecei”, exortando os
apóstolos a manter vivo o vínculo com Ele, a permanecer unidos a Ele como os
ramos à videira.
Irmãos e
irmãs, isso é o que conta: permanecer no Senhor, habitar n’Ele. E esse verbo -
permanecer - não deve ser interpretado como algo estático, como se quisesse nos
dizer para ficarmos parados, estacionados na passividade; na realidade, ele nos
convida a nos colocarmos em movimento, porque permanecer no Senhor significa
crescer no relacionamento com Ele, dialogar com Ele, acolher sua Palavra,
segui-lo no caminho para o Reino de Deus. Portanto, trata-se colocar-nos a
caminho atrás d’Ele, de nos deixarmos provocar por seu Evangelho e de nos
tornarmos testemunhas de seu amor.
Produzir os
frutos do Evangelho em nossa realidade
E nós, cristãos,
disse Francisco, que somos ramos unidos à videira, a videira do Deus que cuida
da humanidade e criou o mundo como um jardim para que possamos florescer nele e
fazê-lo florescer, como respondemos?
Permanecendo
unidos a Cristo, seremos capazes de produzir os frutos do Evangelho na
realidade em que vivemos: frutos de justiça e paz, frutos de solidariedade e
cuidado mútuo; escolhas de cuidado com o meio ambiente, mas também com o
patrimônio humano: precisamos que nossas comunidades cristãs, nossos bairros,
nossas cidades se tornem lugares hospitaleiros, acolhedores e inclusivos. E
Veneza, que sempre foi um lugar de encontro e de intercâmbio cultural, é
chamada a ser um sinal de beleza acessível a todos, a começar pelos últimos, um
sinal de fraternidade e de cuidado com a nossa casa comum. Veneza, terra
que faz irmãos. Obrigado!
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