Neste III Dia Mundial dos Avós e
dos Idosos, Francisco faz um forte apelo para vigilarmos o nosso dia a dia, em
casa e no trabalho, para “não marginalizar os mais velhos. Estejamos atentos
para que as nossas cidades superlotadas não se tornem 'concentrados de
solidão'”. Através das três parábolas do Evangelho deste domingo (23), o Papa
exorta a dar prioridade na nossa agenda aos avós: “por favor, misturemo-nos,
cresçamos juntos”, jovens e idosos, “o Senhor abençoará o nosso caminho."
Andressa
Collet - Vatican News
Uma
Basílica de São Pedro repleta de fiéis, cerca de 8 mil segundo a Gerdarmaria
Vaticana, para honrar "o tempo abençoado da velhice", como o próprio
Papa Francisco enalteceu em homilia. Neste III Dia Mundial dos Avós e dos
Idosos, o Pontífice refletiu as três parábolas do Evangelho do dia (cf. Mt
13,24-43) a partir de um aspecto em comum entre elas, ou seja, o "crescer
juntos".
O bem e o mal devem crescer juntos
Na primeira
história simples sobre o trigo e o joio que crescem juntos no campo, que chega
logo "ao coração de quem escuta", como se fosse aquela conversa cheia
de imagens que os avós usam com sabedoria com os netos, o Papa procurou
descrever a história da humanidade. Afinal, disse ele, na vida de cada
pessoa coexistem o bem e o mal, tanto fora como dentro da gente:
"Animado
pela esperança de Deus, o cristão não é um pessimista nem um ingênuo que vive
no mundo das fábulas, finge não ver o mal e diz que 'tudo corre bem'. Não, o
cristão é realista: sabe que no mundo há trigo e joio e, ao olhar para dentro
de si, reconhece que o mal não vem só 'de fora' nem é sempre culpa dos outros,
e não é preciso 'inventar' inimigos para combater, a fim de evitar que se faça
luz no seu interior."
Mas a
parábola nos coloca um questionamento, advertiu o Papa: quando o bem e o mal
convivem, o que devemos fazer? Certamente não ser impulsivos, como
os servos que queriam arrancar o joio (cf. 13, 28), tirando o mal para
salvar a pureza da sociedade e da própria Igreja. Desse modo, "junto com o
joio, arranca-se também o bom grão", e Jesus nos pede ao contrário, para
fazer crescê-los juntos até a colheita, "acolhendo o mistério da vida com
serenidade e paciência", como um chamado para fazermos igual com os idosos
e avós:
"Como
é belo este olhar de Deus, esta sua pedagogia misericordiosa, que nos convida a
ter paciência com os outros, a acolher – em família, na Igreja e na sociedade –
fragilidades, atrasos e limites: não para nos habituarmos resignadamente a eles
nem para os justificar, mas para aprendermos a intervir com respeito,
continuando a cuidar do bom grão com mansidão e paciência."
O ninho dos avós que abraça filhos e netos
Ao abordar
a segunda parábola, do minúsculo grão de mostarda que ao crescer torna-se uma
árvore frondosa, o Papa novamente recorda dos idosos: vieram ao mundo
pequeninos como uma pequena semente que, "alimentando-se
de esperanças e realizando projetos e sonhos", tornou uma árvore
"que não vive para si mesma, mas para dar sombra a quem a deseja e
dar espaço a quem quer construir o ninho".
"Penso
nos avós: como são belas estas árvores frondosas, sob as quais filhos e netos
constroem os seus 'ninhos', aprendem o clima de casa e experimentam a ternura
de um abraço. Trata-se de crescer juntos: a árvore verdejante e os pequeninos
que precisam do ninho, os avós com os filhos e os netos; os idosos com os mais
jovens. Precisamos de uma nova aliança entre jovens e idosos, para que a seiva
de quem tem uma longa experiência de vida umedeça os rebentos de esperança de
quem está a crescer. Neste fecundo intercâmbio, aprendemos a beleza da vida,
construímos uma sociedade fraterna e, na Igreja, permitimos o encontro e o
diálogo entre a tradição e as novidades do Espírito."
Não marginalizar os mais velhos
Finalmente
o Papa trouxe para reflexão a terceira parábola, na qual os que crescem juntos
são o fermento e a farinha (cf. Mt 13, 33). "Essa mistura faz crescer toda
a massa. Jesus usa precisamente o verbo 'misturar'", disse Francisco, ao
sugerir a arte de viver juntos e de «sair de si mesmo para se unir aos outros»
(FRANCISCO, Exort. ap. Evangelii gaudium, 87), vencendo "os
individualismos e os egoísmos e ajudando-nos a gerar um mundo mais humano e
fraterno":
“Assim hoje a Palavra de Deus é
um apelo a vigilar para que, nas nossas vidas e famílias, não marginalizemos os
mais velhos. Estejamos atentos para que as nossas cidades superlotadas não se
tornem 'concentrados de solidão'. [...] Por favor, misturemo-nos, cresçamos
juntos.”
"Irmãos, irmãs, a Palavra
de Deus convida a não separarmos, a não nos fecharmos, a não pensarmos que é
possível fazer tudo sozinhos, mas a crescer juntos. Ouçamo-nos, conversemos,
apoiemo-nos uns aos outros. Não esqueçamos os avós e os idosos: graças às suas
carícias muitas vezes nos levantamos, retomamos o caminho, sentimo-nos amados,
fomos curados interiormente. Sacrificaram-se por nós e nós não podemos
apagá-los de entre as prioridades da nossa agenda. Cresçamos juntos, avancemos
em conjunto: o Senhor abençoará o nosso caminho."
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