O
bispo de Matagalpa foi condenado por um tribunal nicaraguense depois de se
recusar a deixar o país junto com outros sacerdotes e opositores políticos
Andrea
De Angelis – Vatican News
Recusou-se a deixar a Nicarágua para ir para o exílio nos EUA.
Por isso, um tribunal nicaraguense condenou o bispo nicaraguense de Matagalpa e
administrador apostólico da Diocese de Estelí, dom Rolando José Álvarez Lagos,
a 26 anos de prisão, no dia seguinte à sua recusa em embarcar num avião junto
com 222 outras pessoas, padres, seminaristas, opositores políticos ou simples
críticos do regime. Uma sentença lida por um juiz da Corte de apelação definiu
dom Álvarez, 56 anos, "um traidor da pátria", condenando-o a
permanecer na prisão até 2049.
O cardeal Jean-Claude Hollerich denunciou a falsidade das acusações em uma carta datada de 6 de fevereiro e dirigida a dom Carlos Enrique Herrera Gutiérrez, presidente da Conferência Episcopal Nicaraguense. Na missiva, o cardeal, em sua qualidade de presidente da Comece, a Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia, tomou uma posição sobre a situação na Nicarágua, expressando a solidariedade dos bispos da União Europeia para com a Igreja católica no país centro-americano "que enfrenta um profundo sofrimento como resultado da perseguição do Estado". Hollerich denunciou o agravamento da situação com eventos recentes como "o fechamento de estações de rádio católicas, a obstrução do acesso às igrejas pela polícia e outros atos graves que perturbam a liberdade religiosa e a ordem social".
Da
prisão domiciliar ao cárcere
Dom
Álvarez é o primeiro bispo a ser preso e condenado desde que o presidente
Daniel Ortega voltou ao poder na Nicarágua, em 2007. Ele havia sido levado do
palácio episcopal em Matagalpa na madrugada de 19 de agosto por policiais,
juntamente com padres, seminaristas e leigos, após ter sido detido à força
durante 15 dias na Cúria sob a acusação de tentar "organizar grupos
violentos" com o "objetivo de desestabilizar o Estado nicaraguense e
atacar as autoridades constitucionais". O bispo foi depois transferido
para sua residência particular em Manágua sob prisão domiciliar, mas agora foi
transferido para uma prisão de segurança máxima.
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