Carlos, da ilustre família Borromeu, nasceu em 2 de outubro de 1538, em Arona (Itália). Menino ainda, revelou ótimo talento e uma inteligência rara. Ao lado dessas qualidades, manifestou forte inclinação para a vida religiosa, pela piedade e o temor a Deus. Ainda criança, era seu prazer construir altares minúsculos, diante dos quais, em presença dos irmãos e companheiros de idade, imitava as funções sacerdotais que tinha observado na Igreja. O amor à oração e o aborrecimento aos divertimentos profanos, eram os sinais mais positivos da vocação sacerdotal.
O ano de 1562 veio a Carlos com a graça
do sacerdócio. No silêncio da meditação, lançou Carlos planos grandiosos para a
reorganização da Igreja Católica. Esses todos se concentraram na ideia de
concluir o Concílio de Trento. De fato, era o que a Igreja mais necessitava,
como base e fundamento da renovação e consolidação da vida religiosa. Carlos,
sem cessar, chamava a atenção do seu tio (que era Cardeal e foi eleito Papa,
com o nome de Pio IV) para essa necessidade, reclamada por todos os amigos da
Igreja. De fato, o Concílio se realizou, e Carlos quis ser o primeiro a
executar as ordens da nova lei, ainda que, por essa obediência, tivesse de
deixar sua posição para ocupar outra inferior.
Carlos sabia muito bem que a caridade
abre os corações também à religião. Por isso, grande parte de sua receita
pertencia aos pobres, reservando para si só o indispensável. Heranças ou
rendimentos que lhe vinham dos bens de família, distribuía-os entre os
desvalidos. Tudo isso não aguenta comparação com as obras de caridade que o
Arcebispo praticou. Quando, em 1569-1570, a fome e uma epidemia, semelhante à
peste, invadiram a cidade de Milão, não tendo mais o que dar, pedia ele próprio
esmolas para os pobres e abria assim fontes de auxílio que teriam ficado
fechadas.
Quando, porém, em 1576, a cidade foi
atingida pela peste e o povo abandonado pelos poderes públicos, visto que
ninguém se compadecia do povo, ainda procurava os pobres doentes dos quais
ninguém lembrava, consolava-os e dava-lhes os santos sacramentos. Tendo-se
esgotado todas as fontes de recurso, Carlos lançou mão de tudo o que possuía
para amenizar a triste sorte dos doentes. Mais de cem sacerdotes tinham pago
com a vida, na sua dedicação e serviço aos doentes. Deus conservava a vida do
Arcebispo e esse se aproveitou da ocasião para dizer duras verdades aos ímpios
e ricos esquecidos de Deus.
Gregório XIII não só rejeitou as
acusações infundados feitas ao Arcebispo, como também recebeu Carlos Borromeu
em Roma, com as mais altas distinções. Em resposta a esse gesto do Papa, o
governador de Milão organizou, no primeiro domingo da Quaresma de 1579, um
indigno préstito carnavalesco pelas ruas de Milão, precisamente à hora da missa
celebrada pelo Arcebispo. O mesmo governador, que tanta guerra ao Prelado
movera e tantas hostilidades contra São Carlos estimulara, no leito de morte,
reconheceu o erro e teve o consolo da assistência do santo Bispo na hora da
agonia. Seu sucessor, Carlos de Aragão, duque de Terra Nova, viveu sempre em
paz com a autoridade eclesiástica. O Arcebispo gozou desse período só dois
anos.
Quando, em outubro de 1584, como era de
costume, retirara-se para fazer os exercícios espirituais, teve fortes acessos
de febre, aos quais não deu importância e dizia: “Um bom pastor de almas deve
saber suportar três febres, antes de se meter na cama”. Os acessos renovaram-se
e consumiram as forças do Arcebispo. Ao receber os santos sacramentos, expirou
aos 03 de novembro de 1584. Suas últimas palavras foram: “Eis Senhor, eu
venho, vou já”. São Carlos Borromeu tinha alcançado a idade de 46 anos.
Foi beatificado em 1602, por Clemente
VIII e, depois, canonizado em 1610, por Paulo V, que fixou a festa
do santo para o dia 4 de novembro. A grande influência de São Carlos Borromeu
pelo que realizou em Milão serviu de exemplo para que a reforma da Igreja
acontecesse em muitos outros países, no espírito do Concílio de Trento.
São Carlos Borromeu, rogai por nós!
Fonte: Canção Nova Notícias
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