Francisco
recordou o campeonato mundial do Catar na Audiência Geral. Saudou jogadores e
torcedores, mas sobretudo expressou o desejo que o evento seja "uma
ocasião de encontro e harmonia entre as nações" e pediu orações pela paz
no mundo e o fim das guerras. O administrador apostólico do Norte da Arábia,
dom Paul Hinder, também expressou a esperança de um momento de festa,
intercâmbio e respeito ao outro.
Andressa Collet - Vatican News
O Papa
Francisco voltou a incentivar o uso do esporte como instrumento de paz. Ao
final da Audiência Geral desta quarta-feira (23), o Pontífice recordou os jogos
da Copa do Mundo que começaram no domingo (20), no Catar:
“Gostaria de enviar a minha
saudação aos jogadores, aos torcedores e aos espectadores que acompanham, de
vários continentes, a Copa do Mundo, que está sendo disputada no Catar. Que
este importante evento seja uma ocasião de encontro e de harmonia entre as
Nações, promovendo a fraternidade e a paz entre os Povos. Oremos pela paz no
mundo e pelo fim de todos os conflitos, com um pensamento especial pelos
sofrimentos terríveis do querido e martirizado povo ucraniano.”
O esporte pode gerar "sementes de paz, capazes de mudar o mundo", também enfatizou o Papa no último dia 14 de novembro ao receber em audiência, no Vaticano, um grupo formado por cerca de 200 jogadores de futebol - entre eles, o brasileiro Ronaldinho -, familiares e amigos. Em Roma, justamente para participar da Partida pela Paz no Estádio Olímpico, Francisco agradeceu pelo testemunho em dizer "queremos paz, em um mundo que sempre busca guerras e destruição".
O próprio
administrador apostólico do Norte da Arábia, que reúne justamente o Catar,
Kuwait, Arábia Saudita e Bahrein, dom Paul Hinder, em declaração à agência
católica de notícias SIR, expressou a esperança de que a Copa do Mundo
"seja um momento de festa e intercâmbio, de respeito ao outro" e,
portanto, também pediu aos torcedores "que respeitem à cultura
local". Durante os jogos, disse ele, "a Igreja de Nossa Senhora
do Rosário, em Doha, a primeira igreja construída no Catar que pode abrigar
mais de 2 mil pessoas, a maior do Golfo, vai permanecer aberta para permitir
que aos torcedores um momento de oração e meditação".
As
controvérsias da Copa do Mundo no Catar
Com uma
cerimônia de abertura com abordagem de temas sociais, "interligando
diferenças através da humanidade, do respeito e da inclusão", informou a
Fifa, a Copa do Mundo, porém, vem acumulando controvérsias e gerando debate
desde que o país foi escolhido como sede, ainda em 2010.
Sobre as
polêmicas em torno da decisão de atribuir esta edição do campeonato ao Catar,
em relação ao respeito aos direitos humanos e à exploração dos trabalhadores
estrangeiros, muitos dos quais que perderam a vida trabalhando na construção
dos estádios, dom Hinder afirmou:
"Acredito que
eventos como este, da Copa do Mundo, não são mais sustentáveis para o futuro. A
própria decisão de confiar a Copa do Mundo ao Catar foi, tanto quanto se pode
saber, problemática. Devo dizer também que o país fez enormes progressos na
área do respeito aos direitos. Somente 25 anos atrás, no Catar, não tínhamos
uma igreja e havia aqueles que atiravam pedras e outras coisas aos cristãos que
se reuniam para rezar e celebrar os Sacramentos. Hoje, isso não acontece mais,
também graças à ação do governo. Isto não diminui o fato de que ainda há
progressos a serem feitos na questão dos direitos humanos, sociais e normas
trabalhistas."
O
protesto da equipe do Irã
A equipe
do Irã, adversária da Inglaterra na sua primeira partida, não cantou o hino
nacional, em solidariedade às manifestações no país que nasceram com a morte de
Mahsa Amini, de 22 anos, assassinada após ser presa em 16 de setembro por não
usar de maneira correta o véu islâmico. O capitão da equipe, Ehsan Haisafi,
enviou condolências a quem perdeu a vida nas manifestações e afirmou que os
jogadores participam da Copa, "mas isso não significa que não devemos ser
a voz deles", desejando uma mudança no Irã, "de acordo com as
expectativas do povo". Nas arquibancadas, podia se ver cartazes com as
expressões: "Freedom for Iran" e "Woman Life Freedom".
Já o
Brasil, em busca do hexacampeonato mundial, joga nesta quinta-feira (24) a
primeira partida na Copa. A estreia da seleção brasileira acontece às 16h,
horário de Brasília, contra a Sérvia, no estádio Lusail.
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