O PAPA: DOM DO ESPÍRITO SANTO PRESENÇA REGENERADORA DE DEUS
“A água viva que fala Jesus;
é a fonte de vida nova que Ele nos promete: o dom do Espírito Santo, a presença
terna, amorosa e regeneradora de Deus em nós”. Palavras do Papa Francisco no
encontro com os bispos, sacerdotes, consagrados, seminaristas e agentes
pastorais na igreja do Sagrado Coração em Manama neste domingo (06/11)
Jane Nogara - Vatican News
No
seu último dia de viagem, (06/11) o Papa Francisco iniciou a sua jornada com um
encontro com os bispos, sacerdotes, consagrados, seminaristas e agentes
pastorais na igreja do Sagrado Coração em Manama, a capital do Bahrein. O Papa
iniciou o encontro manifestando sua satisfação por se encontrar “nesta
comunidade cristã que manifesta claramente o seu rosto ‘católico’, isto é,
universal: uma Igreja habitada por pessoas provenientes de muitas partes do
mundo, que se reúnem para confessar a única fé em Cristo”. E continuou
afirmando que “é bom pertencer a uma Igreja formada por histórias e rostos
diferentes, que encontram harmonia no único rosto de Jesus. E tal variedade –
vi-o nos últimos dias – é o espelho deste país, das pessoas que o povoam mas
também da paisagem que o carateriza e que, embora dominada pelo deserto, goza
duma rica e variegada presença de plantas e seres vivos”.
Água viva
Ao
falar sobre as Leituras disse que as palavras de Jesus, falam da água viva que
jorra de Cristo e dos crentes (cf. Jo 7, 37-39). Francisco disse que isso o fez
lembrar desta terra, o Bahrein. “É verdade”, disse, “que há muito deserto, mas
existem também fontes de água doce que correm silenciosamente no subsolo,
irrigando-o. É uma boa imagem do que vós sois e sobretudo daquilo que a fé
realiza na vida: à superfície emerge a nossa humanidade, ressequida por tantas
fragilidades, medos, desafios” que deve enfrentar, males pessoais e sociais de
vário gênero; “mas no mais fundo da alma”, afirmou, “no íntimo do coração,
corre calma e silenciosa a água doce do Espírito, que irriga os nossos
desertos, restitui vigor ao que corre o risco de secar, lava aquilo que nos
embrutece, sacia a nossa sede de felicidade. E não cessa de renovar a vida”.
“É
desta água viva que fala Jesus; esta é a fonte de vida nova que Ele nos
promete: o dom do Espírito Santo, a presença terna, amorosa e regeneradora de
Deus em nós”
E
disse a todos para recordarem sempre que “a Igreja nasce do lado aberto de
Cristo, de um banho de regeneração no Espírito Santo. Não somos cristãos por
mérito nosso ou apenas porque aderimos a um credo, mas porque, no Batismo, nos
foi dada a água viva do Espírito, que nos torna filhos amados de Deus e irmãos
uns dos outros, fazendo-nos novas criaturas”. Em seguida Francisco disse
que iria se deter brevemente sobre três grandes dons que o Espírito Santo nos
entrega, pedindo para os acolhermos e vivermos: a alegria, a unidade,
a profecia.
Espírito Santo fonte de alegria
“Antes
de mais nada”, disse, “o Espírito é fonte de alegria. A água
doce que o Senhor quer fazer correr nos desertos da nossa humanidade, feita de
terra e fragilidade, é a certeza de nunca estarmos sozinhos no caminho da
vida”. Completando que “a alegria do Espírito não é um estado ocasional nem uma
emoção do momento; e muito menos aquela espécie de ‘alegria consumista e
individualista tão presente nalgumas experiências culturais de hoje’”. Pelo
contrário, disse, “é a alegria que nasce da relação com Deus, de saber que,
mesmo nas dificuldades e noites obscuras que por vezes atravessamos, não
estamos sozinhos, perdidos ou derrotados, porque Ele está conosco. E, com Ele,
podemos enfrentar e superar tudo, até os abismos do sofrimento e da
morte".
“A
vós, que descobristes esta alegria e a viveis em comunidade, gostaria de dizer:
conservai-a; mais ainda, multiplicai-a”
Concluindo
este ponto acrescentou ainda que “é importante fazer circular a alegria do
Evangelho não só na Liturgia, em particular na celebração da Missa, fonte e
ápice da vida cristã, mas também numa ação pastoral vivaz, especialmente a
favor dos jovens, das famílias e das vocações para a vida sacerdotal e
religiosa. A alegria cristã não a podemos guardar para nós mesmos e, quando a
colocamos em circulação, multiplica-se", animou o Papa.
Espírito Santo fonte
de unidade
Ao
falar sobre o segundo dom que o Espírito Santo nos entrega, que é a fonte
de unidade, o Papa disse que “todos aqueles que O acolhem, recebem o amor
do Pai e tornam-se seus filhos. “O seu fogo”, explicou, “queima os desejos
mundanos e incendeia a nossa vida com aquele amor acolhedor e compassivo com
que Jesus nos ama, para podermos, por nossa vez, amar-nos assim entre nós".
“Por
isso, quando o Espírito do Ressuscitado desce sobre os discípulos, torna-se
fonte de unidade e fraternidade contra todo o egoísmo”
Aprofundando
este tema Francisco acrescentou ainda que assim, o Espírito Santo molda a
Igreja desde as suas origens. “A partir de Pentecostes, as diferentes
proveniências, sensibilidades e perspetivas são harmonizadas na comunhão,
forjadas numa unidade que não é uniformidade. Se recebemos o Espírito, a nossa
vocação eclesial é, antes de mais nada, a de guardar a unidade e promover o
todo”. Recordando o testemunho de um jovem que disse ter ficado fascinado pela
Igreja Católica por causa da ‘a devoção comum de todos os fiéis’,
independentemente da cor da pele, da proveniência geográfica, da língua, o Papa
destacou que “esta é a força da comunidade cristã, o primeiro testemunho que
podemos dar ao mundo”.
“Procuremos
ser guardiões e construtores de unidade! Para ser credíveis no diálogo com os
outros, vivamos a fraternidade e a comunhão entre nós”
Dirigindo
ainda aos presentes disse: “Sei que já dais um bom exemplo neste caminho, mas a
fraternidade e a comunhão são dons que não nos devemos cansar de pedir ao Espírito,
para repelir as tentações do inimigo que não cessa de semear cizânia”.
Espírito fonte de profecia
Por
fim o Papa falou sobre o Espírito como fonte de profecia. “Como
sabemos, a história da salvação está constelada por numerosos profetas que Deus
chama, consagra e envia ao meio do povo para falar em nome d’Ele. Os profetas
recebem do Espírito Santo a luz interior que os torna intérpretes atentos da
realidade, capazes de captar, nas tramas por vezes obscuras da história, a
presença de Deus e de a indicar ao povo”. E Francisco esclareceu a todos que
“também nós temos esta vocação profética”.
“Todos
os batizados receberam o Espírito e são profetas. E, como tal, não podemos
fingir que não vemos as obras do mal, deixar-nos estar tranquilos na vida para
não sujarmos as mãos”
“Pelo
contrário, recebemos um Espírito de profecia para trazer à luz o Evangelho com
o nosso testemunho de vida”. E concluiu dizendo que a profecia “torna-nos
capazes de praticar as Bem-aventuranças evangélicas nas situações quotidianas,
isto é, construir com firme mansidão aquele Reino de Deus onde o amor, a
justiça e a paz se opõem a toda a forma de egoísmo, violência e degradação”.
Rezar
pela Etiópia e Ucrânia
“Queridos
irmãos e irmãs, nestes meses estamos rezando muito pela paz. Neste contexto, o
acordo assinado e que diz respeito à situação na Etiópia é uma esperança.
Encorajo a todos a manter este compromisso com a paz duradoura, para que, com a
ajuda de Deus, se continue a trilhar os caminhos do diálogo e o povo possa em
breve reencontrar uma vida serena e digna. E também não quero esquecer de rezar
e dizer a vocês para rezar pela Ucrânia martirizada, para que essa guerra
termine.”
Francisco
concluiu seu discurso com agradecimentos por ser a última ocasião nesta viagem
apostólica: “Gostaria enfim de vos dizer ‘obrigado’ por estes dias que vivemos
juntos. Com ânimo repleto de gratidão, abençoo a todos vós, especialmente a
quantos trabalharam para esta viagem. E, uma vez que serão estas as últimas
palavras públicas que pronuncio, permiti-me agradecer a Sua Majestade o Rei e
às Autoridades deste país a requintada hospitalidade. Encorajo-vos a continuar,
com constância e alegria, o vosso caminho espiritual e eclesial”.
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