O arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer divulgou uma nota, como também a CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sobre a conclusão das eleições, e fez uma nota recordando que o exercício da cidadania não se esgota com o fim do processo eleitoral.
Silvonei José – Vatican News
O Brasil teve um evento histórico no final de
semana, eleição do novo presidente, mas também a eleição em segundo turno de
alguns governadores. Enfim temos um novo presidente no Brasil que tomará posse
no dia primeiro de janeiro, o presidente Lula que volta ao cargo,
O
arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer divulgou uma nota, como
também a CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil fez uma nota
recordando que o exercício da cidadania não se esgota com o fim do
processo eleitoral.
Dom Odilo falando com a Rádio Vaticano – Vatican News disse que
de fato fez uma breve nota de congratulações como os eleitos e de augúrios e
desejo que eles possam desempenhar bem o seu mandato em favor do povo. A essas
alturas respeitando o processo democrático.
“Tem que se
reconhecer, que quem foi eleito deve governar, e governar bem. E quem não foi
eleito vai para a oposição e deve desempenhar o seu papel na oposição,
fiscalizando, controlando o governo, não permitindo que se produzam deslizes
antidemocráticos ou de corrupção, ou desvios em relação à convivência
democrática. Então, a essas alturas superado o processo eleitoral, que de fato
foi muito polarizado, não foi fácil, e talvez deixou feridas, daqui para frente
temos que olhar esta nova etapa que temos pela frente. Eu espero que o Brasil
possa agora entrar no processo de pacificação, de maior colaboração, e de
realização das propostas importantes que estiverem em jogo nas propostas da
campanha eleitoral. Que isso não tenha sido uma mentira, que não tenha sido
para falsificar o processo eleitoral, mas que seja verdadeiro. O povo deu um
aval a uma proposta, mas tem que se reconhecer que é um aval que teve uma pequena
margem de vantagem, mas alguém ganhou. E quem ganhou dever governar, seja em
nível estadual como em nível federal. E o processo democrático prevê isso, a
participação não apenas no momento da eleição, que foi importante, mas agora no
pós-eleitoral, que é a fiscalização de quem governa e naturalmente a
colaboração naquilo que for possível, como sociedade e instituição. Também a
Igreja deve colaborar naquilo que é possível em projetos específicos”.
P. Qual é o papel
então da igreja agora que se passaram as eleições?
“Bem, a Igreja
continuará a desempenhar o seu papel. A igreja não ganhou e não perdeu.
Lamentavelmente talvez algumas feridas e rachaduras permanecem depois do
processo eleitoral, porque a polarização entrou também nos âmbitos da Igreja no
meio das comunidades, no meio do povo e talvez até no meio do clero. Agora, o
passo seguinte é sem dúvida trabalhar para reconstruir, onde isso foi perdido,
a comunhão eclesial, em torno daquilo que realmente está na base da Igreja. Na
base da Igreja, não está um partido, não está uma opção lógica. Na base da
Igreja não está opção de um governo, na base da Igreja está o Evangelho. Em
torno de Jesus Cristo, do Evangelho, devemos estar juntos apesar das visões
políticas diferentes, que, eventualmente são legítimas. É claro, opções
políticas que contrariem os princípios do Evangelho nós não podemos apoiar.
Porém, existem visões diferentes sobre como resolver os problemas da economia,
da ecologia, da educação, de promover a cultura. São visões pluralistas que perfeitamente
podem conviver e inclusive se enriquecer reciprocamente. Então, creio que o
papel da Igreja primeiramente é zelar pela unidade interna e continuar a fazer
o seu papel propositivo também relação à sociedade mais amplamente para que
também na grande sociedade plural se encontrem as vias diálogo, do respeito da
valorização, dos princípios básicos que devem orientar a convivência”.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-11/cardeal-scherer-igreja-partido-eleicoes.html
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