Francisco,
preocupado com a ameaça nuclear e a escalada militar do conflito na Ucrânia,
dedica todo o Angelus a um forte apelo por um cessar-fogo. Lamenta as
anexações, recomenda o respeito à integridade territorial de cada país e aos
direitos das minorias. A dor pelas milhares de vítimas, "particularmente
entre as crianças".
Vatican News
Confira a tradução de trabalho da íntegra do apelo
do Papa Francisco a Putin e a Zelenski pelo fim da guerra:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O andamento da guerra na Ucrânia se tornou tão
sério, devastador e ameaçador, a ponto de causar grande preocupação. Por isso,
hoje eu gostaria de dedicar toda a reflexão a vocês antes do Angelus. De fato,
esta terrível e inconcebível ferida da humanidade, em vez de sarar, continua sangrando
cada vez mais, correndo o risco de se espalhar.
Me afligem profundamente os rios de sangue e de
lágrimas derramados nestes meses. Me entristecem as milhares de vítimas,
particularmente entre crianças, e as muitas destruições, que deixaram muitas pessoas
e famílias sem casa e ameaçam com o frio e a fome vastos territórios. Certas
ações jamais podem ser justificadas! É angustiante que o mundo esteja
aprendendo a geografia da Ucrânia através de nomes como Bucha, Irpin, Mariupol,
Izium, Zaporizhzhia e outras localidades, que se tornaram lugares de sofrimento
e medo indescritíveis. E o que dizer do fato de que a humanidade se encontra
novamente diante da ameaça atômica? É um absurdo.
O que ainda deve acontecer? Quanto sangue ainda
deve correr para que possamos entender que a guerra nunca é uma solução, mas só
destruição? Em nome de Deus e em nome do senso de humanidade que habita em cada
coração, renovo o meu apelo para que se alcance um cessar-fogo imediato. Que as
armas se calem e se busquem as condições para iniciar negociações capazes de
conduzir a soluções que não sejam impostas pela força, mas acordadas, justas e
estáveis. E assim serão se estiverem baseadas no respeito do valor sacrossanto
da vida humana, bem como da soberania e da integridade territorial de cada
país, assim como dos direitos das minorias e das preocupações legítimas.
Lamento profundamente a grave situação criada nos
últimos dias, com novas ações contrárias aos princípios do direito
internacional. Isso, de fato, aumenta o risco de uma escalada nuclear ao ponto
de temer consequências incontroláveis e catastróficas em nível mundial.
O meu apelo é dirigido, em primeiro lugar, ao
Presidente da Federação Russa, suplicando-lhe de parar, também pelo amor do seu
povo, esta espiral de violência e de morte. Da outra parte, profundamente
entristecido com o imenso sofrimento do povo ucraniano após a agressão sofrida,
dirijo um apelo igualmente confiante ao Presidente da Ucrânia para ser aberto a
propostas sérias de paz. A todos os protagonistas da vida internacional e aos
líderes políticos das Nações, peço, com insistência, para fazer tudo o que
estiver ao seu alcance para pôr fim à guerra em curso, sem se deixar envolver
em escaladas perigosas, e a promover e apoiar iniciativas de diálogo. Por favor,
deixemos as jovens gerações respirar o ar saudável da paz, não aquele poluído
da guerra, que é uma loucura!
Após sete meses de hostilidades, sejam usados todos
os meios diplomáticos, mesmo aqueles que até agora eventualmente não foram
utilizados, para pôr um fim a esta terrível tragédia. A guerra em si é um erro
e um horror!
Confiemos na misericórdia de Deus, que pode mudar
os corações, e na intercessão materna da Rainha da Paz, no momento em que se
eleva a Súplica a Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, espiritualmente unidos
aos fiéis reunidos em seu Santuário e em tantas partes do mundo.
Papa
Francisco
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