Neste último dia do mês da Bíblia, celebramos a memória do
grande “tradutor e exegeta das Sagradas Escrituras”: São Jerônimo, presbítero e
doutor da Igreja. O nome Jerônimo quer dizer “nome sagrado”. Nasceu em
Dalmácia, em 342. Ficou conhecido como escritor, filósofo, teólogo, retórico,
gramático, dialético, historiador, exegeta e doutor da Igreja. É de São
Jerônimo a célebre frase: “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”.
Com posse da herança dos pais, foi realizar a sua vocação de
ardoroso estudioso em Roma. Estando na “Cidade Eterna”, Jerônimo aproveitou
para visitar as Catacumbas, onde contemplava as capelas e se esforçava para
decifrar os escritos nos túmulos dos mártires. Nessa cidade, ele teve um sonho
que foi determinante para sua conversão: ele se apresentava como cristão e era
repreendido pelo próprio Cristo por estar faltando com a verdade (pois ainda
não havia abraçado as Sagradas Escrituras, mas somente os escritos pagãos). No
fim da permanência em Roma, ele foi batizado.
Após isso, iniciou os estudos teológicos e decidiu lançar-se
numa peregrinação à Terra Santa, mas uma prolongada doença obrigou-o a
permanecer em Antioquia. Enfastiado do mundo e desejoso de quietude e
penitência, retirou-se para o deserto de Cálcida, com o propósito de seguir na
vida eremítica. Ordenado sacerdote em 379 d.C., São Jerônimo acompanhou o Bispo
Paulino a um concílio regional em Roma. Nesse tempo, foi apresentado ao Papa
Dâmaso como um exegeta e profundo conhecedor das línguas bíblicas. Por causa da
clareza de suas ideias e grande conhecimento, o Pontífice o escolheu para ser
seu secretário e, em 382 d.C., confiou-lhe a incumbência de revisar uma antiga
tradução dos quatro Evangelhos em latim. Ele concluiu esse trabalho antes da
morte do Papa Dâmaso (11 de dezembro de 384), e acrescentou também uma versão
dos Salmos, traduzida do texto grego, que ficou conhecida como Septuaginta.
Expulso de Roma, em 385, São Jerônimo se deslocou para Belém, na
Terra Santa, onde teve contato com a versão hebraica do Antigo Testamento,
especialmente com um livro que apresentava lado a lado, de forma comparativa,
os diferentes textos do Antigo Testamento nas línguas disponíveis naquele
tempo.
O santo e doutor da Igreja interessou-se pelo texto em hebraico
e iniciou uma nova revisão, de cunho pessoal, em sua tradução dos Salmos, por
meio da qual comparava o texto hebraico e grego, para depois escrevê-lo em
latim. Essa versão dos Salmos ficou conhecida como Galicana porque foi usada
amplamente na Igreja da França (Galia em latim).
Com
o sucesso dessa tradução, ele começou a traduzir todo o Antigo Testamento, mas,
a partir desse momento, não utilizava mais a versão grega, e sim a hebraica.
Esse enorme trabalho prolongou-se por 15 anos, do ano 390 a 405, incluindo uma
nova tradução dos Salmos feita somente do texto hebraico. Essa tradução do
Antigo Testamento foi chamada por São Jerônimo de iuxta hebraeos (que
significa “próximo aos hebreus” em português), a qual somada aos textos do Novo
Testamento, traduzidos para o latim, chamou-se Vulgata, isto é, em língua
vulgar ou comum.
Ela [Vulgata] era a única versão oficial da Bíblia usada na
Igreja até o ano 1530, quando, devido ao povo não mais falar latim, iniciou-se
o processo de tradução para as línguas modernas.
Durante a tradução, Jerônimo deparou-se com passagens difíceis
de serem compreendidas, por isso, logo após a conclusão desse trabalho,
dedicou-se a escrever prefácios e comentários para os livros da Sagrada
Escritura, além de responder às polêmicas teológicas existentes em seu tempo,
devido ao uso de textos mal traduzidos ou interpretações equivocadas.
No ano 419, esse grande santo da Igreja morreu e não chegou a
ver a Vulgata ser publicada. Esse fato só aconteceu quando foram reunidos todos
os textos e escritos que ele havia traduzido. É importante lembrar que a
Vulgata não foi imposta à Igreja, esse processo foi acontecendo à medida que se
reconhecia que o texto traduzido por Jerônimo era mais exato e claro do que
outras traduções livres disponíveis na época.
Progressivamente, a Vulgata foi recebendo pequenas correções,
por isso, hoje, esse nome pode designar diversas versões oficiais em latim.
Aquela que chamamos, hoje, de Vulgata foi publicada em 1592, pelo Papa Clemente
VIII. Por isso, também é conhecida como Vulgata Clementina.
A Igreja declarou-o padroeiro de todos os que se dedicam ao
estudo da Bíblia e fixou o “Dia da Bíblia”, no mês do seu aniversário de morte,
ou ainda, dia da posse da grande promessa bíblica: a Vida Eterna.
São Jerônimo, rogai por nós!
Fonte: Canção Nova Notícias
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