Diante das tantas crises, tragédias esquecidas e sofrimentos ao redor do mundo, em sua Mensagem de de Natal Francisco diz que "a esperança é mais forte, porque «um menino nasceu para nós»". Que a seu exemplo, aprendamos a escutar-nos e a dialogar, e a caminhar com Cristo pelas sendas da paz!
Jackson
Erpen – Cidade do Vaticano
“O Verbo fez-Se carne para
dialogar conosco. Deus não quer construir um monólogo, mas um diálogo. Pois o
próprio Deus, Pai e Filho e Espírito Santo, é diálogo, comunhão eterna e infinita
de amor e de vida.”
Diálogo é a palavra a partir da qual o Pontífice desenvolve sua
Mensagem de Natal dirigida à cidade e ao mundo, pronunciada da sacada central
da Basílica de São Pedro em um 25 de dezembro chuvoso, o que não impediu a
presença de milhares de peregrinos e turistas de várias partes do mundo na
Praça São Pedro, na observância das novas medidas, mais restritivas, para
conter a propagação da Covid-19.
Depois da Mensagem de Natal o Papa rezou o Angelus, seguido
pelo anúncio da concessão da Indulgência Plenária pelo cardeal protodiácono
Renato Raffaele Martino, que então passou novamente a palavra ao Santo Padre
para a Bênção, extensiva também a todos que acompanhavam pelos meios de
comunicação.
O sinal da transmissão estava disponível em seis satélites e a
Mensagem com a Bênção Urbi
et Orbi foi transmitida em Mundovisão por cerca de 170 redes de
televisão. A mídia vaticana também ofereceu serviço de tradução na língua dos
sinais (LIS). Já o Vatican News ofereceu transmissões em sete línguas:
português, espanhol, italiano, inglês, francês, alemão e árabe.
Diálogo, única solução para conflitos
“Quando veio ao mundo, na pessoa do Verbo encarnado, Deus
mostrou-nos o caminho do encontro e do diálogo” e “como seria o mundo sem o
diálogo paciente de tantas pessoas generosas, que mantiveram unidas famílias e
comunidades?”, pergunta o Papa, observando que a pandemia deixou isso muito
claro ao afetar as relações sociais, aumentar “a tendência para fechar-se,
arranjar-se sozinho, renunciar a sair, a encontrar-se, a fazer as coisas
juntos”. E a nível internacional, a complexidade da crise pode “induzir a optar
por atalhos”, mas só o diálogo conduz “à solução dos conflitos e a benefícios
partilhados e duradouros”.
As tragédias esquecidas
E ao lançar seu olhar para o panorama internacional, Francisco
observou que contemporaneamente ao “anúncio do nascimento do Salvador, fonte da
verdadeira paz, “vemos ainda tantos conflitos, crises e contradições. Parecem
não ter fim, e já quase não os notamos”.
“De tal maneira nos
habituamos, que há tragédias imensas das quais já nem se fala; corremos o risco
de não ouvir o grito de dor e desespero de tantos irmãos e irmãs nossos.”
Oriente Médio e Afeganistão
E dentre as tragédias esquecidas por todos, o sofrimento das
populações da Síria, Iraque, Iêmen, em particular das crianças. Mas também o
conflito entre israelenses e palestinos, “com consequências sociais e políticas
cada vez mais graves”.
Belém, “lugar onde Jesus viu a luz”, vive tempos difíceis “pelas
dificuldades econômicas devidas à pandemia que impede os peregrinos de chegarem
à Terra Santa, com consequências negativas na vida da população”. Crise sem
precedentes que atinge também o Líbano. Mas no coração da noite, surgiu um
sinal de esperança. E neste dia de festa pedimos ao Menino Jesus, “a força de nos
abrirmos ao diálogo”, implorando a Ele “que suscite, no coração de todos,
anseios de reconciliação e fraternidade.
“Menino Jesus, dai paz e
concórdia ao Médio Oriente e ao mundo inteiro. Amparai a quantos se encontram
empenhados em prestar assistência humanitária às populações forçadas a fugir da
sua pátria; confortai o povo afegão que, há mais de quarenta anos, está
submetido a dura prova por conflitos que impeliram muitos a deixar o país.”
Myanmar e Ucrânia
Ao Rei dos Povos, o Papa pede que ajude as autoridades políticas
a pacificar “as sociedades abaladas por tensões e contrastes”, em
particular Myanmar, “onde intolerância e violência se abatem, não raro, também
sobre a comunidade cristã e os locais de culto, e turbam o rosto pacífico
daquela população.” Mas também “luz e amparo” para quem acredita e trabalha em
prol do encontro e do diálogo na Ucrânia e não permitir que "metástases dum
conflito gangrenado" se espalhem pelo país.
África
O Santo Padre volta então seu olhar para os países africanos
atribulados por conflitos, divisões, desemprego, desigualdades econômicas,
pedindo ao Príncipe da Paz pela Etiópia para que descubra o caminho da paz e da
reconciliação e para que ouça o clamor “das populações da região do Sahel, que
sofrem a violência do terrorismo internacional”, bem como pelas vítimas dos
conflitos internos no Sudão e Sudão do Sul.
América
Para as populações do continente americano Francisco pede que
“prevaleçam os valores da solidariedade, reconciliação e convivência pacífica,
através do diálogo, do respeito mútuo e do reconhecimento dos direitos e
valores culturais de todos os seres humanos.”
Vítimas de violência, abusos, abandono
O Papa também pede ao Filho de Deus conforto para as mulheres
vítimas de violência, esperança para as crianças e adolescentes vítimas de bullying e
abusos, consolação e carinho aos idosos, sobretudo os mais abandonados e
serenidade e unidade às famílias, “lugar primário da educação e base do tecido
social.”
Na saúde, generosidade dos corações
Para os doentes o Papa pede saúde, bem como inspiração às
pessoas de boa vontade para que encontrem “as soluções mais adequadas para
superar a crise sanitária e as suas consequências”:
“Tornai generosos os
corações, para fazerem chegar os tratamentos necessários, especialmente as
vacinas, às populações mais necessitadas. Recompensai todos aqueles que mostram
solicitude e dedicação no cuidado dos familiares, dos doentes e dos mais
fragilizados.”
Não renegar a humanidade que nos une
Mas não só: o olhar de Francisco também abarca civis e militares
prisioneiros de guerras, migrantes, deslocados e refugiados, cujos olhos
“pedem-nos para não voltarmos o rosto para o outro lado, para não renegarmos a
humanidade que nos une, para assumirmos as suas histórias e não nos esquecermos
dos seus dramas.”
O ambiente que deixaremos para gerações futuras
E para que as gerações futuras possam viver num ambiente
respeitoso da vida, o Papa exorta as autoridades políticas a encontrarem
acordos eficazes e assim sermos mais solícitos pela nossa Casa Comum, “também
ela enferma pelo descuido com que frequentemente a tratamos”.
Caminhar pelas sendas da paz
“Queridos irmãos e irmãs,
muitas são as dificuldades do nosso tempo, mas a esperança é mais forte, porque
«um menino nasceu para nós». Ele é a Palavra de Deus que Se fez “in-fante”,
capaz apenas de chorar e necessitado de tudo. Quis aprender a falar, como
qualquer criança, para que nós aprendêssemos a escutar Deus, nosso Pai, a
escutar-nos uns aos outros e a dialogar como irmãos e irmãs. Ó Cristo, nascido
para nós, ensinai-nos a caminhar convosco pelas sendas da paz. Feliz Natal para
todos!”
Fonte:
Vatocan News
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