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O purpurado português voltou a falar de Fátima como um 'lugar' de onde se pode iniciar um “novo começo”, que se impõe no pós-pandemia. E desafiou os presentes a transformar “a crise em oportunidade” e “a calamidade em esperança”.
O cardeal D. José
Tolentino de Mendonça presidiu em Fátima na manhã desta quinta-feira, 13 de
maio, a Santa Missa por ocasião do aniversário das aparições da Virgem a
Jacinta, Francisco e Lúcia. O texto que segue, é do site do Santuário.
“Fátima ensina como
se ilumina um mundo que está às escuras. Seja o pequeno mundo do nosso coração,
seja o coração do vasto mundo” disse o cardeal português que presidiu à
Peregrinação Internacional de maio, que evoca a primeira Aparição e que tem
como tema “Louvai o Senhor, que levanta os fracos”.
“Obrigado, Senhora,
por fazeres deste lugar uma alavanca da nossa humanidade. Um laboratório
sem portas nem muros, sempre aberto para a esperança! Em ti, louvamos o
Senhor que nos reergue de todas as fraquezas” afirmou o responsável pela
Biblioteca e Arquivo da santa Sé.
Diante de um
santuário cheio, com a lotação máxima definida pelas autoridades
sanitárias- 7.500 peregrinos- e perante milhares de peregrinos que seguiram em
direto as celebrações pelos meios de comunicação social e digital, D. José
Tolentino de Mendonça refletiu sobre a mensagem de Fátima e o
sentido da peregrinação à Cova da Iria.
“Muitos olhando à
superfície o santuário, veem apenas a dramática expressão de tantas
lágrimas, demandas e promessas. Mas os peregrinos de Fátima experimentam
que é muito mais do que isso. Aquilo que experimentamos é que chegamos
aqui inquietos, vazios, divididos, irreconciliados ou sedentos, que
chegamos aqui aos trambolhões como o filho pródigo, e que Maria realiza em
nós - com que misericórdia, com que inesquecível doçura - o mandato de
amor que recebeu de Jesus: «Mulher, eis aí o teu filho», «eis aí os teus
filhos»”, frisou o cardeal que também chegou a Fátima, uma vez mais a pé,
acompanhando um grupo de peregrinos pertencentes às Equipas de Nossa Senhora de
que é conselheiro espiritual.
“A Fátima, nós
peregrinos, chegamos sempre de mãos vazias. Mas de Fátima levamos, acordado
dentro de nós, um sonho. Fátima ensina, assim, como se ilumina um mundo que
está às escuras”, reiterou.
Nesta segunda homilia
que proferiu em Fátima, no âmbito da primeira peregrinação internacional do ano
pastoral, o cardeal português voltou a falar de Fátima como um `lugar` de onde
se pode iniciar um “novo começo”, que se impõe no pós-pandemia. E desafiou os
presentes a transformar “a crise em oportunidade” e “a calamidade em
esperança”.
“O amor é o mais
verdadeiro, o mais profético, o mais necessário desconfinamento”, referiu o
presidente da peregrinação internacional do 13 de maio.
Sublinhando as
restrições ainda impostas pela pandemia, o cardeal D. José Tolentino Mendonça
referiu que a fé transforma a experiência da crise em “ocasião para relançar a
vida”.
“Olhando para a cruz
poderíamos pensar que Jesus estava brutalmente confinado. E estava. Mas o
verdadeiro desconfinamento é aquele que o amor opera em nós”, indicou.
O cardeal da Cúria
Romana, íntimo colaborador do Papa, evocou a experiência de
sofrimento de Jesus, que “ensina a transformar as crises em laboratórios de
esperança”.
D. José Tolentino
Mendonça defendeu a necessidade de um “relançamento espiritual” para o pós-pandemia,
que ultrapasse a “expressão material da vida”.
“Numa hora de
encruzilhada da história como esta que vivemos não podemos fazer coincidir
o relançamento da esperança unicamente com o cuidado pela expressão
material da vida”, afirmou.
“Sem dúvida que é
urgente garantir o pão e esse trabalho exigente – fundamentalmente de
reconstrução económica - deve unir e mobilizar as nossas sociedades. Mas as
nossas sociedades precisam também de um relançamento espiritual. Sem o pão não
vivemos, mas não vivemos só de pão. Os maiores momentos de crise foram
superados infundindo uma alma nova, propondo caminhos de transformação interior
e de reconstrução espiritual da nossa vida comum”, explicitou.
O cardeal considerou
ainda que o mundo enfrenta “um imenso desafio a renascer”, por causa da crise
provocada pela Covid-19.
“Este é chamado a ser
também um momento de revisão crítica do caminho que realizámos até aqui, de
fazer uma espécie de balanço interior que avalie os nossos estilos de vida”,
disse ao salientar que “Não basta voltarmos exatamente ao que éramos
antes: é preciso que nos tornemos melhores. É preciso um suplemento de alma. É
preciso que desconfinemos o nosso coração”.
O arquivista e
bibliotecário da Santa Sé convidou todos a um “balanço interior” sobre estilos
de vida e modelos de desenvolvimento, transformando-os no sentido de “uma
verdadeira e criativa hospitalidade da vida”.
“Não tenhamos
dúvidas: a reconstrução pós-pandemia depende do modo como encararmos a
fraternidade”, assinalou, citando o pensamento do Papa Francisco.
D. José Tolentino
Mendonça falou em particular aos jovens portugueses que se preparam para
acolher, no verão de 2023, a Jornada Mundial da Juventude, pedindo que “em vez
de ter medo, tenham sonhos”.
“O mundo fatigado por
esta travessia pandémica que ainda dura, e que pede a cada um de nós vigilância
e responsabilidade, não tem apenas fome e sede de normalidade: precisa de novas
visões, de outras gramáticas, precisa que arrisquemos ter sonhos”, declarou.
O presidente da
celebração evocou o 40.º aniversário do atentado contra São João Paulo II, na
Praça de São Pedro, e a primeira viagem do Papa polaco a Fátima, em maio de
1982, para “agradecer à Divina Providência, neste lugar, que a Mãe de Deus
parece ter escolhido de modo tão particular”, por ter sido poupada a sua vida.
Aliás, o cálice
utilizado durante esta celebração foi oferecido por João Paulo II, no décimo
aniversário do seu atentado, no decurso da segunda viagem à Cova da Iria.
Além desta evocação,
hoje em Fátima assinalam-se também os 75 anos da coroação da Imagem que se
venera na Capelinha das Aparições.
Oferecida pelas
mulheres de Portugal, numa campanha de recolha de peças de joalharia, em
agradecimento à Virgem de Fátima pelo facto de o País não ter tomado parte na
II Grande Guerra, a coroa preciosa da Imagem de Nossa Senhora de Fátima é uma
criação da Casa Leitão& Irmão, Antigos Joalheiros da Corôa. Embora tenha
sido ofertada em 1942, só após o término da guerra foi colocada na escultura,
em 13 de maio de 1946.
Em 1989, a coroa
recebe uma última “joia”: a bala que ferira João Paulo II no atentado de 1981 e
por este oferecida ao bispo de Leiria, em 1984, foi encastoada no orifício que
existia na parte inferior do globo de turquesas, no eixo da cruz. Se a coroa
era já, quer pelas razões da sua materialidade, quer pelas razões relacionadas
com a devoção, uma peça de grande valor, a partir dessa data auferiu um valor
incalculável.
O jornal oficial do
santuário, por altura da oferta desta peça, descrevia deste modo a coroa: “A
coroa pesa 1.200 gramas. Nela refulgem 950 brilhantes de 76 quilates, 1.400
rosas de 20 quilates, 313 pérolas, 1 esmeralda ronde de 3,97 quilates, 13
esmeraldas pequenas, 33 safiras, 11 rubis, 260 turquesas, 1 ametista e 4
águas-marinhas. Total: 313 pérolas e 2.650 pedras”.
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Fonte: Vatican News
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