Quaresma
com São José! A cada semana da Quaresma, o Pe. Rafhael Silva Maciel propõe uma
pequena catequese, que este ano terá como linha guia o Ano de S. José,
proclamado pelo Papa Francisco. Esta semana o tema é: São José e a criatividade
da caridade. Pe. Rafhael é Missionário da Misericórdia e Mestre em Sagrada
Liturgia. Confira a terceira reflexão.
Vatican News
O Papa João Paulo II, em 15 de agosto de 1989,
oferecia à Igreja a belíssima Exortação Apostólica Redemptoris custos,
sobre a figura e a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja. Dentre os
vários aspectos abordados por São João Paulo II, no número 16, apresenta-se a
temática do sustento e da educação de Jesus, em Nazaré, sob o olhar de Maria e
de José, que “tinha a alta função de ‘criá-lo’; ou seja, de alimentar,
vestir e instruir Jesus na Lei e num ofício, em conformidade com os deveres
estabelecidos para o pai [de família]”. São José era o PAI PROVIDENTE.
No decorrer da história da Igreja, porque foi lhe
confiado ser o custódio, o guarda, o provedor do sustento de Jesus e de Maria,
São José sempre foi invocado como um pai providente por parte dos fiéis. O
Beato Papa Pio IX afirmava que a São José Deus “confiou a guarda dos
seus tesouros mais preciosos e maiores”. Os santos, em diferentes épocas
dão o testemunho dessa guarda providencial de Deus através do auxílio de São
José. Sobre a missão de ser o sustento da vida da família de Nazaré, afirma São
Bernardo que “São José foi ‘o servo fiel e prudente’ (Mt 24,45), pois
Deus destinou-o a ser o apoio de sua Mãe, o sustento da sua carne e o auxiliar
do seu desígnio de salvação”.
Santa Teresa d’Ávila testemunha a esse
respeito: “Tomei por advogado e senhor o glorioso São José (...). Não
me lembro até hoje de ter-lhe suplicado algo que ele não tenha feito (...)” (Livro
da Vida 6,6). Outro santo que fala explicitamente dos favores do Guardião
da Sagrada Família é São José Maria Escrivá, que dizia: “O que faz
José, com Maria e com Jesus, para obedecer a ordem do Pai, a inspiração do
Espírito Santo? Dar-se todo por inteiro, coloca-se ao seu serviço a sua vida de
trabalhador”.
São João Paulo II, ainda sobre São José afirmava
que “a aparente tensão entre a vida ativa e a vida contemplativa tem em
José uma superação ideal, possível para quem possui a perfeição da caridade.
Atendo-nos à conhecida distinção entre o amor da verdade (caritas veritatis)
e as exigências do amor (necessitat caritatis), podemos dizer
que José fez a experiência quer do amor da verdade, ou seja, do puro amor de
contemplação da Verdade divina que irradiava da humanidade de Cristo, quer
das exigências do amor, ou seja, do amor igualmente puro do serviço,
requerido pela proteção e pelo desenvolvimento dessa mesma humanidade” (RC 27).
Nesta Quaresma, que vivemos ainda em tempo de
pandemia, experienciamos dramas imensos seja pela perda de pessoas que amamos
seja por todas as dificuldades econômicas que vieram à tona com a atual
situação. São José, nesse momento desafiante da história, apresenta-se a nós
como sinal da providência divina. Papa Francisco na sua Carta Patris
corde n. 5, escreve que São José é “o pai com coragem
criativa”, apontando o Santo Patriarca como uma intervenção divina, pois
através dele “o Céu intervém, confiando na coragem criativa deste homem
(...)”.
Nós somos chamados a olhar para São José como um
pai providente, que nos ajuda pela intercessão e exemplo a vivermos a
criatividade da caridade e aprendermos a “transformar um
problema numa oportunidade, antepondo sempre a sua confiança na Providência”.
Neste tempo de conversão quaresmal, “se, em determinadas situações,
parece que Deus não nos ajuda, isso não significa que nos tenha abandonado, mas
que confia em nós com aquilo que podemos projetar, inventar, encontrar” (Patris
corde, n.5).
Desse modo, como São José foi guarda e custódio,
providente e sinal da caridade divina para com Jesus e Maria, essa
Quaresma nos convida a sermos sinal da Providência divina para os mais
necessitados. Em tempos de pandemia, de crise econômica provocada por
políticas restritivas, o Senhor nos pede amor fraterno, caridade operativa e
criativa para com os sofredores desse mundo, aqueles que sofrem materialmente
as consequências nefastas da atual crise sanitária e, ao mesmo tempo, sofrem na
alma e no espírito – as periferias existenciais!
Como mais um gesto concreto quaresmal,
aprendendo da caridade criativa, na escola de São José, durante
essa Quaresma façamos algum gesto de caridade para com algum
necessitado, com alguma doação material – alimentos ou
outro gênero de ajuda material – para alguma instituição de caridade ou mesmo
para alguma(s) família(a) que passam necessidade nessa hora tão difícil! Desse
modo, nossa penitência nos leve à santa caridade e nossas ações sejam reflexo
da oração, realizada conforme a vontade do Senhor.
São José, providenciai!
Boa oração, abençoada meditação!
Roma, 03 de março de 2021
Quarta-feira, II Semana da Quaresma
Pe. Rafhael Silva Maciel
Missionário da Misericórdia
Mestre em Sagrada Liturgia
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