Papa Francisco na Audiencia Geral.
Foto: Lucia Ballester / ACI Prensa
Vaticano, 03 mar. 21 / 06:00 pm (ACI).-
Em um novo livro lançado nesta terça-feira, 2, na Itália, o Papa Francisco afirma que o mundo poderia enfrentar uma catástrofe da proporção do dilúvio se os seres humanos não começarem a confrontar as mudanças climáticas.
O Santo Padre fez esta observação no
livro-entrevista "Dei Vizzi e dele virtù” (Sobre os vícios e virtudes, em
tradução livre), que transcreve o diálogo com o sacerdote Marco Pozza,
publicado em italiano pela editora Rizzoli, no qual, entre outros temas, trataram
o relato do dilúvio no Livro do Gênesis.
De acordo com um trecho do livro
publicado pelo jornal Corriere delle Sera, o Papa afirma em relação ao
acontecimento narrado no livro do Gênesis: "Uma grande enchente, talvez
devido ao aumento das temperaturas e ao derretimento das geleiras: é isso que
acontecerá se continuarmos no mesmo caminho".
No livro, o padre e o Papa refletem
sobre as sete virtudes e vícios, inspirados nas pinturas da Capela Scrovegni em
Pádua. A capela contém 14 imagens monocromáticas do artista
renascentista Giotto, nas quais o italiano personificou as virtudes e os
vícios.
Na parede norte estão os vícios: a
estultícia, a pusilanimidade, a cólera, a injustiça, a infidelidade, a inveja e
o desespero. Na parede sul estão as virtudes: prudência, justiça, temperança,
fortaleza, fé, caridade e esperança.
Os comentários do Papa sobre o
dilúvio vieram durante uma conversa sobre a ira de Deus, que ele disse ter sido
dirigida contra o mal que emana de Satanás no mundo.
"A ira de Deus busca trazer
justiça e 'purificar'. O Dilúvio é o resultado da ira de Deus, de acordo com a
Bíblia", disse o Papa no livro-entrevisa.
O Papa Francisco observou que alguns
especialistas consideram o dilúvio, ou a grande enchente, como uma história
mítica e ressaltou que não gostaria de ser mal interpretado, acusado de dizer
que a Bíblia é um mito, mas sugeriu que o mito era uma forma de conhecimento da
época dos autores das Sagradas Escrituras. No entanto, o Papa sustenta a
historicidade do relato bíblico.
"O dilúvio é sim um relato
histórico, e isto dizem os arqueólogos, porque encontraram evidências de uma
grande inundação em suas escavações", afirmou o pontífice.
Depois de se referir a uma possível
nova grande enchente, o Santo Padre disse: "Deus libertou sua ira, mas viu
um homem justo, o levou e o salvou."
"A história de Noé mostra que a
ira de Deus também é uma salvação", pontuou.
Pe. Pozza é capelão de uma prisão na
cidade de Pádua, no norte da Itália, realizou três entrevistas anteriormente
com o Papa Francisco, dedicadas respectivamente ao Pai-Nosso, à Ave Maria e ao
Credo, que foram exibidas na televisão italiana e publicadas como livros.
O padre de 41 anos, que
frequentemente aparece vestido casualmente, é considerado uma estrela em
ascensão na mídia italiana. No início de sua vida sacerdotal,
ele ganhou o apelido de Padre "Spritz", que é o nome de um popular
coquetel italiano à base de vinho. O padre ficou conhecido assim pelo costume
de realizar discussões com jovens católicos em bares.
Pozza chamou a atenção do Papa pela
primeira vez em 2016, quando trouxe um grupo de detentos para visitar Francisco
em sua residência, a Casa Santa Marta, no Jubileu de Prisioneiros no Ano da
Misericórdia.
Ele ajudou a compilar as meditações
para o Via Crucis papal no ano passado, realizadas em uma deserta praça de São
Pedro na Sexta-feira Santa, devido ao surto de Covid-19 na Itália.
No novo livro, o Papa também discutiu
a relação entre fé e dúvida. Ele argumentou que, embora o diabo semeie dúvidas,
um acerto de contas honesto com as nossas dúvidas pode levar ao crescimento
espiritual.
De acordo com o Vatican News, o Papa
disse: "O pensamento de ser abandonado por Deus é uma experiência de fé
que muitos santos experimentaram, juntamente com muitas pessoas hoje que se
sentem abandonadas por Deus, mas não perdem a fé. Eles tomam o cuidado de
cuidar do presente: 'Agora eu não sinto nada, mas eu guardo o dom da
fé'".
"O cristão que nunca passou por
esses estados mentais não tem nada, porque significa que eles se estabeleceram
por menos. Crises de fé não são faltas contra a fé. Pelo contrário, elas
revelam a necessidade e o desejo de entrar mais plenamente nas profundezas do
mistério de Deus. Uma fé sem esses provações me leva a duvidar que é fé
verdadeira".
Fonte: ACI Digital
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