Francisco, no vídeo de
intenção de oração para o primeiro mês de 2021, faz um apelo à fraternidade
humana, para rezar “uns pelos outros, abrindo-nos a todos”, ao invés de
discutir com os irmãos e irmãs de outras religiões, culturas, tradições e
crenças. O pedido do Pontífice, diante de todos os desafios da humanidade, é
para se voltar ao que é essencial: o amor ao próximo.
Andressa
Collet - Vatican News
“Ao
rezar a Deus seguindo Jesus, unimo-nos como irmãos àqueles que rezam seguindo
outras culturas, outras tradições e outras crenças. Somos irmãos que rezam. A
fraternidade leva-nos a abrirmo-nos ao Pai de todos e a ver no outro um irmão,
uma irmã, para partilhar a vida ou para se apoiar mutuamente, para amar, para
conhecer. A Igreja valoriza a ação de Deus nas outras religiões, sem esquecer
que para nós, cristãos, a fonte da dignidade humana e da fraternidade está no
Evangelho de Jesus Cristo. Nós, que cremos, devemos voltar às nossas fontes e
nos concentrar no que é essencial. O que é essencial da nossa fé, a adoração a
Deus e o amor ao próximo.”
Assim, com um apelo à fraternidade humana, o Papa abre o ano de
2021 ao lançar nesta terça-feira (5) o primeiro vídeo de intenção de oração do
ano que Francisco confia a toda Igreja Católica por meio da Rede Mundial de
Oração do Papa. O Pontífice pede, diante de todos os desafios da
humanidade, para nos abrir e nos unir, como seres humanos, como irmãos e irmãs,
“com aqueles que rezam seguindo outras culturas, outras tradições e outras
crenças”. Como o Papa disse em outras ocasiões, “não há alternativa: ou
construímos o futuro juntos ou não haverá futuro. As religiões, em particular,
não podem renunciar à tarefa urgente de construir pontes entre povos e
culturas”.
Filhos e filhas do mesmo Pai
O caminho rumo à fraternidade que o Papa propõe no vídeo parte
de uma abertura "ao Pai de todos" e de "ver no outro um irmão,
uma irmã". Ele também apresentou essa mesma ideia em sua última encíclica,
“Fratelli tutti”: “estamos convencidos de que 'somente com esta consciência de
filhos que não são órfãos podemos viver em paz entre nós'”. Para Francisco, as
diferenças entre as pessoas que professam distintas religiões ou vivem de
acordo com outras tradições não devem impedir que se chegue a uma cultura do encontro,
pois, afinal, “somos irmãos que rezam”.
O essencial da nossa fé
Na busca desse espírito de fraternidade, o Pontífice também
convida a não esquecer que, para os cristãos, “a fonte da dignidade humana e da
fraternidade está no Evangelho de Jesus Cristo”. Nesse sentido, o Papa pede aos
fiéis que se voltem ao essencial da fé: “a adoração a Deus e o amor ao
próximo”. No diálogo com outras religiões, e como explica o Papa em “Fratelli
tutti”, isso se torna fundamental, pois embora outros bebam de outras fontes,
“para nós, essa fonte de dignidade humana e de fraternidade está no Evangelho
de Jesus Cristo”.
As religiões a serviço da fraternidade
O Pe. Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de
Oração do Papa, destacou a importância desta intenção de oração que inaugura
2021: “depois de um 2020 marcado pelo impacto da pandemia, tanto na saúde em
nível socioeconômico, é especialmente importante que essa intenção do Santo
Padre nos ajude a nos ver verdadeiramente mais como irmãos e irmãs no caminho
da paz que se torna cada vez mais necessária. Para Francisco, o papel das
religiões nesse propósito é fundamental, e ele deu um grande passo nessa
direção ao assinar o Documento sobre a Fraternidade Humana pela paz mundial e a
convivência comum, junto com o Grande Imã de Al-Azhar”.
O diretor, então, fala da importância da Encíclica Fratelli
tutti, lançada pouco mais de um ano depois, através da qual o Papa aprofunda o
pensamento sobre a fraternidade humana. O Pe. Frédéric cita o capítulo 8 sobre
“a preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da
justiça na sociedade” a partir das várias religiões:
“Espero
que possamos, em nome de Deus que nos criou todos iguais em direitos, deveres e
dignidade, e que nos chamou a viver juntos como irmãos e irmãs, promover esta
fraternidade para enfrentarmos juntos os desafios do mundo e da nossa Casa
Comum.”
O Papa Francisco, assim, pede orações por uma fraternidade que
respeita e valoriza a diversidade, e representa o estilo do Reino de Deus:
“Rezemos para que o Senhor
nos dê a graça de viver em plena fraternidade com os irmãos e irmãs de outras
religiões e não andar discutindo, mas rezando uns pelos outros, abrindo-nos a
todos.”
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