Neste Dia Internacional
das Pessoas com Deficiência, Francisco divulga uma mensagem com um forte apelo,
tanto às instituições civis quanto à Igreja, pela inclusão e participação ativa
de quem vive uma limitação física e/ou psíquica. Em âmbito paroquial, o Papa
reafirma a exigência de oferecer – de forma gratuita – instrumentos idôneos e
acessíveis para transmitir a fé, de tornar as pessoas com deficiência em
catequistas e de fazer crescer nos fiéis um “estilo acolher” para enriquecer a
vida das comunidades: “todas as celebrações litúrgicas da paróquia deveriam
estar acessíveis para que cada um possa viver a sua fé”.
Andressa Collet - Vatican News
O Papa Francisco divulga uma mensagem neste 3 de dezembro, instituído pela ONU
há 28 anos como Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, com um forte
apelo à criação de novas iniciativas dentro e fora da Igreja para ajudar na
construção de um mundo inclusivo para todos. O Pontífice reconhece os passos
importantes dados nos últimos 50 anos, mas volta a encorajar ao compromisso
conjunto desde o âmbito da catequese e realidades eclesiais até às instituições
civis.
No
texto, Francisco demonstra proximidade a quem atravessa situações
particularmente difíceis sobretudo durante a emergência sanitária do
coronavírus. Apesar de estarmos “todos no mesmo barco, no meio de um mar
agitado”, afirma o Pontífice, há “pessoas com deficiências graves que têm de
lutar mais”.
A partir
do próprio tema da jornada deste ano, «Reconstruir melhor: rumo a um mundo
pós-Covid-19, inclusivo da deficiência, acessível e sustentável», o Papa conduz
a mensagem através da expressão “reconstruir melhor” que o lembra da parábola
evangélica da casa construída sobre a rocha ou sobre a areia (cf. Mt 7, 24-27;
Lc 6, 46-49). Por isso, aprofunda sobre a ameaça da cultura do descarte e o
fortalecimento da inclusão e da participação ativa, duas rochas para sustentar
um novo mundo de inclusão.
A cultura do descarte
Assim
como a chuva, os rios e os ventos ameaçam a casa, a cultura do descarte “afeta
sobretudo as categorias mais frágeis, entre as quais se contam as pessoas com
deficiência”, especialmente em nível cultural. E o Papa afirma:
“Existem atitudes
de rejeição que, por causa também de uma mentalidade narcisista e utilitarista,
conduzem à marginalização, sem considerar que, inevitavelmente, a fragilidade é
de todos. [...] Assim, de modo especial neste Dia, em defesa nomeadamente dos
homens e mulheres com deficiência, é importante promover uma cultura da vida
que afirme sem cessar a dignidade de toda a pessoa, independentemente da sua
idade e condição social.”
A inclusão a partir da Igreja e sociedade civil
A
pandemia da Covid-19 também acabou evidenciando ainda mais as disparidades e
desigualdades, com particular detrimento dos mais frágeis. Por isso, “uma
primeira ‘rocha’ sobre a qual construir a nossa casa é a inclusão”, encoraja
Francisco, ao procurar “ser bons samaritanos” e não “viandantes indiferentes”
ao desprezar pessoas “com traços da deficiência e da fragilidade” que
encontramos pelo caminho:
“A
inclusão deveria ser a ‘rocha’ sobre a qual construir os programas e
iniciativas das instituições civis para que ninguém, especialmente quem enfrenta
maior dificuldade, fique excluído. A força de uma corrente depende do cuidado
dispensado aos elos mais frágeis.”
Quanto
às instituições eclesiais, o Papa reafirma a exigência de preparar instrumentos
idôneos e acessíveis para a transmissão da fé:
“Espero também que
os mesmos sejam disponibilizados, da forma mais gratuita possível, àqueles que
precisam deles, inclusivamente através das novas tecnologias que se revelaram
tão importantes para todos neste período de pandemia. Do mesmo modo encorajo,
para sacerdotes, seminaristas, religiosos, catequistas e agentes pastorais, uma
formação ordinária sobre a relação com a deficiência e o uso de instrumentos
pastorais inclusivos.”
Francisco
enaltece a importância do empenho das comunidades paroquiais em “fazer crescer,
nos fiéis, o estilo acolhedor das pessoas com deficiência”. A criação de uma
paróquia plenamente acessível, complementa o Papa, “requer não só a eliminação
das barreiras arquitetônicas, mas sobretudo atitudes e ações de solidariedade e
serviço, por parte dos paroquianos, para com as pessoas com deficiência e suas
famílias”.
A participação ativa
Para
“reconstruir melhor” a sociedade, acrescenta o Pontífice, é preciso que a
inclusão “englobe também a promoção da participação ativa” para que as pessoas
com deficiência se tornem “sujeitos ativos” e “não só destinatários” tanto na
sociedade como na Igreja:
““Reafirmo
veementemente o direito de as pessoas com deficiência receberem os Sacramentos
como todos os outros membros da Igreja. Todas as celebrações litúrgicas da
paróquia deveriam estar acessíveis para que cada um, juntamente com os irmãos e
irmãs, possa aprofundar, celebrar e viver a sua fé. Deve ser reservada uma
atenção especial às pessoas com deficiência que ainda não receberam os
Sacramentos da iniciação cristã: poderiam ser acolhidas e inseridas no percurso
catequético de preparação para estes Sacramentos.”
O Papa,
então, traz a indicação da participação ativa na catequese das pessoas com
deficiência, que “constitui uma grande riqueza para a vida de toda a paróquia”.
Dessa forma, finaliza Francisco, é possível edificar, contra todas as
intempéries e junto à sociedade civil, a “casa” sólida, capaz de acolher também
as pessoas com deficiência, “porque construída sobre a rocha da inclusão e da
participação ativa”:
“Portanto, também a
presença entre os catequistas de pessoas com deficiência, de acordo com as suas
próprias capacidades, representa um recurso para a comunidade. Neste sentido,
deve-se favorecer a sua formação para que possam adquirir uma preparação mais avançada
nomeadamente em campo teológico e catequético. Espero que, nas comunidades
paroquiais, cada vez mais pessoas com deficiência possam tornar-se catequistas,
para transmitir a fé de maneira eficaz, inclusive com o seu próprio testemunho
(cf. Discurso no Congresso «Catequese e Pessoas com Deficiência», 21/X/2017).”
Fonte: Vatican News
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