O ano do Papa Francisco
foi bastante intenso, mesmo sem nenhuma viagem apostólica. A imagem dele
sozinho na Praça São Pedro, no dia 27 de março, resume e marca o que foi 2020 a
partir de Roma. Num contexto tão desafiador, Francisco mostrou ao mundo
inteiro, por meio da leitura da Palavra e da oração, a importância de despertar
e ativar a solidariedade e a esperança.
Mas o Papa
Francisco também continuou deixando as marcas de seu pontificado por meio de
documentos, cartas, discursos, catequeses e homilias. Além da oração Urbi et
Orbi extraordinária,também foram marcantes em 2020 a publicação da carta
encíclica Fratelli Tutti, as catequeses, as orações e os eventos “A Economia de
Francisco” e o “Pacto Educativo Global”.
Confira alguns
destaques no ano do Papa Francisco:
Visitas
Ad Limina
Em 2020, os
bispos do Brasil fariam suas primeiras visitas Ad Limina Apostolorum ao Papa
Francisco. Por conta da pandemia, somente o Regional Sul 2 pôde estar com o
Papa.
Cartas
Por meio de
cartas, o Papa Francisco fez ajustes na estrutura administrativa da Cúria Roma
e da Cidade Estado do Vaticano. Também foi com este instrumento que Francisco
solidarizou-se com o Papa emérito Bento XVI pela morte do seu irmão monsenhor
Georg Ratzinger, no dia 2 de julho.
Em abril, o
Papa publicou carta a todos os fiéis para o Mês de Maio, na qual propôs a
redescoberta da beleza de rezar o Terço em casa.
Cartas
Apostólicas
Entre as
principais cartas apostólicas do Papa Francisco em 2020, uma dedicada a
celebrar o XVI centenário da morte de São Jerônimo, no dia 30 de setembro. “O
afeto à Sagrada Escritura, um terno e vivo amor à Palavra de Deus escrita é a
herança que São Jerônimo, com a sua vida e as suas obras, deixou à Igreja”,
destacou Francisco.
O Papa também
modicou o Código de Direito Canônico com a Carta Apostólica sob forma de Motu
proprio “Authenticum charismatis”, que trata da sobre instituição de institutos
de vida consagrada.
Agora em
dezembro, Francisco convocou o ano de São José por meio da Carta Apostólica Patris corde, publicada por
ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como Padroeiro da Igreja
Universal.
Encíclica
Fratelli Tutti
Neste ano,
Francisco somou ao seu magistério a encíclica Fratelli Tutti – sobre a
fraternidade e a amizade social. O documento foi assinado em Assis, no dia 3 de
outubro, e traz o desejo do Papa que “neste tempo que nos cabe viver,
reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre
todos, um anseio mundial de fraternidade”. Fratelli tutti (3 de outubro de 2020)
Exortação
Apostólica Querida Amazônia
Fruto do Sínodo
Extraordinário sobre a Amazônia, a exortação apostólica Querida Amazônia foi
publicada em 2 de fevereiro. No documento, o Papa apresenta os seus quatro
sonhos para a região.
“Sonho com uma
Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos
últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida.
Sonho com uma Amazónia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na
qual brilha de maneira tão variada a beleza humana.
Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a
adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas.
Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na
Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos”.
Mensagens
Anualmente, o
Papa divulga uma série de mensagens por ocasião de datas celebradas
mundialmente pela Igreja, como os dias voltados para a Alimentação, as
Comunicações Sociais, o Doente, a Juventude, os Pobres e a Vida Consagrada, por
exemplo. Cada uma dessas mensagens é objeto de inúmeras iniciativas e reflexões
por parte dos clérigos, religiosos e agentes de pastoral relacionados à
temática.
De modo
especial, destacam-se duas mensagens pontifícias enviadas ao Brasil. Em 25 de
janeiro, em vídeo, Francisco solidarizou-se com as famílias das vítimas da
tragédia de Brumadinho após um ano do crime socioambiental.
No mês
seguinte, Francisco manifestou comunhão com todo o Brasil por ocasião da
Campanha da Fraternidade, reforçando “a superação da globalização da
indiferença só será possível se nos dispusermos a imitar o Bom Samaritano”.
Francisco rezou para que a Quaresma e a Campanha da Fraternidade,
inseparavelmente vividas, fossem “para todo o Brasil um tempo em que se fortaleça
o valor da vida, como dom e compromisso”.
Aniversário
Brumadinho – https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/pont-messages/2020/documents/papa-francesco_20200125_videomessaggio-brumadinho.html
Neste ano, a
Igreja contou com duas mensagens Urbi et Orbi. No mês de março, Francisco
convocou o momento extraordinário de oração no momento em que a pandemia
atingia de forma mais latente a Europa. Na Páscoa, a já tradicional mensagem à
cidade e ao mundo. Nas duas ocasiões, Francisco motivou e apontou Cristo como
esperança do seu povo.
“O Senhor
interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar
a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a
estas horas em que tudo parece naufragar. O Senhor desperta, para acordar e
reanimar a nossa fé pascal. Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos
um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos
curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor”,
disse Francisco.
·
“Urbi et Orbi” – Páscoa 2020
Orações
O Papa Francisco
dedicou outros momentos especiais para oração. Ainda em março, um dia de oração
e jejum. Em abril, ofereceu uma prece a Maria para o mês dedicado a Nossa
Senhora. No centenário de nascimento de São João Paulo II, Francisco fez
memória da data com uma oração específica, no dia 18 de maio. No mesmo mês, o
Papa participou de uma oração conjunta pelo 5º aniversário da encíclica Laudato
si’.
Séries
de Catequeses
Francisco
frisou de forma particular a necessidade de uma vida de oração para os
católicos. Durante suas catequeses nas audiências de quarta-feira, Francisco
ofereceu um ciclo de 19 reflexões sobre o tema. “A oração é o respiro da fé, é
a sua expressão mais adequada. Como um grito que sai do coração de quem crê e
se confia a Deus”.
Em janeiro, o Papa
Francisco concluiu as catequeses sobre os Atos dos Apóstolos e motivou à
leitura do livro: “Lede o Livro dos Atos dos Apóstolos e vereis como o
Evangelho, com a força do Espírito Santo, chega a todos os povos, se torna
universal”. Na última semana, deu início às catequeses sobre as
Bem-aventuranças, consideradas o “’bilhete de identidade’ do cristão”, isso
porque “delineiam o rosto do próprio Jesus, o seu estilo de vida”.
No contexto da
pandemia do novo coronavírus, Francisco ofereceu a série de catequeses “Curar o
mundo”, com nove reflexões.
“Refletimos
juntos, à luz do Evangelho, sobre como curar o mundo que sofre de um mal-estar
que a pandemia realçou e acentuou. Já havia o mal-estar: a pandemia
realçou-o mais, acentuou-o. Percorremos os caminhos da dignidade, da
solidariedade e da subsidiariedade, caminhos indispensáveis para promover a
dignidade humana e o bem comum. E, como discípulos de Jesus, começamos a seguir
os seus passos, optando pelos pobres, reconsiderando o uso dos bens e cuidando
da casa comum. No meio da pandemia que nos aflige, ancorámo-nos nos princípios
da doutrina social da Igreja, deixando-nos guiar pela fé, pela esperança e pela
caridade. Aqui encontramos uma ajuda sólida para sermos agentes de
transformação que fazem sonhos grandiosos, que não se detêm nas
mesquinharias que dividem e magoam, mas encorajam a gerar um mundo novo e
melhor”.
Pacto
Educativo e Economia de Francisco
Com grande
expectativa, mas impactados pela pandemia, os eventos sobre o Pacto Educativo
Global e a Economia de Francisco ocorreram de forma virtual.
Francisco
enviou mensagem em vídeo para os participantes do Pacto Educativo Global, no
dia 15 de outubro, ressaltando que “educar é sempre um ato de esperança que
convida à comparticipação transformando a lógica estéril e paralisadora da
indiferença numa lógica diferente, capaz de acolher a nossa pertença comum”.
Para o Papa, é
necessária hoje “uma renovada estação de empenhamento educativo, que envolva
todos os componentes da sociedade”. Ao convidar a escutar o grito das novas
gerações, Francisco sugeriu às famílias, comunidades, escolas e universidades,
às instituições, religiões, governantes, à humanidade inteira um compromisso em
sete pontos.
Numa tarefa
inadiável, o chamado a um “compromisso generoso na esfera cultural, na formação
acadêmica e na investigação científica”, uma nova economia.
No dia 21 de
novembro, ocorreu o evento em Assis sobre a Economia de Francisco. O Papa
incentivou jovens economistas, empresários, trabalhadores e dirigentes
empresariais a serem ousados para “fomentar e estimular modelos de
desenvolvimento, progresso e sustentabilidade em que as pessoas, e
especialmente os excluídos (e entre eles, também a irmã terra), deixem de ser —
no melhor dos casos — uma presença meramente nominal, técnica ou funcional para
se tornar protagonistas das suas vidas, assim como de todo o tecido social”.
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