segunda-feira, 14 de setembro de 2020

VOZ DO ARCEBISPO


“Reabertura das igrejas, tão esperada!”


Chama a atenção dos fieis católicos e de toda a sociedade a questão tão debatida e tão esperada da reabertura das igrejas. Mas a Igreja está fechada? Esta questão nos faz pensar na diferença que existe entre Igreja e igreja. A Igreja – (Ekklesia do grego, Ecclesia do latim, qahal do hebraico) tem este significado de a “Assembleia dos Convocados”. Esta é a Igreja com I maiúsculo: a Comunhão dos Convocados por Deus. As igrejas, com i minúsculo, são os locais, as construções, os edifícios onde se reune a Igreja, a comunidade dos que são chamados juntos para serem de Deus, a Família de Deus, o Povo de Deus. Assim a Igreja jamais esteve fechada, pois a comunhão dos fieis é Igreja, esteja onde estiver, a comunhão universal dos fieis que se constitue de muitas comunidades.

 “Assim a Igreja universal aparece como o “povo congregado na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.(LG 4) Ela existe por desígnio divino, fundamentada em Cristo Jesus: “E, porque a Igreja é em Cristo como que sacramento isto é, sinal e instrumento, da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano… (LG 1) – (documento sobre a Igreja do Concílio Vaticano II – Lumen Gentium = Luz dos Povos).

E do próprio Jesus temos sua intenção e missão no seio da humanidade: “Que todos sejam um em nós, ó Pai…” (Jo 17, ); pois “ Onde dois ou três estiverem unidos em meu nome, eu estarei no meio deles.” (Mt 18,20) “ Eu estarei convosco até o confins do mundo.” (Mt 28, 20)

Por que as igrejas (templos) ficaram ou ainda ficam fechados? Não pelo desejo da Igreja, mas pelas circunstâncias que a podem obrigar a não se reunir presencialmente como comunidade dos que estão unidos na fé. E podem ser diversas as circunstâncias que a isto a obriguem: perseguições, guerras, grandes catástrofes, pandemias… Como esta que agora enfrentamos com a humanidade inteira.

Estando ainda em regime de pandemia covid 19, mas buscando gradativamente a reabertura dos templos para celebrações presenciais dos fieis, nos cuidados sempre necessários para com a vida e saúde de todos, diante das possibilidades que se apresentam, conforme as orientações e determinações das autoridades sanitárias e governamentais competentes, e em comunhão de acordo com as mesmas determinações da Santa Igreja.

Para tal, orientações comuns são necessárias e propõem algumas medidas de proteção que visam o cuidado, a defesa e a preservação da vida.

Tendo em vista as possibilidades que se apresentam, gradativamente, a partir do dia 05 de setembro de 2020 – sábado, levando em consideração as próprias realidades e as condições necessárias para a participação presencial dos fieis com os cuidados que se fazem necessários para o não contágio, estamos reabrindo os templos em nossa Arquidiocese de Fortaleza. As igrejas só poderão ser gradativamente reabertas em perfeito acordo com estas normas e não sem elas. A razão de fundo será sempre a expressão concreta do amor a Deus que se manifesta no amor ao próximo, ao seu bem, ao seu cuidado, ao bem e comunhão de todos, de toda a humanidade.

As “Orientações e Normas”, que são determinadas, por si só não serão capazes de realizar o necessário para o bom andamento do processo de retorno à presencialidade na vida e no culto. É necessária a colaboração consciente e responsável de todos os pastores e fieis em todas as comunidades da Família de Deus, com sabedoria e bom senso, critério e responsabilidade no cumprimento do necessário.

Assim esperamos estar dando, de nossa parte, a melhor contribuição no anúncio, testemunho e serviço da Vida e Vida em plenitude a toda a humanidade, pela nossa atenção ao bem de cada um e de todos sem distinção, a partir dos mais fragilizados e necesssitados e atenção e cuidado neste momento de grande prova para nossa humanidade, que compreendemos mais ainda como a grande e única Família dos Filhos de Deus.

+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

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