Aos
fiéis reunidos na Praça São Pedro, Francisco exorta a sentir todos os dias
"a alegria e o estupor de ser chamados por Deus a trabalhar para Ele no
seu campo, que é o mundo; na sua vinha, que é a Igreja. E ter como única
recompensa o seu amor, a amizade de Jesus, que é tudo para nós”.
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
Deus chama sempre e não exclui ninguém: este é o
significado do Evangelho deste domingo, comentado pelo Papa Francisco antes de
rezar a oração mariana do Angelus com os fiéis na Praça São Pedro.
A página do Evangelho narra a parábola dos
operários chamados pelo patrão para uma jornada de trabalho na vinha. Por meio
desta narração, explicou o Pontífice, Jesus nos mostra o surpreendente modo de
agir de Deus, representado por duas atitudes do patrão: o chamado e a
recompensa.
Por cinco vezes durante o dia, o patrão sai à praça
em busca de trabalhadores para a sua vinha.
“Aquele patrão representa Deus que chama todos e
chama sempre. Deus age assim também hoje: continua a chamar qualquer um, a qualquer
hora, para convidar a trabalhar no seu Reino. Este é o estilo de Deus, que por
nossa vez somos chamados a acolher e imitar.”
Francisco recordou que Deus não está fechado no seu
mundo, mas “sai” continuamente em busca das pessoas, porque quer que ninguém
fique excluído do seu desenho de amor. "Deus está sempre em saída"
Isso vale também para as comunidades eclesiais,
acrescentou o Papa, chamadas a sair dos vários tipos de “confins” que possam
existir para oferecer a todos a palavra de salvação que Jesus veio trazer.
“Trata-se de abrir-se a horizontes de vida que
ofereçam esperança a quem estaciona nas periferias existenciais e ainda não
experimentou, ou perdeu, a força e a luz do encontro com Cristo.”
“A
Igreja deve ser como Deus: sempre em saída. E quando a Igreja não é em saída,
adoece de muitos males que temos na Igreja. Por que essas doenças na Igreja?
Porque não é em saída. É verdade que quando alguém sai há o perigo de um
acidente. Mas é melhor uma Igreja acidentada por sair, anunciar o Evangelho, do
que uma Igreja doente de fechamento. Deus sempre sai, porque é Pai, porque ama.
A Igreja deve fazer o mesmo: sempre em saída.”
Como o Bom Ladrão
A segunda atitude do patrão é o seu modo de
recompensar os trabalhadores. Ele combina com os primeiros operários
contratados pela manhã o pagamento de uma moeda.
Àqueles que se juntam a seguir, ao invés, diz: « Eu
vos pagarei o que for justo». No final do dia, o patrão da vinha manda dar a
todos a mesma recompensa, isto é, uma moeda. Os que tinham trabalhado desde a
manhã ficam indignados e resmungam contra o patrão, mas ele insiste: quer dar o
máximo da recompensa a todos, inclusive àqueles que chegaram por último.
Jesus não está falando do trabalho e do salário
justo, explicou Francisco, mas do Reino de Deus e da bondade do Pai celeste.
“Com efeito, Deus se comporta assim: não olha para
o tempo e para os resultados, mas para a disponibilidade e a generosidade com a
qual nos colocamos a serviço.”
O agir de Deus é mais do que justo, no sentido que
vai além da justiça e se manifesta na Graça. "Tudo é Graça. A
nossa salvação é Graça. A nossa santidade é Graça." Doando-nos a Graça,
Ele nos oferece mais do que nós merecemos.
Quem raciocina com a lógica humana, advertiu o
Papa, que espera nos méritos conquistados com a própria capacidade, de primeiro
passa para último.
“'Mas eu trabalhei tanto, fiz tanto na Igreja,
ajudei muito e me pagam o mesmo deste que chegou por último...Lembremos quem
foi o primeiro santo canonizado na Igreja: o Bom Ladrão. ‘Roubou o Céu no último
momento da sua vida: isso é graça, assim é Deus. Também com todos nós. Ao
invés, que busca pensar nos próprios méritos, acaba falindo; que se entrega com
humildade à misericórdia do Pai, de último – como o Bom Ladrão – acaba
primeiro."
O
Santo Padre concluiu pedindo a Nossa Senhora que “nos ajude a sentir todos os
dias a alegria e o estupor de ser chamados por Deus a trabalhar para Ele no seu
campo, que é o mundo; na sua vinha, que é a Igreja. E ter como única recompensa
o seu amor, a amizade de Jesus, que é tudo para nós”.
Fonte; Vatican News
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