sexta-feira, 4 de setembro de 2020

ESCOLAS PÚBLICAS SE DESTACAM E VIRAM REFERÊNCIA NO BRASIL POR BOAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS COM FOCO NO ALUNO

 


 

“Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra”, Anísio Teixeira.

É neste caminho que a educação pública brasileira, em especial, a básica – da alfabetização ao ensino médio, passando pela educação profissional, de jovens e adultos e classes especiais ou escolas especializadas, deveria seguir.

Mas, no Brasil onde se soma mais de 79.500 matriculas (79.571.47), segundo dados do Censo Escolar 2018 do MEC a realidade não é bem essa. De acordo com resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 2017, a qualidade da Educação Básica brasileira avançou nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Os indicadores apontam, também, que nos anos finais da mesma etapa e também no Ensino Médio, a situação está estagnada.

O IDEB é calculado de dois em dois anos, de acordo com os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e com as taxas de aprovação das escolas e redes de ensino e divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Na contramão da realidade da maior parte do país, o ensino da escola pública tem sido destaque e referência. Diversos municípios do Brasil conquistaram esse lugar devido a um conjunto de ações como diálogo e parceria entre professores e alunos, envolvimento da comunidade, dos pais e responsáveis nas atividades escolares, constantes processos de formação continuada docente, gestão escolar democrática e investimento das secretarias de educação, estratégias, que por exemplo, foram implementadas por escolas públicas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico, se destacaram na Prova Brasil e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O desafio de oferecer uma escola pública de mais qualidade é para agora, não dá mais para esperar para o futuro. E é nessa estrada que caminha o Setor de Educação da Comissão de Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que em parceria com a Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) e a FTD Educação, vai promover o XX Encontro Nacional da Pastoral da Educação, nos dias 11 e 12 de setembro virtualmente e que tem como tema “Igreja em Saída: A Pastoral da Educação na Escola Pública”.

 

O bispo de Santos (SP) e referencial para educação no regional Sul 1 da CNBB – que compreende o estado de São Paulo, dom Tarcísio Scaramussa acredita que relação à finalidade da educação, o Papa Francisco foi feliz ao indicar como o grande desafio para a educação hoje as três fraturas profundas: da educação com a transcendência, das diferenças culturais e religiosas vinculadas à figura do “outro”, e o grande fosso entre a natureza e a sociedade, fonte de tantas desigualdades.

“Com relação à prática vigente no Brasil, considero enorme desafio a falta de consciência a respeito do valor da educação para a superação dessas fraturas, isto em nível da família e dos simples cidadãos, em nível de governo em suas várias instâncias, e também em nível eclesial, enquanto nos omitimos como se isto fosse causa estranha à evangelização”, aponta o bispo.

Foco no aluno e gestão pedagógica

Em Heliópolis, bairro na região sudeste da capital paulistana, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Campos Salles, tem se diferenciado das demais por apresentar uma estrutura que foge dos padrões de aulas divididas em 45 minutos e ministradas por um único professor, aponta a ONG Centro de Referência Educação Integral.

Segundo a ONG, a escola que já possuía uma relação mais próxima com a comunidade e movimentos sociais do entorno, passou a refletir sobre sua proposta pedagógica e infraestrutura escolar e em 2007 começou uma revolução que contou com apoio da direção, comunidade do bairro, Secretaria Municipal de Educação que revitalizou o arredor da escola, a praça que era ponto de tráfico de drogas e extinguiu as grades que separavam a escola do entorno.

Além disso, um novo projeto pedagógico foi implantado. Salas de aula viraram um salão de estudos. No lugar da aula expositiva, os estudantes passaram a receber roteiros de estudo, nos quais, desenvolvem percursos de aprendizagem individuais e em grupo sobre os mais diferentes campos do conhecimento.

Para o site da ONG a direção da escola disse que “é visível a mudança de comportamento tantos dos estudantes, quanto dos professores. A cultura colaborativa é cada vez mais forte na escola e, embora ainda em processo, há maior disposição dos envolvidos em seguir aprimorando o conceito e estratégias”.

Em março de 2019, o boletim aprendizagem em foco do instituto Unibanco publicou que o estado do Ceará, nos últimos dez anos, foi reconhecido pelos avanços no ensino público dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental.

Segundo o boletim, desde que se passou a medir Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, em 2005, o Estado foi o que mais cresceu nesses dois níveis no Brasil. Com isso, algumas de suas políticas viraram referência para outras unidades da federação e para o governo federal.

De acordo com o instituto, a alfabetização na idade certa, que nasceu no município de Sobral, foi um desses exemplos e o modelo foi expandido para todo o Estado do Ceará e, em 2012, acabou servindo de inspiração para o Programa Nacional pela Alfabetização na Idade Certa do governo federal.

Mesmo com modelos como esses, referência e esforço de muitos – professores, alunos, pais e comunidade – o direito à Educação de qualidade ainda está longe de ser assegurado e se configura como o desafio mais urgente, aponta o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2019 que anualmente publica um raio x da realidade da educação pública no Brasil.

Clique aqui para saber mais sobre a pesquisa do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2019

Foto de capa: Brasil de Fato

 

Fonte: CNBB

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