“Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é,
assim, vida no sentido mais autêntico da palavra”, Anísio Teixeira.
É neste caminho que a educação
pública brasileira, em especial, a básica – da alfabetização ao ensino médio,
passando pela educação profissional, de jovens e adultos e classes especiais ou
escolas especializadas, deveria seguir.
Mas, no Brasil onde se soma mais de
79.500 matriculas (79.571.47), segundo dados do Censo Escolar 2018 do MEC a
realidade não é bem essa. De acordo com resultados do Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (IDEB) de 2017, a qualidade da Educação Básica brasileira
avançou nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Os indicadores apontam,
também, que nos anos finais da mesma etapa e também no Ensino Médio, a situação
está estagnada.
O IDEB é calculado de dois em dois
anos, de acordo com os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica
(Saeb) e com as taxas de aprovação das escolas e redes de ensino e divulgado
pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
Na contramão da realidade da maior
parte do país, o ensino da escola pública tem sido destaque e referência.
Diversos municípios do Brasil conquistaram esse lugar devido a um conjunto de
ações como diálogo e parceria entre professores e alunos, envolvimento da
comunidade, dos pais e responsáveis nas atividades escolares, constantes
processos de formação continuada docente, gestão escolar democrática e
investimento das secretarias de educação, estratégias, que por exemplo, foram
implementadas por escolas públicas que atendem alunos de baixo nível
socioeconômico, se destacaram na Prova Brasil e no Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem).
O desafio de oferecer uma escola
pública de mais qualidade é para agora, não dá mais para esperar para o futuro.
E é nessa estrada que caminha o Setor de Educação da Comissão de Cultura e
Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que em parceria
com a Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), o Instituto Federal do
Rio Grande do Norte (IFRN) e a FTD Educação, vai promover o XX Encontro
Nacional da Pastoral da Educação, nos dias 11 e 12 de setembro virtualmente e
que tem como tema “Igreja em Saída: A Pastoral da Educação na
Escola Pública”.
O bispo de Santos (SP) e referencial
para educação no regional Sul 1 da CNBB – que compreende o estado de São Paulo,
dom Tarcísio Scaramussa acredita que relação à finalidade da educação, o Papa
Francisco foi feliz ao indicar como o grande desafio para a educação hoje as
três fraturas profundas: da educação com a transcendência, das diferenças
culturais e religiosas vinculadas à figura do “outro”, e o grande fosso entre a
natureza e a sociedade, fonte de tantas desigualdades.
“Com relação à prática vigente no
Brasil, considero enorme desafio a falta de consciência a respeito do valor da
educação para a superação dessas fraturas, isto em nível da família e dos
simples cidadãos, em nível de governo em suas várias instâncias, e também em
nível eclesial, enquanto nos omitimos como se isto fosse causa estranha à
evangelização”, aponta o bispo.
Foco no aluno e gestão pedagógica
Em Heliópolis, bairro na região
sudeste da capital paulistana, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF)
Campos Salles, tem se diferenciado das demais por apresentar uma estrutura que
foge dos padrões de aulas divididas em 45 minutos e ministradas por um único
professor, aponta a ONG Centro de Referência Educação Integral.
Segundo a ONG, a escola que já
possuía uma relação mais próxima com a comunidade e movimentos sociais do
entorno, passou a refletir sobre sua proposta pedagógica e infraestrutura
escolar e em 2007 começou uma revolução que contou com apoio da direção,
comunidade do bairro, Secretaria Municipal de Educação que revitalizou o
arredor da escola, a praça que era ponto de tráfico de drogas e extinguiu as
grades que separavam a escola do entorno.
Além disso, um novo projeto
pedagógico foi implantado. Salas de aula viraram um salão de estudos. No lugar
da aula expositiva, os estudantes passaram a receber roteiros de estudo, nos
quais, desenvolvem percursos de aprendizagem individuais e em grupo sobre os
mais diferentes campos do conhecimento.
Para o site da ONG a direção da
escola disse que “é visível a mudança de comportamento tantos dos estudantes,
quanto dos professores. A cultura colaborativa é cada vez mais forte na escola
e, embora ainda em processo, há maior disposição dos envolvidos em seguir
aprimorando o conceito e estratégias”.
Em março de 2019, o boletim
aprendizagem em foco do instituto Unibanco publicou que o estado do Ceará, nos
últimos dez anos, foi reconhecido pelos avanços no ensino público dos anos
iniciais e finais do Ensino Fundamental.
Segundo o boletim, desde que se
passou a medir Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, em 2005, o Estado
foi o que mais cresceu nesses dois níveis no Brasil. Com isso, algumas de suas
políticas viraram referência para outras unidades da federação e para o governo
federal.
De acordo com o instituto, a
alfabetização na idade certa, que nasceu no município de Sobral, foi um desses
exemplos e o modelo foi expandido para todo o Estado do Ceará e, em 2012,
acabou servindo de inspiração para o Programa Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa do governo federal.
Mesmo com modelos como esses,
referência e esforço de muitos – professores, alunos, pais e comunidade – o
direito à Educação de qualidade ainda está longe de ser assegurado e se
configura como o desafio mais urgente, aponta o Anuário Brasileiro da Educação
Básica 2019 que anualmente publica um raio x da realidade da educação pública
no Brasil.
Clique aqui para
saber mais sobre a pesquisa do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2019
Foto de capa: Brasil de Fato
Fonte: CNBB
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