As
palavras do Papa em apoio à resolução da ONU para um cessar-fogo global e
imediato que dê alívio às populações e permita combater a pandemia de Covid-19
ANDREA TORNIELLI
Nos últimos dias, o Conselho de
Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução por "uma cessação
imediata das hostilidades em todas as situações por pelo menos 90 dias
consecutivos", a fim de garantir assistência humanitária às populações
atingidas e combater as consequências devastadoras da propagação da Covid-19.
Francisco, com suas palavras no final
do Angelus, quis dar seu apoio à iniciativa, fazendo votos de que o cessar-fogo
global seja observado "de maneira efetiva e imediata". A iniciativa
do Papa representa um novo passo de um longo caminho. Um passo ainda mais
urgente em função da crise causada pela pandemia, cujas consequências mais
devastadoras - como as das guerras - recaem sobre os mais pobres.
No domingo, 29 de março, o Papa já
havia feito esse pedido, apoiando o apelo feito a esse respeito cinco dias
antes pelo secretário-geral das Nações Unidas. António Guterres havia pedido um
"cessar-fogo global e imediato em todos os cantos do mundo", reevocando
a emergência da Covid-19, que não conhece fronteiras. Francisco havia se unido
"àqueles que acolheram esse apelo" e havia convidado "todos a
implementá-lo, interrompendo todas as formas de hostilidade bélica, favorecendo
a criação de corredores para as ajudas humanitárias, a abertura à diplomacia, a
atenção àqueles que se encontram em situações de maior vulnerabilidade".
Que o empenho conjunto contra a
pandemia, havia desejado o Papa, "possa levar todos a reconhecer nossa
necessidade de fortalecer os laços fraternos como membros de uma única família.
Em particular, suscite nos responsáveis das Nações e nas partes envolvidas um
renovado compromisso em superar as rivalidades. Os conflitos não são resolvidos
com a guerra! É preciso superar os antagonismos e as diferenças por meio do
diálogo e de uma busca construtiva da paz”.
Nas semanas seguintes, Francisco
voltou mais duas vezes a deplorar os gastos com armamentos. Na homilia da
Vigília Pascal, celebrada em São Pedro, havia dito: "Façamos calar os
gritos de morte: de guerras, basta! Pare a produção e o comércio das armas,
porque é de pão que precisamos, não de metralhadoras.”
O Papa Bergoglio quis recordar
novamente esse tema que representa uma constante de seu Pontificado, também na
mais longa das duas orações marianas sugeridas aos fiéis no final do rosário em
maio: “Assista os líderes das nações, para que trabalhem com sabedoria,
preocupação e generosidade, socorrendo aqueles que não têm o necessário para
viver, planejando soluções sociais e econômicas com perspicácia e com espírito
de solidariedade. Maria Santíssima toca as consciências, para que as enormes
somas usadas para aumentar e aperfeiçoar os armamentos sejam destinadas a
promover estudos adequados para evitar catástrofes semelhantes no futuro".
Várias vezes e em diferentes
ocasiões, nos anos anteriores, Francisco havia denunciado a
"hipocrisia" e o "pecado" dos responsáveis daqueles
países que "falam de paz e vendem armas para fazer essas guerras".
Palavras repetidas também no retorno da última viagem internacional antes do
início da pandemia, na Tailândia e no Japão: “Em Nagasaki e Hiroshima parou em
oração, encontrou alguns sobreviventes e familiares das vítimas e reiterou a
firme condenação de armas nucleares e da hipocrisia de falar de paz construindo
e vendendo artefatos militares”.
Segundo
um relatório da Oxfam, em 2019 os gastos militares globais atingiram dois
bilhões de dólares e atualmente existem dois bilhões de seres humanos presos em
países em guerra e exaustos pela violência, perseguições, fome e agora também
pela emergência representada pela pandemia.
Fonte: Vatican News
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