O
mundo exalta o rico e o poderoso, não importa com que meios, e por vezes
espezinha a pessoa humana e a sua dignidade. E nós vemos isso todos os dias, os
pobres espezinhados. E é uma mensagem para a Igreja, chamada a viver obras de
misericórdia e a evangelizar os pobres, ser mansos, humildes. Assim o Senhor
quer que seja a sua Igreja, isto é, nós.
Vatican News
Antes de rezar o Angelus neste
XIV Domingo do Tempo Comum,, o Papa Francisco propôs a seguinte reflexão aos
peregrinos presentes na Praça São Pedro:
Queridos irmãos e irmãs, bom
dia!
O trecho evangélico deste domingo
(cf. Mt 11, 25-30) articula-se em três partes: primeiro, Jesus
eleva um hino de bênção e ação de graças ao Pai, pois revelou aos pobres e ao
simples o mistério do Reino dos céus; depois manifesta a relação íntima e única
entre ele e o Pai; e por fim convida-nos a estar com ele e segui-lo para
encontrar alívio.
Em primeiro lugar, Jesus louva o Pai,
porque escondeu os segredos do seu Reino, da sua Verdade, escondidos «aos
sábios e aos entendidos» (v. 25). Chama-os assim com um véu de ironia, porque
presumem ser sábios, entendidos e por isso têm o coração fechado, tantas vezes.
A verdadeira sabedoria vem também do coração, não é somente entender ideias. A
verdadeira sabedoria também entra no coração. E se tu sabes tantas coisas e
tens o coração fechado, tu não és sábio. Jesus fala sobre os mistérios do seu
Pai revelando-os aos «pequeninos», àqueles que confiantemente se abrem à sua
Palavra de salvação, abrem o coração à Palavra da salvação, sentem necessidade
d'Ele e esperam tudo d'Ele. O coração aberto e confiante em relação ao Senhor.
Jesus explica que recebeu tudo do Pai
e chama-lhe “meu Pai”, para afirmar a singularidade da sua relação com Ele. De
facto, só entre o Filho e o Pai existe reciprocidade total: um conhece o outro,
um vive no outro. Mas esta comunhão única é como uma flor que desabrocha, para
revelar gratuitamente a sua beleza e bondade. E assim, eis o convite de Jesus:
«Vinde a mim...» (v. 28). Ele quer dar o que provém do Pai. Quer dar-nos a
Verdade, e a Verdade de Jesus é sempre gratuita, é um dom, é o Espírito Santo,
a Verdade.
Tal como o Pai tem preferência pelos
«pequeninos», também Jesus se dirige aos «cansados e aos oprimidos». Com
efeito, Ele coloca-se entre eles, porque é «manso e humilde de coração»: diz
para ser assim. Como na primeira e terceira bem-aventuranças, a dos humildes ou
pobres de espírito; e a dos mansos (cf. Mt 5, 3.5): a mansidão
de Jesus.
Assim, Jesus, «manso e humilde», não
é um modelo para os resignados nem simplesmente uma vítima, mas é o Homem que
vive «de coração» esta condição em plena transparência ao amor do Pai, ou seja,
ao Espírito Santo. Ele é o modelo dos “pobres em espírito” e de todos os outros
“bem-aventurados” do Evangelho, que fazem a vontade de Deus e dão testemunho do
seu Reino.
E depois Jesus diz que se formos até
ele encontraremos alívio: o “alívio” que Cristo oferece aos cansados e
oprimidos não é apenas psicológico ou esmola, mas a alegria dos pobres de serem
evangelizados e construtores da nova humanidade: este é o alívio. A alegria. A
alegria que nos dá Jesus. É única. É a alegria que ele mesmo tem. É uma
mensagem para todos nós, para todas as pessoas de boa vontade, que Jesus
transmite ainda hoje no mundo que exalta aqueles que se tornam ricos e
poderosos. Mas, quantas vezes dizemos: “Ah, eu gostaria de ser como aquele,
como aquela, que é rico, tem tanto poder, não lhe falta nada..”. O mundo exalta
o rico e o poderoso, não importa com que meios, e por vezes espezinha a pessoa
humana e a sua dignidade. E nós vemos isso todos os dias, os pobres
espezinhados. E é uma mensagem para a Igreja, chamada a viver obras de
misericórdia e a evangelizar os pobres, ser mansos, humildes. Assim o Senhor
quer que seja a sua Igreja, isto é, nós.
Maria,
a mais humilde e nobre das criaturas, implore de Deus a sabedoria do coração –
a sabedoria do coração - para nós, para que possamos discernir os seus
sinais na nossa vida e participar daqueles mistérios que, escondidos aos
soberbos, são revelados aos humildes.
Fonte: Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário