Já
é o terceiro dia de missa via streaming, celebrada pelo Papa Francisco na
Capela da Casa Santa Marta. Nesta quarta-feira (11), o Pontífice continuou a
rezar pelos doentes de coronavírus, dirigindo um pensamento especial aos
presos. Na homilia, o Papa falou dos cristãos perseguidos, citando inclusive
Asia Bibi.
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Nesta quarta-feira (11), o Papa
Francisco presidiu a terceira missa ao vivo, via streaming, direto da Capela da
Casa Santa Marta, no Vaticano. O Pontífice, introduzindo a celebração,
novamente rezou por quem sofre pelo coronavírus, com um pensamento especial aos
presos.
Continuamos a rezar pelos doentes
dessa epidemia. E, hoje, de maneira especial, gostaria de rezar pelos
encarcerados, pelos nossos irmãos e as nossas irmãs, presos em cárceres. Eles
sofrem, e devemos estar próximos a eles com a oração para que o Senhor os ajude,
os console neste momento difícil
Em seguida, o Papa leu a antífona do
Salmo 37 (22-23):
“Não me abandoneis, Senhor. Ó meu
Deus, não fiqueis longe de mim. Depressa, vinde em meu auxílio, Senhor, minha
salvação!”.
Já na homilia, ao comentar as leituras
do dia que falam da Paixão de Jesus, Francisco enfatizou como é mesmo do diabo
destruir com um estilo próprio, a obstinação. Há a sedução, com a qual satanás
quer nos distanciar da Cruz de Cristo, oferecendo o espírito mundano, o poder,
a vaidade, mas tem também a obstinação. O Papa recordou ainda os muitos
cristãos perseguidos e citou Asia Bibi. Acompanhe, agora, o texto da homilia,
segundo uma transcrição do Vatican News:
A primeira leitura, uma passagem do
Profeta Jeremias, é realmente uma profecia sobre a Paixão do Senhor. O que
dizem os inimigos? ‘Vinde para o atacarmos com a língua, e não vamos prestar
atenção a todas as suas palavras’. Vamos colocar obstáculos. Não diz: 'Vamos
vencê-lo, vamos acabar com ele': não. Dificultar a vida, atormentá-lo. É o
sofrimento do profeta, mas ali tem uma profecia sobre Jesus. O próprio
Jesus, no Evangelho, nos fala disso: 'Eis que estamos subindo para Jerusalém, e
o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles
o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, para
flagelá-lo e crucificá-lo'. Não é somente uma sentença de morte: tem mais. Tem
a humilhação, a obstinação. E quando tem a obstinação na perseguição de um
cristão, de uma pessoa, tem o demônio.
O demônio tem dois estilos: a
sedução, com as promessas do mundo, como quis fazer com Jesus no deserto,
seduzi-lo e com a sedução fazê-lo mudar o plano da redenção; e, se isso não
funciona, a obstinação. Não tem meio termo, o demônio. A sua soberba é tão
grande que busca destruir, e destruir desfrutando da destruição com a
obstinação.
Pensemos nas perseguições de tantos
santos, de tantos cristãos que não (só) os matam, mas também os fazem sofrer e
buscam, de todas as formas, humilhá-los, até o fim. Não confundir uma simples
perseguição social, política, religiosa, com a obstinação do diabo. O diabo se
obstina, para destruir. Pensemos ao Apocalipse: quer devorar aquele filho da
mulher, que está para nascer.
Os dois ladrões que estavam
crucificados com Jesus, foram condenados, crucificados e os deixaram morrer em
paz. Ninguém insultava eles: não interessava. O insulto era somente para Jesus,
contra Jesus. Jesus diz aos apóstolos que será condenado à morte, mas será
ridicularizado, flagelado, crucificado... Eles gozam dEle. E o caminho para
sair da obstinação do diabo, dessa destruição, é o espírito mundano, aquele que
a mãe pede pelos filhos, os filhos de Zebedeu.
Jesus fala de humilhação, que é o
próprio destino, e ali lhe pedem aparência, poder. A vaidade, o espírito
mundano é mesmo o caminho que o diabo oferece para se distanciar da Cruz de
Cristo. A própria realização, o carreirismo, o sucesso mundano: são todos
caminhos não-cristãos, são todos caminhos para encobertar a Cruz de Jesus.
Que o Senhor nos dê a graça de saber
discernir quando há o espírito que quer nos destruir com a obstinação, e quando
o próprio espírito quer nos consolar com as aparências do mundo, com a vaidade.
Mas não esqueçamos: quando tem obstinação, tem o ódio, a vingança do diabo
derrotado. É assim até hoje, na Igreja. Pensemos a tantos cristãos, como são
cruelmente perseguidos. Nestes dias, os jornais falavam de Asia Bibi: 9 anos na
prisão, sofrendo. É a obstinação do diabo.
Que
o Senhor nos dê a graça de discernir o caminho do Senhor, que é a Cruz, do
caminho do mundo, que é a vaidade, aparecer, maquiar.”
Fonte:
Vatican News
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