"Que
o Senhor nos dê esta graça, de ter esta sede de justiça, que é a vontade de
encontrar, de ver Deus e de fazer o bem aos outros", disse o Papa ao
realizar a Audiência Geral na Biblioteca do Palácio Apostólico.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do
Vaticano
Da Biblioteca do Palácio Apostólico,
o Papa Francisco realizou a Audiência Geral nesta quarta-feira (11/03). Sem
fiéis, sem peregrinos, sem abraços e afagos nas crianças e com os telões na
Praça São Pedro desligados, já que a mesma está fechada.
Transmitida ao vivo pelo portal do
Vatican News e pelas redes sociais, a Audiência se realizou como de costume:
com os locutores em várias línguas lendo o salmo inicial e o resumo da
catequese ao final.
As injustiças ferem a humanidade
O Pontífice deu continuidade ao ciclo
sobre as bem-aventuranças e hoje meditou sobre a quarta delas: “Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”
Fome e sede são necessidades
primárias, dizem respeito à sobrevivência. Mas fome e sede de justiça falam de
outra exigência vital e não se trata de vingança.
“Certamente,
as injustiças ferem a humanidade; a sociedade humana tem urgência de equidade,
de verdade e de justiça social; recordam que o mal sofrido pelas mulheres e
pelos homens do mundo chega até o coração do Pai. Qual pai não sofreria pela
dor dos seus filhos?”
Mas a fome e a sede de justiça de que
fala o Senhor, prosseguiu o Papa, é ainda mais profunda do que a legítima
necessidade de justiça humana que todo homem carrega em seu coração.
No próprio “sermão da montanha”,
Jesus fala de uma justiça maior do que o direito humano, dizendo: “Porque vos
digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo
nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt 5,20). É a justiça que vem
de Deus (cfr 1 Cor 1,30).
Em todo coração, há sede de verdade
Nas Escrituras, há uma sede ainda
mais profunda do que aquela física. Como diz o Salmo 63, a nossa alma tem sede
de Deus, como terra deserta, árida, sem água. Santo Agostinho expressou o que
significa esse desejo, quando afirmou que o nosso coração permanece inquieto
até repousar em Deus.
“Em
todo coração, até mesmo na pessoa mais corrupta e distante do bem, está
escondido um anseio rumo à luz, mesmo se sob os escombros de enganos e erros,
há sempre a sede de verdade e de bem, que é a sede de Deus. É o Espírito Santo
que suscita esta sede.”
Por isso a Igreja é enviada a
anunciar a todos a Palavra de Deus, porque o Evangelho de Jesus Cristo é a
maior justiça que se possa oferecer ao coração da humanidade, que é uma sua
necessidade vital, mesmo que não perceba.
Abrir mão do que é secundário
Cada pessoa é chamada a redescobrir o
que conta realmente, daquilo que realmente necessita, o que faz viver bem e, ao
mesmo tempo, o que é secundário e aquilo que, tranquilamente, podemos abrir
mão.
Nesta bem-aventurança, Jesus anuncia
que há uma sede que não será desiludida, porque corresponde ao coração próprio
de Deus e à semente que o Espírito Santo semeou em nossos corações. Francisco
concluiu:
"Que
o Senhor nos dê esta graça, de ter esta sede de justiça, que é a vontade de
encontrar, de ver Deus e de fazer o bem aos outros."
Fonte:
Vatican News
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