No
dia da publicação da Exortação pós-sinodal sobre a Amazônia, o jornal
L'Osservatore Romano recordou na edição desta quarta-feira a irmã Dorothy Mae
Stang, assassinada em 2005 por criminosos que se opunham ao seu corajoso
compromisso contra o desmatamento das florestas.
Silvonei José - Cidade do Vaticano
O nome dela era Dorothy Mae Stang,
mas para todos era irmã Dorote. Onde ela está sepultada - no acampamento de Boa
Esperança, em Anapu (Pará), junto à floresta amazônica que era toda a sua vida
- uma simples cruz azul, feita de madeira, no meio de flores. Seis tiros foram
disparados contra ela em 12 de fevereiro de 2005, por criminosos que não
gostavam de seu corajoso compromisso contra o desmatamento, o que a levou a
desafiar empresários e proprietários de terras, recebendo ameaças de morte em
várias ocasiões. Fechou os olhos aos 73 anos de idade, com a Bíblia na mão, a
sua única "arma".
Não é por acaso que a apresentação
da exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazônia coincidiu
com os quinze anos da morte desta religiosa estadunidense, pertencente à
congregação das Irmãs de Nossa Senhora de Namur, missionária no Brasil desde
1966, sempre ao lado de camponeses e operários. Dorothy Stang, pelo seu sacrifício,
"testemunho de fé", representa um dos exemplos mais brilhantes de
devoção ao Evangelho aplicado na ação, ao lado dos mais humildes, dos sem voz.
Ela representa todos aqueles
religiosos, sacerdotes, irmãos, diáconos, leigos, que todos os anos perdem a
vida no mundo em nome da fé. Muitos caíram em defesa dos povos indígenas, como
Paul McAuley, dos Irmãos das Escolas Cristãs, um religioso britânico
assassinado na Amazônia peruana, ou Dilma Ferreira da Silva, líder do Movimento
das pessoas danificadas pela construção de barragens (também ela assassinada no
Estado do Pará), como o missionário comboniano italiano Ezechiele Ramin, ou
monsenhor Alejandro Labaka, morto a tiros em 1987 no Equador, junto com a irmã
Inés Arang.
A história da vida de Dorothy Stang -
escreve a irmã Roseanne Murphy no livro Mártir da Amazônia (Bolonha, Emi) -
"continuará a inspirar inúmeras pessoas a manter vivos os seus ideais não
só no Brasil, mas em todos os lugares onde há pessoas que sentem o peso da
opressão". Em Anapu Irmã Dorote fundou o sindicato dos agricultores
locais, promoveu a construção de vinte e três escolas em uma área onde a
educação estava ausente, ensinou técnicas agrícolas sustentáveis, fez os
indígenas entenderem a importância de lutar por seus direitos. Ela mostrou a
todos "o que pode fazer quem tem fé, coragem e determinação para mudar uma
parte do mundo que precisa desesperadamente de justiça". É por isso que
"a sua história está longe de ser concluída".
Nesta
quarta-feira, como em todos os aniversários de sua morte, centenas de pessoas
se reuniram ao redor daquele túmulo na floresta. Entre eles estavam
representantes das muitas comunidades de base que surgiram especialmente depois
do sacrifício de Dorothy Stang, para compartilhar o Evangelho e vivê-lo, como
ela havia ensinado. Querida Amazônia é, portanto, também uma
justa homenagem a esta pequena mulher, campeã da justiça social, e a todos
aqueles que deram suas vidas para defender sua fé.
Fonte:
Vatican News
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