"Vocês,
sacerdotes, podem ser sempre artífices de bons relacionamentos e construtores
de paz. Cultivem este dom de Deus, entre os fiéis que lhes serão confiados,
aliviando suas feridas interiores e exteriores, contribuindo com meios de
reconciliação, para o futuro das crianças e jovens de suas terras": a
exortação do Santo Padre aos sacerdotes do país do Chifre da África, no
centenário do Pontifício Colégio Etíope
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O
Santo Padre concluiu sua série de audiências, na manhã deste sábado (11/01), no
Vaticano, recebendo cerca de 70 membros da Comunidade do Pontifício Colégio
Etiópe, por ocasião dos 100 anos de fundação.
O
Colégio etiópico, que se encontra entre os Jardins do Vaticano, fundado em
1929, esteve egregiamente representado, na audiência do Papa. Por isso,
Francisco saudou a todos: bispos da Etiópia e Eritreia, entre os quais dois
metropolitas e um cardeal, os estudantes com seus Superiores, os religiosos e
leigos.
Um agradecimento particular foi reservado ao Cardeal Leonardo
Sandri e ao Arcebispo Vasil. Mas, o Papa não deixou de expressar seu
reconhecimento à Congregação para as Igrejas Orientais, que sustentam o
Colégio, graças aos seus benfeitores.
Acolhimento
Em seu discurso aos presentes, Francisco explicou o porquê da
presença de etíopes entro os muros do Vaticano:
“Tudo
começou com a construção da igreja, depois a hospedaria para peregrinos e, por
fim, o Colégio, que comemora cem anos de vida. Tudo isso pode ser resumido em
uma palavra: acolhimento!”
Ao lado da antiga igreja, onde está o túmulo de São Pedro, os
filhos de povos, que vivem distantes de Roma, mas próximos da fé dos Apóstolos,
encontraram casa e hospitalidade cristã.
Grande
monje Tesfa Sion, o Etíope
Aqui, o Santo Padre recordou as palavras do grande monge, Tesfa
Sion, o Etíope, escritas na lápide da vizinha igreja de Santo Estevão dos
Abissínios, onde será celebrado o Jubileu do Colégio: "Eu mesmo sou
etíope, que peregrina de um lugar para outro. Mas, em nenhum lugar, exceto
Roma, encontrei a paz da alma e do corpo, porque aqui reina a verdadeira fé e
também porque encontrei o Sucessor de Pedro, que veio ao encontro das nossas
necessidades”. Este monge etíope enriqueceu a Cúria Romana, com a sua
sabedoria, e revisou a impressão do Novo Testamento em língua etíope.
Etiópia
e Eritreia, duas Igrejas unidas pela mesma tradição
E o Papa acrescentou:
“Vocês,
sacerdotes estudantes, provenientes da Etiópia e Eritreia, duas Igrejas unidas
pela mesma tradição, ainda hoje, nos transmitem a riqueza da história de suas
terras, suas antigas tradições, a pacífica convivência com membros da religião
judaica e islâmica, como com numerosos irmãos da Igreja Ortodoxa”.
Guerra
fratricida
Com este encontro de hoje, o Papa dirigiu seu pensamento a
tantos irmãos e irmãs da Etiópia e Eritreia, cuja vida é marcada pela pobreza,
pelas consequências da guerra fratricida, concluída há alguns meses, por anos
de sofrimento e divisões étnicas. E exortou:
"Vocês, sacerdotes, podem ser sempre artífices de bons
relacionamentos e construtores de paz. Cultivem este dom de Deus, entre os
fiéis que lhes serão confiados, aliviando suas feridas interiores e exteriores,
contribuindo com meios de reconciliação, para o futuro das crianças e jovens de
suas terras."
Hospitalidade:
ainda se pode fazer muito mais
Muitos de seus compatriotas, movidos pela esperança, deixaram
sua terra natal, com um alto preço, em busca de uma vida melhor em outros
países, mas, quase sempre, passaram por tragédias no mar e em terra firme.
Aqui, Francisco agradeceu os que lhes ofereceram hospitalidade, mas, disse aos
sacerdotes estudantes da Etiópia, ainda se pode fazer muito mais:
“Pode-se
fazer ainda muito mais e melhor, tanto em sua pátria quanto no exterior,
colocando em prática os anos de estudo e de permanência em Roma, através de um
serviço humilde e generoso, com base na união com o Senhor, a quem dedicamos a
nossa vida”.
Manter
o impulso missionário
O Santo Padre conclui seu discurso à comunidade da Etiópia e da
Eritreia, encorajando todos a manter a preciosa tradição eclesial, sempre unida
ao impulso missionário. Por fim, disse:
“Faço
votos de que à Igreja Católica, em suas nações, seja garantida a liberdade de
servir ao bem comum, permitindo que seus alunos concluam os estudos, em Roma ou
em qualquer outro lugar, e também tuteladas as instituições educacionais,
sanitárias e assistenciais, para o bem e a prosperidade dos seus países”.
Fonte:
Vatican News
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