A Sala Paulo VI virou uma
festa com a presença de milhares de crianças de 43 países, inclusive do Brasil,
que encontraram o Papa Francisco na manhã deste sábado (30). Eles vieram ao
Vaticano apresentar o seu empenho por um projeto que pensa e age pelo social e
pelo ambiente. O Pontífice afirmou: vocês escolheram bem e “são mais felizes
daqueles que querem tudo e não dão nada”.
Adriana Masotti, Andressa Collet - Cidade do Vaticano
Era um pouco depois do meio-dia deste sábado (30), quando o Papa
Francisco chegou na Sala Paulo VI para encontrar 3.500 crianças e adolescentes,
dos 6 aos 16 anos, provenientes de 43 países, inclusive do Brasil, acompanhados
dos pais. A audiência com o Pontífice concluiu o Encontro Internacional de
cinco dias em Roma do projeto “Yo Puedo”, isto é, “Eu Posso”.
A iniciativa é promovida pela Federação Institutos de Atividades
Educativas, a Fidae, com indicação da Congregação para a Educação Católica da
Santa Sé, inspirada na Exortação Apostólica Laudato Si’ do Papa Francisco. “Yo
Puedo” nasceu na Índia, em 2009, para uma abordagem metodológico que ajude a
superar alguns aspectos rígidos do sistema educativo tradicional.
A audiência toda
colorida
Depois da saudação da presidente Nacional da Fidae, Virginia
Kaladich, e da participação entusiasta de outros jovens, um bailarino expressou
toda a harmonia infantil, e uma coberta composta por 43 quadrados, unidos todos
juntos, representando as nações participantes, foi presenteada ao Papa.
Beleza e bondade são
inseparáveis
No discurso do Papa, as palavras compartilhamento,
solidariedade, bondade, beleza e juntos ganharam ênfase. “Beleza em ação” foi a
frase que Francisco logo definiu sobre o empenho diário testemunhado pelas
crianças e adultos presentes, uma “beleza formada pelo compartilhamento de
tantos pequenos gestos”, como peças de um mosaico. O Pontífice recordou, então,
que na tradição judaica e cristã, “beleza e bondade são inseparáveis”.
Como há a beleza da natureza, assim também a dos homens,
acrescentou o Papa, “encontram a sua plena realização dando vida a uma ‘beleza
compartilhada’”. E prosseguiu: “estamos diante de uma ‘chave’ do universo, pela
qual depende também a sua sobrevivência: essa chave é o desenho da aliança de
Deus”. O Papa então advertiu sobre o risco do homem criar uma sua beleza,
querendo substituí-la a Deus.
“Às vezes, inclusive nós, sem perceber, caímos nessa tentação,
quando o nosso ‘eu’ se torna o centro de tudo e de todos. Ao invés, caros
amigos, este projeto de vocês inspirado na Encíclica Laudato Si’ diz justamente
que não podemos ser nós mesmo sem o outro e sem os outros. Não devemos nos
enganar e cair na armadilha da exclusividade. Vocês entenderam que ‘eu posso’
deve se tornar ‘nós podemos juntos’. Juntos é mais bonito e mais eficaz! Eu
posso, nós podemos, juntos.”
Construir uma “aldeia
global da educação”
Juntos, continua o Papa, inclusive com os professores, já que
“somos chamados a construir uma ‘aldeia global da educação’, onde quem mora
gera uma rede de relações humanas, as quais são o melhor remédio contra
qualquer forma de discriminação, violência e bullying. Juntos, com os pais, que
podem inclusive aprender com os filhos sobre as inovações em relação à proteção
do meio ambiente, disse o Papa.
“Vocês fizeram uma escolha correta: desviaram o olhar da tela do
celular e arregaçaram as mangas para se colocar a serviço da comunidade. E
colocaram inclusive os celulares a serviço desse empenho!”.
E antes de convidar todos a se levantar para rezar em silêncio
uns pelos outros, o Papa falou da importância de usar a criatividade e a
fantasia nas iniciativas do projeto:
“Vocês preferiram a solidariedade, o trabalho comum e a
responsabilidade em vez de tantas outras coisas que o mundo oferece. (...) Aqui
está o porque vocês me parecem mais felizes de quem tem tudo e não quer dar
nada. Vocês são mais felizes daqueles que querem tudo e não dão nada. Somente
através do dar se pode alcançar a felicidade.”
Fonte: Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário