segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

A ARTE SACRA A SERVIÇO DA OBRA DA EVANGELIZAÇÃO



A arte sacra a serviço da obra da Evangelização
A pintura, a música, as obras de arte, a arquitetura e outras diversas expressões artísticas ressaltam a beleza da criação, do ser humano e o espírito religioso do povo brasileiro. O papa emérito Bento XVI escreveu em 2011 que “a arte é como uma porta aberta para o infinito, para uma beleza e para uma verdade que vão mais além da vida quotidiana”. Em carta aos artistas de 1999, São João Paulo II, reconheceu que “para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte”.
O reconhecimento da beleza da obra de Deus na arte traduzida pelos papas em cartas aos artistas reafirma que a arte e a fé caminham juntas, numa harmonia que respeita os valores e a sensibilidade de cada uma. Na Igreja, em todo o Brasil, é possível encontrar diversas manifestações artísticas que são dedicadas à obra da evangelização.
Em Juiz de Fora (MG), na avenida Barão do Rio Branco, o muro de 60 metros que cerca o terreno do seminário arquidiocesano Santo Antônio, onde também está o prédio da Cúria Metropolitana, foi grafitado e deu um colorido a mais na principal via da cidade.
Dom Gil Antônio Moreira, arcebispo metropolitano de Juiz de Fora, conta que a ideia de fazer o grande painel de cenas bíblicas e da história da Igreja foi para agregar beleza ao novo prédio e transformar o muro que divide em um muro que une e aproxima as pessoas. “Por que não aproveitar este espaço para comunicar o evangelho às pessoas que passam na avenida principal da cidade?”.
O bispo ressalta que a pintura chamou a muito a atenção e despertou um grande interesse da comunidade. “Muitas pessoas, quando vou celebrar missas nos bairros e em outras cidades, se aproximam para comentar positivamente sobre este grande painel”, destaca.
As cenas bíblicas ganharam uma expressão no muro pelas mãos do artista Igor Moreira de Abreu, conhecido “Tenxu”, um dos pintores do muro. Ele conta que foi um desafio e que este tipo de trabalho em ambiente urbano transforma o espaço ao redor, traz cores e alegria. “Ali foi rompida as barreiras do preconceito e tiramos o graffiti da margem da sociedade inserindo a prática em uma instituição religiosa”, ponderou.
Oração pela arte – Outra iniciativa que tem feito essa ponte entre arte e evangelização é o projeto da fundação Oração Pela Arte (OPA), em Salvador (BA), que utiliza diversas expressões artísticas como forma oração, de integração e de evangelização.
Bailarina do grupo desde 2004, Cora Coralina Cavalcante Castro Gonzalez, de 29 anos, diz que a dança é uma arte muito forte na cultura brasileira. “É difícil ver alguém cantar uma música animada sem começar a se balançar. É quase que natural para nós expressarmos os sentimentos através do nosso corpo. E por que não usar o corpo inteiro para expressar nossa oração?”, ressalta.
Cora afirma que o grupo fundado pelo padre jesuíta paraguaio Irala Arguello, em 1970, é uma referência na evangelização por meio da arte popular. “As pessoas começaram a enxergar que era possível se aproximar de Deus de forma mais simples, formas que eram próprias da sua cultura, como através das diversas artes: música, dança, teatro, fotografia, poesia, artes plásticas, etc”.
No início dos anos 90, o OPA deu início a uma novena de Natal criativa, cantando suas diversas músicas de Advento e Natal. Segundo Cora, tudo começou apenas com o coral cantando as canções, aos poucos foi incluído o teatro, a dança e outras outras artes.
“Chegamos a ter mais de 60 participantes de todas as idades levando a Boa Nova do menino Jesus em diversas comunidades de Salvador, principalmente as de periferia. O primeiro impacto que nós sentimos é a participação da comunidade durante o Auto de Natal, interagindo nos diálogos e dançando conosco. Depois vemos também o sentimento de ‘quero mais’ das comunidades, sempre pedindo novamente nossa presença para que o Natal deles fosse completo”, destaca.
Outra iniciativa que vem tocando corações com a arte é a Oficina Viva que compreende produção de shows, de produtos áudio-visuais, musicais, pocket shows, workshops e cursos de desenvolvimento humano para artistas. O projeto é comandado pela cantora Ziza Fernandes, em São Paulo e Rio de Janeiro.
Um dos professores de expressão corporal da oficina, Diego Ciarrocchi, diz que o trabalho funciona servindo a Deus através da face da beleza em suas diversas dimensões artísticas tendo sempre a certeza que o belo atrai, mas é Deus que converte.
 “O processo artístico, a disciplina, a constância são formas infindáveis de evangelização. Não há técnica que supere a verdade. Nos palcos e na vida, ame, talvez esse seja seu melhor papel e sua melhor evangelização”, observa.
Diego aponta que também que: “É triste ver no contexto atual ainda grande escassez de arte bela na igreja. Mas ao mesmo tempo, é uma alegria ver que existe esperança. Talvez essa seja a palavra que represente a reação do público”.
Para o professor, o trabalho do artista só está completo se a mensagem tocar o público, se conectar com as pessoas e proporcionar conversões. Mas nem sempre esse “sucesso” está nos aplausos da apresentação do palco, mas sim no silêncio dos bastidores.
“Às vezes percebo que Deus não age nos grandes palcos, mas sim nos bastidores. O maior impacto na comunidade e nas pessoas que passam pela Oficina Viva é na vida com novo sentido, com uma nova busca, com um novo encontro”, ressalta Diego.
 Fonte: CNBB

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