Irmã Dulce. Foto: Obras Sociais Irmã
Dulce/Divulgação.
REDAÇÃO CENTRAL, 24 Ago. 19 / 06:00
am (ACI).- Irmã Dulce dos Pobres, que será
canonizada em 13 de outubro, tinha uma relação especial com o futebol, um time
do coração e até um jogador preferido, como revelou recentemente o Arcebispo de
Salvador, Dom Murilo Krieger.
Em um artigo intitulado “Irmã Dulce e
o Ypiranga”, o Arcebispo Primaz do Brasil contou que a proximidade da
canonização tem revelado “histórias interessantes” sobre a religiosa e uma
delas é a sua torcida pelo time de futebol baiano Ypiranga, fundado em 1906, o
qual “foi um os primeiros times do Brasil a aceitar a inclusão de jogadores
negros”.
“O que emerge dessas histórias são
aspectos humanos dessa figura encantadora que a cidade de Salvador e o estado
da Bahia já conheciam, e que o Brasil mais e mais passa a conhecer e admirar”.
Conforme relata o Prelado, “a partir
dos 13 anos”, a então pequena Maria Rita (seu nome de batismo), “ia aos domingos, em companhia de seu pai e
irmãos, ao Campo da Graça, torcer pelo Ypiranga”.
A menina “não escondia sua
preferência pelo jogador Popó (Apolinário Santana), conhecido como “o craque do
povo”, “o Terrível”. Provavelmente se unia à torcida, que cantava: ‘Não há
fogueira sem brasa, não há mato sem cipó, não há partida animada, quando não
joga Popó’”.
O passar do tempo, o ingresso
na vida religiosa, nada “diminuiu o
interesse de Irmã Dulce pelo futebol”, assinala o Arcebispo.
“Já na década de oitenta, ao dar um
testemunho a respeito de Popó”, ela afirmou: “Popó era o meu preferido. Era um
escuro com as pernas tornas. Se ele estivesse vivo hoje, ele seria Pelé. Ele
era danado na bola!”. “Sem dúvida – observa Dom Murilo –, exageros de uma
santa”.
Por sua vez, o Ypiranga fez história
e ficou conhecido como “o mais querido” ou “aurinegro” (pela cor amarela e
preta de seu uniforme). “Era o time de maior torcida em Salvador, na primeira
metade do século passado, tendo conseguido dez títulos estaduais (o último, em
1951)”, mas, “sua última participação na primeira divisão foi em 1999”.
Quanto a Popó, conta, “mesmo tendo
sido o maior craque baiano nas décadas de 20 e 30, e o maior ídolo da história
do clube, morreu pobre. O futebol da época dava fama que encantava até os
santos, mas não dinheiro”.
Narrada esta história, Dom Murilo
Krieger assinala que “aspectos como esse da vida de Irmã Dulce dos Pobres
servem para nos mostrar que os santos têm como característica estarem sempre
com os olhos voltados para o céu, mas com os pés sempre bem firmes na terra em
que pisam”.
Nesse sentido, “longe de serem
alienados”, os santos “também sentem, sofrem, alegram-se e reagem como qualquer
um de nós. A diferença está nas motivações que os dirigem, no equilíbrio que os
mantêm em qualquer situação e na intensidade de seu amor por Deus e pelo
próximo. Afinal, o mesmo futebol que alegra e diverte pode se tornar uma paixão
doentia – essa, sim, inútil, alienante, cara e prejudicial”.
“Quanto ao Ypiranga: quem sabe agora
tenha um novo e celestial impulso!”, conclui.
Fonte: ACI Digital
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