Em
edição deste sábado (24), o jornal vaticano L’Osservatore Romano repropôs um
extrato do livro do cardeal brasileiro, Dom Cláudio Hummes, sobre a Amazônia e
os novos modelos de desenvolvimento para deter os predadores da floresta.
"Um dos problemas cruciais para proteger a Amazônia e os povos que habitam
a floresta surge, precisamente, do modelo de desenvolvimento adotado
atualmente, imposto pelas autoridades públicas e pelos interesses das empresas
privadas. Trata-se, basicamente, de um modelo que se expressa como uma reedição
do colonialismo."
Manoel
Tavares - Cidade do Vaticano
O jornal do Vaticano
L’Osservatore Romano publicou, na sua edição deste sábado (24/8), um capítulo
do livro "O Sínodo para a Amazônia", de autoria do Cardeal Cláudio
Hummes, Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), dedicado aos
"Novos modelos de desenvolvimento” para deter os predadores da floresta.
Um dos
problemas cruciais para proteger a Amazônia e os povos que habitam a floresta –
afirma o jornal vaticano – surge, precisamente, do modelo de desenvolvimento
adotado atualmente, imposto pelas autoridades públicas e pelos interesses das
empresas privadas. Trata-se, basicamente, de um modelo que se expressa como uma
reedição do colonialismo.
Reedição do Colonialismo
A floresta
amazônica é concebida em termos de uma imensa reserva, explorada por indústrias
de todos os tipos: utilização da madeira, pesca, minas, busca de agricultura
preciosa e intensiva, monoculturas para exportação como soja, milho, algodão.
E, por parte do governo, grandes projetos para a produção de eletricidade
(hidrelétrica) e muitas outros.
Quando
essas atividades predatórias começam a se expandir é inevitável a derrubada das
florestas e os processos de poluição da água. Com o desmatamento, a poluição, a
imensa rica e complexa biodiversidade do ambiente se dissipam.
Emigração dos índios
Como
consequência direta e simultânea dessas ações, milhares de índios são forçados
a migrar para outros lugares por não terem mais a chance de viver nas áreas
devastadas da floresta. Quando chegam às cidades, a grande maioria acaba nos
subúrbios e se defronta com a pobreza e alcoolismo, permanecendo em estado de
abandono total. Assim, são descartados e excluídos da sociedade, em nome do
progresso.
Novos modelos de desenvolvimento
O Sínodo
para a Amazônia – recorda l’Osservatore Romano -enfrentará o desafio de
formular e promover novos modelos de desenvolvimento. Claro, a Igreja como tal
não tem competência para formular modelos deste tipo, mas é capaz de denunciar
os males, que o modelo atual provoca; pode indicar princípios, que iluminam a
formulação de novos modelos e estimular o desenvolvimento de modelos, sua
implementação e funcionamento.
Em nossos
dias, deve ser proposto um modelo socioambiental de desenvolvimento, que se
contrapõe ao atual modelo vigente, de puro saque, que poderia ser definido como
“neocolonialista”.
Modelo alternativo
A
Conferência de Aparecida, em 2007, - recorda ainda o jornal vaticano - havia
proposto "buscar um modelo de desenvolvimento alternativo, integral e
solidário, baseado em uma ética da busca responsável de uma autêntica ecologia
natural e humana, cujas raízes se afundam no evangelho da justiça,
solidariedade e destino universal dos bens"(DA, 474).
Por fim,
l’Osservatore Romano ressalta o atual modelo de predação, bem descrito pelo
Papa Francisco, quando denuncia "aqueles que, depois de terem explorado
tudo o que podiam explorar, dão no pé" (RJ, 2013). Neste sentido, disse o
Papa, “a Igreja não faz a mesma coisa”.
Consequências desastrosas
O modelo
socioambiental deve ser "um modelo de redistribuição de renda, do uso
coletivo da terra, como reservas minerais, terras indígenas, territórios
administrados em quilombos e projetos de desenvolvimento sustentável. E o
Jornal do Vaticano conclui dizendo: se o atual modelo de desenvolvimento da
Amazônia persistir, toda a região será destruída, com terríveis e desastrosas
consequências para o mundo.
Fonte:Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário