“Eu creio que precisamos unir toda a
sociedade para termos algum resultado daqui a algum tempo”, afirmou o cardeal
Orani João Tempesta, sobre relatório divulgado nesta semana que revela dados
alarmantes sobre a violência no país.
Silvonei José, Andressa Collet –
Cidade do Vaticano
Nesta
semana foi divulgado um relatório sobre a violência no Brasil que registrou
números de alcances históricos: em 2017, o país registrou mais de 65 mil
homicídios, um aumento de 4,2% em relação ao ano anterior. Os dados são do
Atlas da Violência 2019 que traz o mapeamento das mortes violentas no Brasil
feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com base em dados de 2017, coletados
pelo Ministério da Saúde.
De passagem por Roma, o cardeal Orani João Tempesta, arcebispo
metropolitano do Rio de janeiro, comentou “a estatística ruim para o país” e
exortou a união de forças para “se fazer algo para a convivência pacífica”.
“Muitas
das questões de violência vêm de tantos desequilíbrios, droga, roubos e latrocínios,
a situações de vinganças e outras tantas tão variadas. Isso se vive em todo o
país. O Rio de Janeiro não é a cidade mais violenta do Brasil, embora pareça
isso muito pela mídia, devido à posição e tradição da cidade. Mas no meio
dessas questões todas tem muita gente boa, pacífica e que quer a paz, que é a
maioria das pessoas. Eu creio que algo deve ser feito por toda a sociedade
brasileira, tantos as igrejas, como as organizações, entidades sociais e
governos, porque só um grupo não consegue dar conta dessa transformação social
que exige, que supõe mudança social, mais justiça social, paz e perdão. Só com
prisão não resolve, porque mesmo na prisão se mata. Só com castigo não resolve,
porque não muda a mentalidade. Eu creio que precisamos unir toda a sociedade
para termos algum resultado daqui a algum tempo.”
Quando visita as prisões, comenta Dom Orani, “a maioria dos
detentos está dentro da classificação” apontada pelo relatório, de que o perfil
com maior possibilidade de morte corresponde a um homem jovem, negro e
solteiro: 75% das vítimas de homicídio em 2017 eram negras ou mulatas. O
relatório também indica o aumento de casos de feminicídio que chega a 13 por
dia no país.
“É
uma das questões que eu tenho pensado e não cheguei a uma conclusão ainda. Há
esse aumento da violência contra a mulher, quando tantas leis foram feitas no
país pra defender a mulher. De um lado demonstra a ineficácia das leis, e de
outro uma mentalidade de machismo que não respeita a mulher.”
Fonte: Vatican News
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