Em
seu primeiro discurso em terra búlgaras, o Pontífice explicou que a sua visita
à Bulgária se realiza na esteira de São João Paulo II, que visitou o país em
maio de 2002, e na memória de Dom Angelo Roncalli, futuro Papa João XXIII, que
foi Delegado Apostólico em Sófia, durante quase dez anos
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O
Papa Francisco deixou o Vaticano, na manhã deste domingo (05/5), para mais uma
Viagem Apostólica do seu Pontificado, a de número 29, que o leva a dois países:
a Bulgária e a Macedônia do Norte.
O
Santo Padre partiu do aeroporto internacional de Fiumicino às 7h10 (2h10 de
Brasília) e, após menos de duas horas de viagem, chegou ao aeroporto de Sófia, capital
da Bulgária.
Durante a viagem, como faz habitualmente, o Pontífice enviou
telegramas aos Chefes de Estado dos países sobrevoados: Itália, Croácia,
Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Sérvia.
Ao chegar ao aeroporto de Sófia, o Papa foi recebido pelo Núncio
Apostólico, Dom Anselmo Guido Pecorari, pelo Primeiro Ministro, Boyko Borisov,
com o qual manteve um encontro privado.
No país, diversidade vista como oportunidade e riqueza
A seguir, Francisco dirigiu-se automóvel ao Palácio Presidencial
de Sófia, para uma visita de cortesia ao Presidente búlgaro, Rumen Radev, e a
cerimônia de boas-vindas.
Depois, diante do Palácio Presidencial, na Praça Atanas Burov, o
Santo Padre manteve um encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil, o Corpo
Diplomático e representantes de várias Confissões Religiosas.
Após as palavras de boas-vindas do Presidente búlgaro ao Papa,
Francisco pronunciou seu discurso expressando sua alegria por encontrar-se na
Bulgária, para confirmar seus irmãos na fé e encorajá-los no seu caminho e
testemunho de vida cristã. E, ao agradecer as autoridades civis e religiosas
presentes, Francisco disse:
“[A
Bulgária] é um lugar de encontro entre múltiplas culturas e civilizações, ponte
entre o leste e o sul da Europa, porta para o Oriente Médio; uma terra de
antigas raízes cristãs, que favorecem o encontro seja entre a comunidade local
como a internacional. Aqui, a diversidade, no respeito pelas peculiaridades
específicas, é vista como uma oportunidade e uma riqueza, não como contraste”.
Verdadeiros ensinamentos das religiões promovem a paz
Neste sentido, o Papa cumprimentou, cordialmente, Sua Santidade
o Patriarca Neofit, os Metropolitas e Bispos da Santo Sínodo, os fiéis da
Igreja Ortodoxa, os cristãos das outras Comunidades eclesiais, os membros da Comunidade
judaica e os fiéis muçulmanos. E recordou:
“Reafirmo
com vocês a forte convicção de que os verdadeiros ensinamentos das religiões
convidam a permanecer ancorados nos valores da paz; apoiar os valores do
conhecimento mútuo, da fraternidade humana e da convivência comum”.
Assim, Francisco convidou a aproveitar da hospitalidade que o
povo búlgaro oferece, para que cada religião, chamada a promover harmonia e
concórdia, possa contribuir para o crescimento de uma cultura e um ambiente, no
respeito da pessoa humana e da sua dignidade, das civilizações e tradições
diferentes rejeitando toda a violência e coação.
Visita na esteira de João Paulo II e memória de João XXIII
Neste contexto, o Pontífice explicou que a sua visita à Bulgária
se realiza na esteira de São João Paulo II, que visitou o país em maio de 2002,
e na memória de Dom Angelo Roncalli, futuro Papa João XXIII, que foi Delegado
Apostólico em Sófia, durante quase dez anos. Sobre ele Francisco disse:
“São
João XXIII trabalhou com afinco para promover a colaboração fraterna entre
todos os cristãos e com o Concílio Vaticano II, - por ele convocado e presidido
na sua primeira fase, - deu grande impulso e incisividade ao desenvolvimento
das relações ecumênicas”.
Cirilo e Metódio, "Apóstolos dos Eslavos"
Em continuação a estes acontecimentos providenciais, - recordou
Francisco, - há quase cinquenta anos, uma Delegação oficial Búlgara, visita
anualmente o Vaticano por ocasião da festa dos Santos Cirilo e Metódio. Sobre
estes dois “Apóstolos dos Eslavos” disse:
“Eles
evangelizaram os povos eslavos e estiveram na origem do desenvolvimento da sua
língua e cultura e, sobretudo, de abundantes e duradouros frutos de testemunho cristão
e de santidade. Os Santos Cirilo e Metódio, padroeiros da Europa, continuam
sendo exemplo, por mais de um milênio, e inspiradores de diálogo fecundo,
harmonia e encontro fraterno entre as Igrejas, os Estados e os povos!”
Na atual conjuntura histórica, trinta anos depois do fim do
regime totalitário, que dificultava a liberdade e as iniciativas, - afirmou
Francisco, - a Bulgária arca, hoje, com as consequências da emigração de mais
de dois milhões de seus cidadãos que vão à busca de novas oportunidades de vida
e de trabalho em outros países. Por outro lado, defronta-se com o fenômeno dos
que fogem das guerras, dos conflitos ou da miséria, em busca de uma vida melhor
no rico Continente europeu.
Não fehcar os olhos aos que batem à porta
Por fim, o Santo Padre encorajou os governantes da Bulgária a
continuarem a criar condições para que, sobretudo os jovens, não sejam
obrigados a emigrar. Por isso, fez-lhes um apelo “a não fechar os olhos, o
coração e as mãos aos que batem à sua porta”. E concluiu seu discurso com a
exortação:
“Este
país sempre se distinguiu como ponte entre Oriente e Ocidente, favorecendo o
encontro entre diferentes culturas, etnias, civilizações e religiões, que há
séculos vivem em paz aqui. Esta terra fértil pelo trabalho humilde de tantas
gerações e aberta aos intercâmbios culturais e comerciais, integrada à União
Europeia e com sólidos laços com a Rússia e a Turquia – possa oferecer aos seus
filhos um futuro de esperança! Que Deus abençoe a Bulgária e a mantenha sempre
pacífica, acolhedora, próspera e feliz!”
Fonte: Vatican News
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