A
celebração da missa na capela da Casa Santa Marta se tornou uma das
características mais marcantes do pontificado do Papa Francisco. A um pequeno
grupo de fiéis, o Pontífice fala de coração aberto, comentando as leituras do
dia.
Sergio Centofanti - Cidade do
Vaticano
Em 22 de março de seis anos atrás, a
Rádio Vaticano e o “L’Osservatore Romano” noticiavam a missa celebrada pelo
Papa Francisco na pequena capela da Casa Santa Marta.
Para a celebração foram convidados,
com grande surpresa, os lixeiros e jardineiros que naquele dia trabalhavam no
Vaticano, cerca de 30 pessoas no total. Desde então, as homilias na Domus
Sanctae Marthae se tornaram uma das características deste pontificado.
A comoção dos jardineiros e lixeiros
"Nós somos os invisíveis” –
declarou Luciano Cecchetti, responsável pela jardinagem e limpeza –
“Encontrar-se diante do Santo Padre, numa missa para nós, é algo que não
acontece todos os dias. Eu olhava ao redor e via o rosto dos funcionários:
todos saímos um pouco com os olhos marejados. Foi uma missa realmente muito
simples, em contato direto com quem poucos dias atrás havia sido eleito
Pontífice. E nós o agradecemos muito… especialmente quando nos saudou no final:
fomos apresentados um por um e para cada um de nós falou algo. O que disse um
pouco a todos foi: rezem por mim".
A primeira homilia
Padre Federico Lombardi, então
diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, forneceu uma breve síntese daquela
primeira homilia. O Papa havia refletido sobre o trecho do Evangelho da
liturgia do dia (Jo 10,31-42): “Os judeus pegaram então outra vez em pedras
para o apedrejar.. Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas
procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais?»”. “Se nós
tivermos o coração fechado – disse o Papa Francisco – se tivermos o coração de
pedra, as pedras chegam até as mãos e estamos prontos a lançá-las”, por isso é
preciso abrir o coração ao amor.
Oração silenciosa após a Missa
No final da missa, Francisco se
dirige à sacristia para tirar os paramentos e depois volta à capela para
sentar-se entre os fiéis. É uma primeira mensagem que o Papa dá: depois da
Eucaristia não nos dispersemos imediatamente, mas passemos alguns minutos de
oração pessoal num profundo silêncio.
Homilias na Santa Marta
Em seis anos o Papa pronunciou 678
homilias em Santa Marta: 150 em 2013, 136 em 2014, 90 em 2015, 96 em 2016, 102
em 2017, 89 em 2018, até agora 15 em 2019. As homilias não têm textos, breves,
são simples e claras, com uma linguagem concreta e vivida. Contêm sempre três
elementos: uma ideia, uma imagem, um sentimento. Concluem-se sempre com uma
síntese, que pretende recolher e fixar nos corações o que significa a Palavra
naquele dia, e com uma oração dirigida ao Senhor para que a Palavra transforme
a vida.
No centro, está Jesus
Em
cada homilia, Francisco quer fazer emergir o anúncio principal do Evangelho, o
kerigma: a boa notícia de que Jesus nos ama, deu a sua vida por nós e vive ao
nosso lado, todos os dias, para nos libertar e nos comunicar a infinita
misericórdia do Pai. São homilias que procuram tocar os corações: o Papa
recorda que a Palavra de Deus é "viva e eficaz" e como uma espada
"penetra até o ponto de divisão da alma e do espírito, até às articulações
e à medula" (Heb 4,12). A Palavra, se verdadeiramente é escutada e
acolhida, toca a vida, nos põe em discussão, nos move e nos impulsiona para o
essencial: a caridade.
Fonte: Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário