terça-feira, 19 de março de 2019

SÃO JOSÉ: SANTO MUDO DE PALAVRAS, MAS FALANTE PELAS AÇÕES




Pe. Rafhael Silva Maciel, Presbítero da Arquidiocese de Fortaleza e residente em Roma, propõe uma reflexão para o dia em que a Igreja celebra o seu Patrono Universal.

Cidade do Vaticano

Celebramos hoje o glorioso São José, Patrono da Igreja Universal. Para nós é motivo de alegria, mesmo dentro do período da Quaresma. São José é um dos mais claros exemplos de disponibilidade e de entrega sem reservas a Deus, uma vez que recebeu Maria e “recebeu-a com o Filho que havia de vir ao mundo, por obra do Espírito Santo; demonstrou deste modo uma disponibilidade de vontade, semelhante à disponibilidade de Maria, em ordem àquilo que Deus lhe pedia por meio do seu mensageiro” (João Paulo II, Exortação Apostólica “Redemptoris Custus”, n.03).
Um santo geralmente é conhecido pelo seu legado, sejam escritos sejam palavras transmitidas às gerações futuras pelos seus seguidores e discípulos. Mas de São José não encontramos discípulos, não encontramos escritos, não encontramos palavras suas dirigidas a quem quer que seja. Não seria forçoso dizer que São José é um santo mudo de palavras e falante pelas ações. “Esse silêncio de José tem uma especial eloquência: graças a tal atitude, pode-se captar perfeitamente a verdade contida no juízo que dele nos dá o Evangelho: o ‘justo’” (João Paulo II, Idem, n.17).


Silêncio ativo e operante

Para nós, que vivemos em um tempo profundamente ruidoso e barulhento o esposo de Maria aparece com seu silêncio. Mas, que tipo de silêncio? Um silêncio passivo e sem expressão? Um silêncio sem significado e sem vida?
Importante ter em consideração que o silêncio de José não é passivo e inexpressivo, mas ativo, operante, uma vez que “os Evangelhos falam exclusivamente daquilo que José ‘fez’; no entanto, permitem-nos auscultar nas suas ‘ações’, envolvidas pelo silêncio, um clima de profunda contemplação” (João Paulo II, Idem, n.25).
Para nós, que temos São José como Patrono, ele surge como um mestre de vida interior, como alguém que sabendo da grandeza de seu Criador se põe na adoração do mistério que lhe foi confiado: cuidar, orientar, educar o Filho de Deus, juntamente com sua esposa. Que grande missão, inexplicável ao entendimento humano, digno de ser escutado com o coração, no calar das palavras.
Desta vida de recolhimento “lhe provêm ordens e consolações singularíssimas: dela lhe decorrem também a lógica e a força, própria das almas simples e límpidas, das grandes decisões, como foi a de colocar imediatamente à disposição dos desígnios divinos a própria liberdade (...)” (João Paulo II, Idem, n.26).

Calar para ouvir a voz e a vontade do Senhor

São José nos ensina que é preciso antes calar para ouvir a voz e a vontade do Senhor. Calar para tentar entender os desígnios da vontade divina e só depois anunciar o Evangelho.
S. José homem de silêncio, homem de oração, homem justo, “que fez a experiência quer do amor da verdade, ou seja, do puro amor de contemplação da Verdade divina que irradiava da humanidade de Cristo, quer das exigências do amor, ou seja, do amor igualmente puro do serviço, requerido pela proteção e pelo desenvolvimento dessa mesma humanidade” (João Paulo II, Idem, n.27)
São José faz parte daqueles silenciosos para os quais falar é perder tempo, que tem um senso enorme de Deus, do seu Ser sem medida e de sua loucura de Amor. Ele não pede explicações ao Inexplicável! Finalizo lembrando o pedido que fazemos ao nosso Santo Padroeiro, no hino a ele dedicado: “São José, a vós nosso amor. Sede nosso bom protetor, aumentai o nosso fervor”.
Peçamos a São José pelo Santo Padre, hoje comemoramos 6 anos da cerimônia do início público de seu ministério.
Pe. Rafhael Silva Maciel
Presbítero da Arquidiocese de Fortaleza
Missionário da Misericórdia
 
Fonte: Vatican News

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