O Papa Francisco recebeu
em audiência esta manhã, no Vaticano, participantes de um Programa de
pós-graduação em Doutrina Social da Igreja e compromisso político na América
Latina.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
“É necessária uma nova presença de católicos na política na
América Latina”: palavras do Papa Francisco ao receber em audiência esta manhã,
no Vaticano, participantes de um Programa de pós-graduação em Doutrina Social
da Igreja e compromisso político na América Latina.
O seminário foi promovido pela Pontifícia Comissão para a
América Latina, com a colaboração do Conselho Episcopal Latino-Americano
(CELAM) e da Fundação Konrad Adenauer.
Para Francisco, esta “nova presença” não implica somente novos
rostos nas campanhas eleitorais, mas, principalmente, novos métodos que
permitam forjar alternativas que simultaneamente sejam críticas e construtivas.
Superar ideologias
O Papa recordou que ser católico comprometido na política não
significa ser um recruta de algum grupo, organização ou partido, mas viver
dentro de uma comunidade.
“As circunstâncias em que vivemos não mudarão de imediato”,
constatou o Papa. Todavia, podemos olhar para a realidade de maneira nova,
podemos viver com renovada paixão os desafios na construção do bem comum.
"Não nos esqueçamos que entrar na política significa apostar na amizade
social."
Francisco citou São Óscar Arnulfo Romero como um santo guiado
pela Doutrina Social da Igreja e com a mente e o coração depositados em Jesus.
Romero inspira os católicos a reencontrarem os motivos pelos
quais vale a pena fazer política, mas a partir do Evangelho, superando as
ideologias.
A política é uma
vocação de serviço
“A política não é a mera arte de administrar o poder, os
recursos ou as crises. A política é uma vocação de serviço.”
Na América Latina e em todo o mundo, acrescentou Francisco,
vive-se uma verdadeira “mudança de época”, que exige renovar linguagens,
símbolos e métodos.
Não se trata simplesmente de melhorar uma estratégia de
“marketing”, mas aplicar o mesmo método que Deus escolheu para se aproximar de
nós: a Encarnação.
“ Vocês como jovens
católicos dedicados a diversas atividades políticas têm que ser vanguarda no
modo de acolher as linguagens e os sinais, as preocupações e as esperanças dos
setores mais emblemáticos da mudança de época latino-americana. ”
Mulheres, jovens e
mais pobres
O Papa apontou para três setores que considera mais simbólicos
desta mudança de época: as mulheres, os jovens e os mais pobres.
Essas três categorias são “locais do encontro privilegiado com a
nova sensibilidade cultural emergente e com Jesus Cristo”. “Se não quiseremos
nos perder num mar de palavras vazias, olhemos sempre o rosto das mulheres, dos
jovens e dos pobres. Devemos olhá-los como sujeitos de transformação e não como
meros objetos de assistência.”
Eis então que uma nova presença de católicos na política é
necessária na América Latina – o que não implica somente novos rostos nas
campanhas eleitorais, mas, principalmente, novos métodos que permitam forjar
alternativas que simultaneamente sejam críticas e construtivas.
Inspiração do Evangelho
Para isso, é preciso valorizar o povo e os movimentos populares
de um modo novo. “Fazer política inspirada no Evangelho a partir do povo em
movimento pode se tornar uma maneira poderosa de sanar nossas frágeis
democracias e de abrir o espaço para reinventar novas instâncias
representativas de origem popular.”
O Pontífice convidou os jovens a viverem sua fé com grande
liberdade, sem jamais acreditar que existe uma única forma de compromisso
político para os católicos. "Um partido católico: quem sabe foi esta a
primeira intuição no despertar da Doutrina Social da Igreja que, com o passar
dos anos, se foi ajustando ao que realmente tem que ser a vocação do político
hoje em dia na sociedade, cristão. Não funciona mais o partido católico."
Francisco concluiu seu discurso insistindo na importância da
origem mestiça da América Latina e pedindo a intercessão de São Juan Diego para
que quando faltarem as forças para lutar pelo povo, possamos nos recordar que é
precisamente na debilidade que a fortaleza de Deus pode fazer seu melhor
trabalho.
Fonte: Vatican News
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