O
Papa anunciou sua "decisão de abrir à consulta dos pesquisadores a
documentação arquivística atinente ao Pontificado de Pio XII, até sua morte,
ocorrida em Castel Gandolfo em 9 de outubro de 1958”, ao receber em audiência
esta segunda-feira (04/03) os responsáveis e os funcionários do Arquivo Secreto
Vaticano
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
“Decidi
que a abertura dos Arquivos Vaticanos referentes ao Pontificado de Pio XII se
dará em 2 de março de 2020, exatamente à distância de um ano do octogésimo aniversário
da eleição de Eugenio Pacelli à Cátedra de Pedro.”
Foi o anúncio feito
pelo Papa Francisco ao receber em audiência ao meio-dia desta segunda-feira
(04/03) na Sala Clementina, no Vaticano, os responsáveis e os funcionários do
Arquivo Secreto Vaticano, um grupo de 75 pessoas.
Dirigindo-se
ao prefeito, vice-prefeito, arquivistas, assistentes e funcionários do Arquivo
Secreto Vaticano situou o encontro por ocasião da alegre celebração, sábado
passado, dos oitenta anos da eleição a Sumo Pontífice, em 2 de março de 1939,
do Servo de Deus Pio XII.
Figura de Pio XII hoje oportunamente
colocada na justa luz
A figura
daquele Pontífice, que conduziu a Barca de Pedro num momento entre os mais
tristes e sombrios do Séc. XX, agitado e em vários lugares dilacerado pelo
último conflito mundial – disse o Santo Padre –, com o período consequente de
reorganização das Nações e a reconstrução pós-bélica, esta figura foi
questionada e estudada em vários seus aspectos, por vezes colocada em discussão
e até mesmo criticada (se diria com alguns preconceitos ou exageros). Hoje essa
figura é oportunamente reavaliada e, aliás, colocada na justa luz por suas
poliédricas qualidades: sobretudo pastorais, mas também teológicas, ascéticas,
diplomáticas, enfatizou.
Em
seguida, Francisco ressaltou ao presentes que por desejo do Papa Bento XVI eles
estão desde 2006 trabalhando num projeto comum de inventário e preparação da
volumosa documentação produzida durante o Pontificado de Pio XII, a qual em
parte seus veneráveis predecessores São Paulo VI e São João Paulo II já
tornaram consultáveis.
Trabalho dos arquivistas no silêncio e
distante dos clamores
Referindo-se
à atividade desempenhada por todos eles, o Papa destacou que se trata de um
trabalho que se realiza no silêncio e distante dos clamores, cultiva a memória,
e num certo sentido, disse, “me parece que possa ser comparado à cultivação de
uma árvore majestosa, cujos ramos estão voltados para o céu, mas cujas raízes
estão solidamente fincadas na terra”.
“Se
compararmos essa árvore à Igreja, vemos que ela está voltada para o Céu, onde
se encontra a nossa pátria e o nosso último horizonte; as raízes, porém, fincam
no terreno da própria Encarnação do Verbo, na história, no tempo”, disse ainda.
“Vocês,
arquivistas, com sua paciente fadiga trabalham sobre essas raízes e contribuem
para mantê-las vivas, de tal modo que também os ramos mais verdes e mais jovens
da árvore possam ter boa seiva para seu crescimento no futuro”, acrescentou.
Arquivo completo do Pontificado de Pio
XII
“Este constante e
não leve esforço, de vocês e de seus colegas, me permite hoje, em recordação
daquela significativa data, anunciar a minha decisão de abrir à consulta dos
pesquisadores a documentação arquivística atinente ao Pontificado de Pio XII,
até sua morte, ocorrida em Castel Gandolfo em 9 de outubro de 1958.”
Assumo
essa decisão, continuou Francisco, “tendo ouvido o parecer de meus mais
estreitos colaboradores, com ânimo sereno e confiante, certo de que a séria e
objetiva pesquisa histórica saberá avaliar na justa luz, com crítica
apropriada, momentos de exaltação daquele Pontífice e, sem dúvida, também
momentos de graves dificuldades, de decisões difíceis, de humana e cristã
prudência, que a alguém poderá parecer reticência, e que ao invés foram
tentativas, humanamente também muito difíceis, para manter acesa, nos períodos
mais sombrios e de crueldade, a chama das iniciativas humanitárias, da
silenciosa, mas ativa diplomacia, da esperança em possíveis boas aberturas dos
corações”.
Igreja não tem medo da história
“A Igreja não tem
medo da história, aliás, a ama e quer amá-la mais e melhor, como Deus a ama!
Portanto, com a mesma confiança de meus Predecessores, abro e confio aos
pesquisadores esse patrimônio documentário.”
O Santo
Padre concluiu encorajando os responsáveis e funcionários do Arquivo Secreto
Vaticano, bem como os professores da Escola Vaticana de Paleografia,
Diplomática e Arquivística, a prosseguir no trabalho de assistência aos
pesquisadores – assistência científica e material – e também na publicação das
fontes do Papa Pacelli que serão consideradas
Fonte: Vatican News
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