Cardeal Baltazar Porras, Arcebispo de
Mérida e Administrador Apostólico de Caracas. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa
CARACAS, 07 Fev. 19 / 11:00 am (ACI).- O Administrador
Apostólico de Caracas, Cardeal Baltazar Porras, descartou a possibilidade de
uma nova mediação da Santa Sé para solucionar a crise na Venezuela, depois que
o presidente Nicolás Maduro divulgou uma carta enviada ao Papa Francisco com
este pedido.
"Acredito que as circunstâncias
dizem que não. Por quê? Porque é um chamado com uma página em branco para
conversar, mas para conversar sobre o quê, não há agenda prévia", disse o
Cardeal Porras à Rádio Continental da Argentina na quarta-feira, 6 de
fevereiro.
O Cardeal lembrou que em ocasiões
anteriores, quando o Vaticano participou como facilitador do diálogo, o que
conseguiu do governo de Maduro foi "um deboche. Realmente temos que chamar
assim as vezes em que o Vaticano foi convocado. O Papa quis de boa vontade
enviar alguém, e não se alncaçou nada”.
Além disso, a intenção do regime de
buscar "uma saída de fachada" torna a mediação vaticana
"inviável", indicou.
Na coletiva de imprensa que concedeu
no voo de regresso a Roma, depois de visitar os Emirados Árabes Unidos, o Papa
Francisco disse que, para que a mediação ocorra, "é necessária a vontade
de ambas as partes, ambas as partes pedindo. Esse foi o caso da Argentina e do
Chile" que evitaram uma guerra em 1978.
Juan Guaidó, que se autoproclamou
presidente interino da Venezuela, não solicitou a mediação do Vaticano.
Enquanto isso, a cada dia mais países o reconhecem como mandatário legítimo.
Na entrevista à Rádio Continental, o
Cardeal Porras também afirmou que "já é tradicional deste governo, quando
se sente apertado, com água no pescoço, chamar seus amigos", entre os
quais "países que não são totalmente confiáveis na causa da
democracia". "Esse não é o caminho", acrescentou.
Quando perguntado se há alguma
diferença ou distanciamento entre os bispos venezuelanos e
a Santa Sé, o Cardeal explicou que "há uma unidade de critério e atuação
plena e total, e uma relação permanente entre o Vaticano e nós".
"Temos o apoio total e completo do Santo Padre", destacou.
"O que acontece é o seguinte,
cada um tem que cumprir o seu papel. Os primeiros que temos que dar a cara
somos nós. Nós dissemos ao governo através do porta-voz da conferência
episcopal que está bem que queiram se dirigir ao Santo Padre, mas primeiro
deveriam passar por nós, porque há uma total sintonia e não há nada que farão
lá que seja diferente”.
"Os que temos a primeira opção (de
diálogo) somos os que estamos vivendo a situação que sofremos”, assinalou o
Arcebispo.
O Cardeal disse que, com sua carta ao
Papa, Maduro só procura "ganhar tempo", especialmente quando o povo
da Venezuela sai às ruas em busca de "uma saída pacífica" para a
grave crise do país.
"A situação piora a cada dia no
nível social, porque estamos em um processo como um tobogã, em queda, pelos
preços não só dos alimentos e medicamentos, como também pela falta de respeito
aos direitos humanos", lamentou o Administrador Apostólico de Caracas.
Fonte:
ACI Digital
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