Com as malas prontas para embarcar no próximo domingo rumo à Cidade do Panamá, o bispo de Imperatriz (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Vilsom Basso, concedeu entrevista ao Portal da CNBB para refletir sobre a XXXIV Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá a partir do próximo dia 22 no Panamá.
Dom Vilsom explica sobre a indicação que o lema mariano dá aos jovens, recordando a temática sinodal sobre o discernimento vocacional. O bispo também é questionado sobre o convite do papa aos jovens, de “rezar pela paz e pedir forças para sonhar e trabalhar pela construção da paz”. Ao contrário dos que buscam mais violência e armas para solucionar a problemática da violência “o coração da juventude é um coração aberto ao diálogo, a acolher as diferenças, a dialogar com outras culturas e a promover uma cultura de paz”, afirmou dom Vilsom.
Confira a entrevista na íntegra:
A 34ª edição da Jornada Mundial da Juventude conclui um itinerário mariano com o lema “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Qual a indicação aos jovens que esta palavra sugere?
Este lema indica aos jovens um caminho de experiência de Deus e discernimento vocacional. O jovem e a jovem que se encontra com Jesus Cristo é chamado a dizer sim ao projeto de Deus em sua vida, seja na vida familiar, religiosa, sacerdotal, laical. Onde estiver, é chamado a dizer sim ao projeto de Deus e promover a justiça e a paz.
A programação da JMJ oferece várias oportunidades para o jovem viver a espiritualidade, a cultura, a diversão e estar em sintonia com toda a Igreja. De que forma este evento mundial pode contribuir nas atividades de evangelização da juventude no Brasil?
Esta programação diversificada num grande evento de juventude ensina para nós. A Igreja precisa aprender a trabalhar o dia a dia, o ordinário de cada dia, as atividades simples de cada dia com as juventudes. E, ao mesmo tempo, de vez em quando, ter um evento maior, porque o evento maior enche os jovens de entusiasmo, de esperança e os anima a retornar para o dia a dia e ali ser, nas pequenas coisas, ‘sal da terra, luz do mundo, fermento na massa’. Aprendemos com os grandes eventos a animar os nossos jovens a viverem o dia a dia, a viverem ali as sementes do Verbo, as sementes do Reino, e a ser ali força de vida e de transformação com vida plena para toda a juventude.
O papa Francisco também sugeriu aos jovens, no vídeo com as intenções de oração, rezar pela paz e pedir forças para sonhar e trabalhar pela construção da paz. Os jovens são essenciais para que alcancemos uma sociedade mais fraterna e que supere a realidade de violência?
A paz é um grande desafio, porque muitos buscam a violência como solução da violência, muitos buscam as armas como solução para a violência. E Jesus vai dizer: ‘Se alguém te ferir a face esquerda, oferece também a direita’. E Jesus vai dizer: ‘Amai os vossos inimigos, fazei bem a que vos maldiz’. Jesus vai dizer: ‘Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus’. E a gente sabe que o coração da juventude é um coração aberto ao diálogo, a acolher as diferenças, a dialogar com outras culturas e a promover uma cultura de paz. Por isso que o papa Francisco pede a toda juventude no mundo inteiro que promova a paz, o diálogo, o entendimento, a seguir a orientação de Jesus, como diz nas Bem-aventuranças: ‘Bem-aventurados os que promovem a paz’. Então, que essa Jornada Mundial da Juventude consiga espalhar a semente da paz em todo nosso planeta.
Qual expectativa para esta primeira JMJ após o Sínodo para a Juventude. Haverá um novo desafio proposto pelo papa aos jovens?
Para nós, essa Jornada Mundial da Juventude pós-sínodo da Juventude traz grandes esperanças, porque este Sínodo, no número 119 [do documento final], assim disse que a Igreja faz uma opção histórica preferencial pela juventude e que essa opção exige tempo, energias e recursos financeiros. Todos nós estamos na expectativa de uma palavra forte de papa Francisco que anime a Igreja no mundo todo a acolher, a vivenciar e fazer acontecer esta opção pelos jovens. Porque nós sabemos que a opção pelos jovens garante o futuro e o presente da Igreja e também o futuro e o presente de nosso planeta. Porque a juventude semeia o entendimento à paz, é sedenta de concórdia, quer o cuidado do planeta e com certeza vai semear todos esses elementos, essa esperança pelo mundo todo. Por isso nós temos essa grande expectativa de uma surpresa do papa Francisco e que ele anime a nossa Igreja a acolher a opção pelos jovens com tempo, energias e recursos financeiros. Que Deus abençoe a Jornada Mundial e abençoe os jovens, portadores da paz e da esperança.
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