Siyabonga Banele Ndlovu estuda em
Roma para ser sacerdote. Foto: CARF
Roma, 30 Jan. 19 / 06:00 am (ACI).- Desde muito
pequeno, Siyabonga Banele Ndlovu tinha um grande "segredo", desejava
de todo coração ser sacerdote, mas teve que morar na rua após a morte de sua
mãe. Depois de grandes dificuldades, agora estuda em Roma para realizar sua
vocação.
"Minha mãe morreu quando eu
tinha cinco anos de idade. Lembro-me muito pouco daquela época, mas me lembro
do dia em que foi enterrada e como fomos à igreja naquele dia”,
explica Siyabonga Banele Ndlovu, natural da África do Sul.
Agora é um jovem de 24 anos e está se
preparando para realizar seu sonho, ser sacerdote, embora o caminho para o
seminário tenha sido longo e complicado.
Após a morte de sua mãe, Banele e um
de seus irmãos foram morar com uma de suas tias. Seu irmão mais velho mandava
dinheiro para sustentá-los, mas seu tio, que era alcoólatra, mandou-os embora
de casa quando tinham apenas seis e oito anos de idade.
Foram morar na rua e, conforme contou
ao Grupo ACI: “Meu irmão e eu
fizemos de tudo para sobreviver". Quando seu irmão mais velho descobriu
que não estavam mais com a tia, foi buscá-los para que pudessem viver com outra
irmã de sua mãe, desta vez mais compreensiva e carinhosa.
"Vivendo com essa outra tia,
consegui voltar a ir para a igreja. Gostava muito de ser coroinha, o Senhor
tocou meu coração de uma maneira que as palavras não podem expressar. Lá, eu me
sentia em casa, servindo como coroinha", assegurou ao Grupo ACI.
O momento auge de sua vocação veio
quando um de seus vizinhos foi ordenado sacerdote. "Naquele dia, descobri
que o que eu sentia e tentava cobrir era a vocação ao sacerdócio. Mas eu era um
menino de rua, eu não conseguia nem pensar em como poderia ser como ele.
Naquele dia, eu sabia que queria ser padre, mas nunca contei a ninguém",
lembrou.
"Minha tia me chamava
carinhosamente de ‘pequeno sacerdote', mas eu não lhe dava muita ideia. Mas era
evidente que algo havia mudado na minha forma de ser depois daquela ordenação”.
Com o tempo, Siyabonga Banele entrou
em um colégio interno. "A escola era dirigida pelos religiosos
beneditinos. Lá, podia lhes perguntar tudo o que queria sobre o sacerdócio.
Pude desenvolver minha vida de
oração e piedade como coroinha, mas continuava convencido de que nunca contaria
a ninguém o desejo de ser padre".
Por algum tempo, Banele tentou deixar
de lado a vocação sacerdotal que sentia dentro dele. "Tentava fazer como
os outros meninos, éramos todos adolescentes, mas eu não me sentia bem com esse
jeito de viver. E aí reafirmei que não era meu estilo de vida. Que, apesar de
tudo, continuava querendo ser sacerdote".
Banele interpretou o tempo que passou
na escola como sendo um presente de Deus, que lhe concedeu a possibilidade de
ver de perto a vida dos sacerdotes para que sua vocação amadurecesse.
"Eu não me sentia digno dessa
vocação. Eu, que tinha morado na rua e tinha feito de tudo para sobreviver...
Eu não podia nem dizer que queria que esse fosse o meu caminho. Não era capaz
de superar a vergonha de dizê-lo. Olhava para todos os sacerdotes e depois
olhava para mim e pensava que nunca seria capaz de ser como eles, especialmente
por causa do meu passado”, explicou ao Grupo ACI.
Até que em uma ocasião, um dos
responsáveis do colégio confiscou o telefone celular dele e de seus colegas.
“Ele olhou o que eu tinha guardado no meu telefone e viu que realmente me
interessava muito pela vida sacerdotal”, assegurou.
O responsável chamou Banele para
perguntar o que tinha guardado no celular. "Ele me perguntou se eu queria
ser sacerdote, respondi sim, mas pedi para não contar a ninguém. Era algo que
me dava muitíssima vergonha", afirmou.
Algumas semanas mais tarde, Banele se
encontrou com seus irmãos. "Falei para eles também. Meu irmão mais velho,
que tinha nos sustentado durante anos com o seu trabalho, disse-me que eu
estava louco e que não seria sacerdote depois de todo o dinheiro que tinha
investido na minha educação”.
No último ano do colégio, já estava
convencido de que Deus o queria como sacerdote e, por isso, pediu para entrar
no seminário de sua Diocese. No entanto, não teve nenhuma resposta.
"Falei com o tutor da escola, o
mesmo que confiscou meu celular e que sabia da minha inquietação vocacional.
Ele se ofereceu para me ajudar, disse que eu tinha que rezar mais. Por sua
parte, sem o meu conhecimento, falou sobre mim para o seu Bispo, da Diocese de
Eshowe, e um dia o Prelado veio perguntando por mim”, recordou o jovem.
Foi o dia da celebração da Crisma na
Diocese. "Este bispo perguntou por mim e pensei que tinha feito algo de
errado. Mas, na verdade, queria me perguntar sobre a minha vocação. Eu não
podia mentir para ele e respondi que sim, que desejava de todo coração ser
sacerdote, mas que não tinha tido resposta da minha Diocese. Ele me disse: ‘eu
vou te acolher’”.
"Eu fui para a sua Diocese,
estive um ano trabalhando no bispado para que pudessem me conhecer bem e depois
me ofereceu para ir ao Colégio Eclesiástico Internacional Sedes Sapientae e
estudar na Universidade da Santa Cruz, em Roma", narrou.
Banele assegurou que espera o momento
de sua ordenação, pois deseja levar a mensagem de Cristo ao povo da África do
Sul e "explicar-lhes que todos podem ser santos".
Siyabonga Banele Ndlovu é um dos
seminaristas e sacerdotes que recebem uma bolsa de estudos da Fundação Centro
Acadêmico Romano (CARF) que ajuda na formação integral de sacerdotes e
seminaristas para que possam estudar na Pontifícia Universidade da Santa Cruz
ou na Faculdade de estudos eclesiásticos da Universidade de Navarra.
Mais informações sobre CARF e sua
ajuda aos sacerdotes e seminaristas AQUI.
Fonte:
ACI Digital
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