quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A HISTÓRIA DE BANELE, DE MENINO DE RUA NA ÁFRICA DO SUL A FUTURO SACERDOTE





Siyabonga Banele Ndlovu estuda em Roma para ser sacerdote. Foto: CARF

Roma, 30 Jan. 19 / 06:00 am (ACI).- Desde muito pequeno, Siyabonga Banele Ndlovu tinha um grande "segredo", desejava de todo coração ser sacerdote, mas teve que morar na rua após a morte de sua mãe. Depois de grandes dificuldades, agora estuda em Roma para realizar sua vocação.
"Minha mãe morreu quando eu tinha cinco anos de idade. Lembro-me muito pouco daquela época, mas me lembro do dia em que foi enterrada e como fomos à igreja naquele dia”, explica Siyabonga Banele Ndlovu, natural da África do Sul.
Agora é um jovem de 24 anos e está se preparando para realizar seu sonho, ser sacerdote, embora o caminho para o seminário tenha sido longo e complicado.
Após a morte de sua mãe, Banele e um de seus irmãos foram morar com uma de suas tias. Seu irmão mais velho mandava dinheiro para sustentá-los, mas seu tio, que era alcoólatra, mandou-os embora de casa quando tinham apenas seis e oito anos de idade.
Foram morar na rua e, conforme contou ao Grupo ACI: “Meu irmão e eu fizemos de tudo para sobreviver". Quando seu irmão mais velho descobriu que não estavam mais com a tia, foi buscá-los para que pudessem viver com outra irmã de sua mãe, desta vez mais compreensiva e carinhosa.
"Vivendo com essa outra tia, consegui voltar a ir para a igreja. Gostava muito de ser coroinha, o Senhor tocou meu coração de uma maneira que as palavras não podem expressar. Lá, eu me sentia em casa, servindo como coroinha", assegurou ao Grupo ACI.
O momento auge de sua vocação veio quando um de seus vizinhos foi ordenado sacerdote. "Naquele dia, descobri que o que eu sentia e tentava cobrir era a vocação ao sacerdócio. Mas eu era um menino de rua, eu não conseguia nem pensar em como poderia ser como ele. Naquele dia, eu sabia que queria ser padre, mas nunca contei a ninguém", lembrou.
"Minha tia me chamava carinhosamente de ‘pequeno sacerdote', mas eu não lhe dava muita ideia. Mas era evidente que algo havia mudado na minha forma de ser depois daquela ordenação”.
Com o tempo, Siyabonga Banele entrou em um colégio interno. "A escola era dirigida pelos religiosos beneditinos. Lá, podia lhes perguntar tudo o que queria sobre o sacerdócio. Pude desenvolver minha vida de oração e piedade como coroinha, mas continuava convencido de que nunca contaria a ninguém o desejo de ser padre".
Por algum tempo, Banele tentou deixar de lado a vocação sacerdotal que sentia dentro dele. "Tentava fazer como os outros meninos, éramos todos adolescentes, mas eu não me sentia bem com esse jeito de viver. E aí reafirmei que não era meu estilo de vida. Que, apesar de tudo, continuava querendo ser sacerdote".
Banele interpretou o tempo que passou na escola como sendo um presente de Deus, que lhe concedeu a possibilidade de ver de perto a vida dos sacerdotes para que sua vocação amadurecesse.
"Eu não me sentia digno dessa vocação. Eu, que tinha morado na rua e tinha feito de tudo para sobreviver... Eu não podia nem dizer que queria que esse fosse o meu caminho. Não era capaz de superar a vergonha de dizê-lo. Olhava para todos os sacerdotes e depois olhava para mim e pensava que nunca seria capaz de ser como eles, especialmente por causa do meu passado”, explicou ao Grupo ACI.
Até que em uma ocasião, um dos responsáveis do colégio confiscou o telefone celular dele e de seus colegas. “Ele olhou o que eu tinha guardado no meu telefone e viu que realmente me interessava muito pela vida sacerdotal”, assegurou.
O responsável chamou Banele para perguntar o que tinha guardado no celular. "Ele me perguntou se eu queria ser sacerdote, respondi sim, mas pedi para não contar a ninguém. Era algo que me dava muitíssima vergonha", afirmou.
Algumas semanas mais tarde, Banele se encontrou com seus irmãos. "Falei para eles também. Meu irmão mais velho, que tinha nos sustentado durante anos com o seu trabalho, disse-me que eu estava louco e que não seria sacerdote depois de todo o dinheiro que tinha investido na minha educação”.
No último ano do colégio, já estava convencido de que Deus o queria como sacerdote e, por isso, pediu para entrar no seminário de sua Diocese. No entanto, não teve nenhuma resposta.
"Falei com o tutor da escola, o mesmo que confiscou meu celular e que sabia da minha inquietação vocacional. Ele se ofereceu para me ajudar, disse que eu tinha que rezar mais. Por sua parte, sem o meu conhecimento, falou sobre mim para o seu Bispo, da Diocese de Eshowe, e um dia o Prelado veio perguntando por mim”, recordou o jovem.  
Foi o dia da celebração da Crisma na Diocese. "Este bispo perguntou por mim e pensei que tinha feito algo de errado. Mas, na verdade, queria me perguntar sobre a minha vocação. Eu não podia mentir para ele e respondi que sim, que desejava de todo coração ser sacerdote, mas que não tinha tido resposta da minha Diocese. Ele me disse: ‘eu vou te acolher’”.
"Eu fui para a sua Diocese, estive um ano trabalhando no bispado para que pudessem me conhecer bem e depois me ofereceu para ir ao Colégio Eclesiástico Internacional Sedes Sapientae e estudar na Universidade da Santa Cruz, em Roma", narrou.
Banele assegurou que espera o momento de sua ordenação, pois deseja levar a mensagem de Cristo ao povo da África do Sul e "explicar-lhes que todos podem ser santos".
Siyabonga Banele Ndlovu é um dos seminaristas e sacerdotes que recebem uma bolsa de estudos da Fundação Centro Acadêmico Romano (CARF) que ajuda na formação integral de sacerdotes e seminaristas para que possam estudar na Pontifícia Universidade da Santa Cruz ou na Faculdade de estudos eclesiásticos da Universidade de Navarra.
Mais informações sobre CARF e sua ajuda aos sacerdotes e seminaristas AQUI.

Fonte: ACI Digital


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