Andrew Cuomo, governador do estado de
Nova York. Foto: Pat
Arnow -Wikipédia (CC BY-SA 2.0) / Cardeal Timothy Dolan. Foto: Michelle Bauman (ACI Prensa)
NOVA IORQUE, 31 Jan. 19 / 10:00 am (ACI).- O Arcebispo de Nova
York, Cardeal Timothy Dolan, pediu ao governador Andrew Cuomo que não se
orgulhe por ter transformado esse estado na capital mundial do aborto,
após a aprovação da lei que permite essa prática durante toda a gravidez.
O Cardeal Dolan fez este pedido em
uma entrevista concedida ao programa Fox & Friends da Fox News, em 28 de
janeiro, depois que o governador Cuomo confirmou a lei aprovada na terça-feira,
22, pelo Senado de Nova York, que também permitirá deixar o bebê morrer caso
sobreviva ao aborto.
"Eu lhe diria: veja governador,
você e eu trabalhamos duro pelo bem comum, e essa é uma área na qual podemos
fazer isso... mas isso é horrível. Não se orgulhe por ter transformado o estado
de Nova York na capital mundial do aborto. Esta não é uma postura progressista
e iluminadora", disse o Arcebispo ao ser perguntado sobre o que conversará
com o governador Cuomo quando eles se encontrarem.
"Uma postura progressista e
iluminadora está em cuidar dos seres humanos pequenos e indefesos. E posso
pensar em alguns outros além do bebê no ventre materno. Vamos trabalhar juntos
para defender essas vidas", ressaltou.
O Cardeal explicou que fica chateado,
pois "antes os promotores do aborto diziam que queriam que fosse seguro,
legal e pouco frequente. Agora, já não consideram que seja algo ruim. E agora o
tornaram perigoso, pois já não precisa ser feito por médicos, vai ser
obrigatório já que o pessoal que se ampara na objeção de consciência, que são
muitos trabalhadores de saúde, não poderão mais fazê-lo e será frequente”.
"Isso não é bom para o nosso
país. Como podemos nos orgulhar disso? Estourando garrafas de champanhe,
bebendo, comendo queijo brie e iluminando o Empire State?", questionou o
Cardeal Dolan, que se referiu às luzes cor-de-rosa que se acenderam na fachada
do famoso lugar para "celebrar" a lei do aborto.
Ao ser questionado sobre a
possibilidade de excomungar Cuomo, que se apresenta como católico, o Cardeal
disse que "isso seria contraproducente". "Com isso daríamos
munições aos nossos inimigos que diriam: isso não é exatamente uma questão de
disciplina católica, tampouco é questão de direitos civis, tampouco de
biologia, estes católicos não tem liberdade neste tema”, destacou.
"Não sei se poderíamos tirar
algo bom disso porque temos um governador que se orgulha disso, que usa os
ensinamentos da Igrejaem
seus discursos, que cita o Papa Francisco fora de contexto para criar uma
brecha entre os bispos e
o Santo Padre”, lamentou o Cardeal.
O governador "gosta de ser o
menino mau" quando se trata da doutrina católica, porque quando ele se
opõe publicamente à Igreja, "ele recebe ovações de pé", disse o
Cardeal Dolan.
Sobre a possibilidade, agora
permitida por lei, de acabar com a vida dos bebês no
terceiro trimestre de gravidez, o Cardeal Dolan questionou: "Podemos
facilitar a adoção? Podemos ajudar mais pais e mães que passam por uma gravidez
complicada para que seja mais fácil para eles enfrentá-la e que tenham um pouco
mais de tempo para dedicar-se? Podemos ajudar mais as mães dos
recém-nascidos?”.
Quanto aos que dizem que às vezes os
médicos poderiam enfrentar situações nas quais "devem" decidir entre
a vida da criança ou a da mãe, o Cardeal explicou que os profissionais de saúde
afirmam "que hoje em dia é muito raro que você tenha que decidir entre a
vida da mãe ou do filho. Isso não acontece".
Em todo caso, indicou, "a
doutrina católica diz que nunca, nunca se deve terminar com a vida de uma
pessoa inocente, nunca. Você não pode matar um bebê de propósito".
Em relação à educação das crianças
que hoje moram no estado de Nova York, o Cardeal Dolan lembrou aos pais que,
independentemente do ambiente em que se desenvolvem, eles "são os
primeiros educadores pelo seu exemplo e suas palavras".
Além disso, e "na medida do
possível", recomendou, "certifiquem-se de que eles tenham uma boa
atmosfera, uma escola que não jogue os valores pela janela".
A lei
O Senado do estado de Nova York (Estados
Unidos) aprovou no dia 22 de janeiro uma nova lei do aborto que
permitirá esta prática durante toda a gravidez.
Esta norma permitirá aos
profissionais de saúde, como praticantes de enfermaria e médicos assistentes,
que realizem abortos. Além disso, endossa o aborto tardio em qualquer momento
em caso de inviabilidade fetal ou “quando for necessário para proteger a vida ou a saúde de um
paciente”.
Se o bebê sobreviver ao aborto, o
profissional que está realizando pode deixá-lo morrer.
A lei, aprovada no dia do aniversário
da decisão Roe vs. Wade que legalizou o aborto nos Estados Unidos em 1973,
também transfere esta prática do código penal para o código de saúde.
A norma estabelece que o aborto
continuará sendo legal no estado de Nova York, mesmo se a Suprema Corte
reverter a decisão Roe vs. Wade.
Se a Suprema Corte reverter a decisão
de Roe vs. Wade, o que poderia ocorrer após a nomeação do juiz Brett Kavanaugh,
a aprovação do aborto deixará de estar nas mãos do governo federal dos Estados
Unidos, mas vai depender de cada estado.
Isso seria possível porque, embora a
reversão da decisão não tornasse o aborto ilegal, daria a cada estado a
capacidade de decidir por si mesmo; como aconteceu em Nova York com a
assinatura desta lei que permite o aborto a qualquer momento durante a
gravidez.
Fonte: ACI Digital