Jesus, filho de Maria de Nazaré e do carpinteiro José, querendo, evidentemente, desmanchar a montanha da falta de esperança, do orgulho, do egoísmo que está dentro de nós, amparado pela tão visível simbologia do manto da paz, da justiça e da afável ternura, fala ao interior do coração das pessoas, querendo entrar na frágil existência humana. Ele quer que plantemos boas sementes no mundo. Mas quais sementes? Sementes de paz, amor e compreensão, do não ao egoísmo, de um ambiente leve, com bons e construtivos olhares e de um coração fértil, grande e largo. Numa palavra: sementes de esperança.
O Verbo de Deus, que se encarnou e veio se estabelecer entre nós (cf. Jo 1, 14), quer que nos coloquemos à sua disposição como seus generosos colaboradores, mas num ardente desejo de edificar seu projeto de amor, afastando-nos da intolerância, do preconceito e do ódio. Dom Helder Câmara nos ensina o sentido da verdadeira e autêntica fraternidade. Quando resolvemos buscar a referida e tão sonhada esperança, na fé a nós ensinada de que Deus é Pai de todos e que, vivendo a vida de irmãos, não nos afastaremos da promessa divina: de a terra se transformar em céu e de o céu se transformar em terra.
Na contemplação do mistério da encarnação, do Deus pequeno da estribaria de Belém, na expectativa de sua chegada, evidentemente, não de braços cruzados, sou levado a pensar e ao mesmo tempo a colocar diante dos olhos a imagem do Menino Maluquinho, de Ziraldo Alves, com quem Dom Helder tão profundamente se identificou e, abraçando-a com a força do seu vigor e de seus sonhos, com sua vida fecunda e seu inquestionável legado para a humanidade, de dom e graça, a partir da Feira da Providência em 1961, na cidade do Rio de Janeiro, ensina-nos a plantar, convenhamos, a boa semente: a esperançosa semente de que um mundo melhor é possível.
É por isso mesmo que neste Tempo do Advento, inspirados na profecia de Dom Helder Câmara, possamos aprender com as crianças da Infância e Adolescência Missionária e do Projeto Dom Helder, Arte e Missão de nossa Paróquia de Santo Afonso, “meninos e adolescentes maluquinhos da Auristela”, fazendo o mesmo questionamento: “Quais sementes desejo espalhar pela terra? Sementes de paz, amor, compreensão e esperança. Há tanto desespero, desengano, decepção, frustração e desesperança! Sementes de esperança, sem dúvida, chegariam em boa hora”. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Jornalista, Blogueiro, Escritor e Colunista, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – geovanesaraiva@gmail.com
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