domingo, 23 de dezembro de 2018

PASTOREIO EPISCOPAL DE DOM ALOÍSIO LORSCHEIDER: (26/03/1973 A 12/07/1995)





Na última sexta-feira, dia 21 de dezembro, na Catedral, durante a cerimonia de celebração da ordenação de 17 diáconos, sendo quatro permanentes e do recebimento da urna com parte dos restos mortais de dom Aloísio Lorscheider, Miguel Brandão, do Secretariado de Pastoral, fez um relato completo do trabalho executado por aquele arcebispo, de 26 de março de 1973 a 12 de julho de 1995, na Arquidiocese de Fortaleza.

Dom Aloísio Lorscheider faleceu às 5h30min, do dia 23 de dezembro de 2007, no Hospital São Francisco, em Porto Alegre, estando, portanto, completando hoje, 11 anos.

PARÓQUIAS CRIADAS POR DOM ALOÍSIO LORSCHEIDER

Data
Paróquia
Município
16/4/1975
Santa Cecília
Bom Jardim, Fortaleza
31/7/1975
Divino Espírito Santo
Cidade Dois Mil, Fortaleza
14/12/1975
Jesus, Maria, José
Vila União, Fortaleza
13/3/1976
Nossa Senhora da Glória
Cidade dos Funcionários, Fortaleza
20/05/1982
Santo Afonso de Ligório
Parquelândia, Fortaleza
23/1/1984
Nossa Senhora da Assunção
Nova Assunção, Fortaleza
10/5/1986
Senhora Sant’Ana
Paramoti
1/1/1986
Paróquia Santo Antônio
Caridade
30/3/1994
São João Batista
Horizonte
3/5/1992
Nossa Senhora da Conceição
Pajuçara, Maracanaú
18/1/1995
Nossa Senhora da Conceição
Conjunto Ceará, Fortaleza



Principais ações no pastoreio de Dom Aloísio

1.   Elaboração dos Planos de Pastoral Orgânica.

Em 1974, foi elaborado o primeiro Plano de Pastoral da Arquidiocese de Fortaleza. A cada ano, era publicado um novo Plano Pastoral, depois de uma avaliação e uma assembleia pastoral.
Na conclusão deste primeiro Plano Pastoral, em 1974,  Dom Aloisio afirma: “Em nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral Orgânica ou de Conjunto não há projetos de foranias, paróquias, comunidades  eclesiais de base, movimentos de 1eigos, associações, organismos, setores de atividade pastoral. Trata-se de um Plano que atinge a Arquidiocese como tal, no seu todo. As foranias, paróquias e demais setores pastorais devem, dentro do objetivo, diretrizes, normas do Plano Arquidiocesano, fazer os seus próprios projetos, montar o seu próprio Plano do Atividades, apresentando-o possivelmente à Cúria Arquidiocesana, ao Setor da Coordenadoria de Pastoral, a fim de que todas as forças vivas da Arquidiocese possam tomar conhecimento das realizações dos setores, evitando repetição das mesmas tarefas no mesmo sentido. Estes planos setoriais são muito importantes são indispensáveis para uma pastoral eficiente”.

2.           Em 1974, têm início os cursos de preparação de batismo para pais e padrinhos; de crisma para os jovens; do matrimônio para os noivos. Começa, então, o surgimento nas paróquias das pastorais sacramentais do Batismo, dos Noivos, a catequese de Crisma.


3.           Um dos capítulos do Plano Pastoral de 1975 trata da necessidade de preparação para a recepção dos sacramentos e apresenta as normas para a celebração do Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Matrimônio e Unção dos Enfermos, Exéquias e Liturgia da Palavra. Como Ação Arquidiocesana destacam-se, entre outras atividades as seguintes:

a) dar a máxima importância e o primeiro lugar ao anúncio da Palavra de Deus;
b) apoiar e estimular a formação de grupos e comunidades de base no espírito aprofundado do Evangelho;
c) formar em cada paróquia o Conselho Pastoral;
d) concretizar sempre mais a presença da Igreja nos meios humanamente mais pobres, assumindo como áreas prioritárias as comunidades do interior, a periferia de Fortaleza, os ambientes de favela…;
e) introduzir nas comunidades o culto dominical, aperfeiçoando-o onde já existe;
f) intensificar os círculos bíblicos.

Começa também a montagem de serviço e assessorias especiais, tais como a formação de Ministros da Eucaristia, Leitores, Monitores e Dirigentes do Culto; a integração e coordenação dos organismos de Promoção Social – Campanha da Fraternidade, Cáritas, MEB e Assistência Social; a reestruturação da Cúria Arquidiocesana como Centro de Pastoral Arquidiocesano; criação de um Boletim Arquidiocesano; pregação de Missões na Arquidiocese – Semanas de Evangelização. 

No Plano das Paróquias, o Plano Arquidiocesano sugere, já em 1975: “Cada paróquia fará, dentro do plano da arquidiocese e da forania, o seu plano paroquial de pastoral. Neste plano não poderá faltar a organização da catequese paroquial e do culto dominical, nas capelas existentes, com a devida formação dos dirigente do culto e comunidade, além do encaminhamento do conselho Paroquial, seja pastoral, seja administrativo, com o estudo do dízimo…”


4.           Em 1985, foi publicado o último Plano Pastoral Arquidiocesano, pois, naquele ano, foram criadas as Regiões Episcopais. Ao todo, foram onze Planos de Pastoral. A partir de 1986, cada Região Episcopal deveria elaborar seu Plano Pastoral. A Linha de Pastoral da Arquidiocese é que iria dar unidade aos planos pastorais das Regiões Episcopais e todas elas deveriam seguir a que estava expressa no Plano de Pastoral de 1984-1985, que assim rezava: “A partir da verdade sobre Jesus Cristo, a igreja e o Homem, na comunhão e participação, uma clara e profética opção preferencial e solidária pelos pobres em vista de sua libertação integral”. Dom Aloísio retoma a importância da Linha Pastoral, como eixo de unidade na ação pastoral da Arquidiocese, e na Carta sobre a Ação Pastoral na Arquidiocese de Fortaleza, de 1989, assim escrevem Dom Aloísio e seus dois bispos auxiliares, Dom Edmilson e Dom Geraldo: Tendo em vista esses dados, deve agora ficar bem claro para todos que a linha de pastoral da Arquidiocese de Fortaleza é:

“A evangelização da nossa realidade arquidiocesana, a partir do povo oprimido, a partir da evangélica ou profética opção preferencial e solidária pelos pobres, em comunhão fraterna  e participação libertadora, na luz da verdade total sobre Jesus Cristo, a Igreja, o Homem, em vista a uma transformação que seja antecipação e anúncio do Reino Definitivo de Deus” (nº. 48, pág. 13).

5.           Realização do X Congresso Eucarístico Nacional e visita do Santo Padre São João Paulo II à Arquidiocese de Fortaleza, por ocasião do Congresso.

6.           A Assembleia Arquidiocesana de dezembro de 1980 aprovou e o senhor arcebispo criou o Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos – CDPDH.

7.           Começam a surgir, pouco a pouco, desde o início do seu pastoreio, as pastorais sociais, seja a partir dos temas da CF, seja a  partir dos desafios da realidade, seja  ainda por iniciativa do arcebispo a partir de pastorais já organizadas em plano nacional.  A mais antiga parece-me ser a Pastoral Operária, dando continuidade à Ação Católica Operária.

8.   São trazidos para a Arquidiocese diversos movimentos eclesiais, entre eles intensificam-se bastante o Cursilho de Cristandade, o Encontro de Casais com Cristo, a Renovação Carismática.

9.   Nasce na Arquidiocese o Conselho de Leigos. Dom Aloísio dá-lhe total força e por seu desejo o Conselho de Leigos ter-se-ia tornado Conferência, à semelhança da CNBB e da CRB.

10.               São criadas as Regiões Episcopais. Após dois anos de estudo e reflexão e três assembleias arquidiocesanas, sendo uma em 1984 e duas em 1985 (julho e outubro), foram criadas as seis Regiões Episcopais, com o prazo de se organizarem até julho de 1986, quando deveriam ter realizado suas primeiras assembleias, escolhido as coordenações regionais a partir das prioridades do Plano Arquidiocesano de Pastoral então vigente, e apresentado ao senhor arcebispo as listas tríplices para a nomeação dos primeiros vigários episcopais, o que ele fez em julho de 1986.

Os instrumentos do planejamento e da ação de pastoral de conjunto que os vigários episcopais possuíam em suas Regiões eram:
– Coordenação Pastoral;
– Conselho Pastoral;
– Encontro dos padres por região;
– encontro das prioridades  e das pastorais por região;
– assembleias de avaliação e planejamento;
– encontros de formação permanente;
– como recurso financeiro, o retorno de 50% dos 10% que cada paróquia dava à Mitra, para as seis regiões episcopais, distribuídos diferenciadamente, conforme a realidade social e eclesial de cada uma delas.
Em nível de Arquidiocese mantiveram-se o Conselho Episcopal mensal, o Conselho Pastoral trimestral, a Assembleia Arquidiocesana a cada dois anos.

11.       As Visitas Pastorais tornaram-se um momento forte das Regiões Episcopais, pois não eram feitas a uma paróquia, mas à Região Episcopal, com a participação de todos os padres e dos agentes de pastoral da Região, na medida de suas possibilidades. Duas cartas pastorais foram publicadas a partir dessas Visitas: CARTA sobre a Ação Pastoral na Arquidiocese, em 1989, e a Carta Pastoral sobre a Dimensão Missionária da vida cristã, em 1993. Também foi durante a Visita Pastoral à Região Episcopal Metropolitana 1, em 1994, durante a visita ao Penal Paulo Sarasate, que houve o sequestro do senhor arcebispo Dom Aloísio, dos bispos auxiliares Dom Edmilson da Cruz e Dom Geraldo Nascimento, do então vigário episcopal Pe. Aldo Pagotto, hoje arcebispo emérito da Paraíba, e de outros 9 acompanhantes.

12.       Áreas Pastorais
Em 1989, Dom Aloísio, em lugar de criar paróquias, passa a criar áreas pastorais. A primeira experiência foi a Área Pastoral da Jurema, com cinco grandes aglomerados humanos, cada um deles com um padre ou uma comunidade religiosa.  Não havia um pároco, nem a centralidade em uma matriz. A área pastoral, no desejo de Dom Aloísio, não era uma quase-paróquia, nem uma localidade que se prepara para ser paróquia, mas um jeito novo de ser paróquia. Por isso a nova titulação. De repente começaram a surgir, sobretudo nas regiões Episcopais Metropolitanas 2 e 3, várias áreas pastorais, cujos decretos oficiais de criação não se encontram na chancelaria da Arquidiocese. Entretanto encontramos a presença dessas áreas pastorais nos relatórios visitas pastorais, encontros e assembleias de algumas Regiões Episcopais.
Áreas Pastorais criadas de 1989 a 1995 durante o ministério episcopal de  Dom Aloísio
A) Na Região Episcopal Metropolitana 2.

2.           Jurema, Caucaia, 21/11/1989, abrangendo o Conjunto Nova Metrópole, o Conjunto Araturi; o Conjunto Marechal Rondon; o Parque Guadalajara; o Parque Potira;
3.           Granja Portugal;
4.           Parque Genibaú, 08/05/1991;
5.           Barra do Ceará, em 9/6/1992;
6.           Tabatinga;
7.           Álvaro Weyne, em 12 de dezembro de 1994;
8.           Sertão e serra de Caucaia – Capuan;
9.           Tabapuá, em 26 de junho de 1995.

A Paróquia de santa Cecília, com o paroquiato dos padres combonianos passou a se denominar Área Pastoral do Bom Jardim.

B) Na Região Episcopal Metropolitana 3:
1.   Tancredo Neves;
2.   Lagamar;
3.   Lagoa Redonda;
4.   Guajeru;
5.   Conjunto Jereissati I e Timbó;
6.   Itaitinga;
7.   Seminário Seráfico (comunidades vizinhas);
8.   Pisando Chão Novo (São Bernardo e Parque São Miguel);
9.   Conjunto Palmeiras, em 30 de setembro de 1994 (Boletim Informativo nº ;
10.       BR 116 (comunidades marginais);
11.       Seminário Regional de Teologia (comunidades vizinhas);
12.       Dendê e Seis Bocas;
13.       Eusébio.


C)Região Praia
14.       Pindoretama e Tapera, em 25 de abril de 1992.
15.       Sucatinga.

13.       Articulação das Pastorais Sociais
Como fruto da Primeira Semana Social Brasileira na Arquidiocese, em 1991, começa um processo de criação da articulação arquidiocesana das Pastorais Sociais, Organismos e CEBs que continua até hoje. Ao longo dessa caminhada houve muitos frutos: cartilhas de orientação política, a Agência de Notícias Esperança – Anote, a animação, desde 1994, do Grito dos Excluídos, e já agora, no governo episcopal de Dom José Antonio, do Curso de Verão na Terra do Sol, da comissão arquidiocesana do Fundo de Solidariedade e da Festa da Vida. A própria ADITAL, embora não seja órgão juridicamente arquidiocesano, é também fruto dessa articulação das Pastorais Sociais.



14.       Projeto do Batismo. A 15ª Assembleia Pastoral, em 1992, aprovou quase unanimemente o Projeto do Batismo, que por dois anos já vinha sendo estudado e refletido nas paróquias e regiões episcopais, como um caminho catecumenal de inserção dos pais na comunidade paroquial como requisito importante para o Batismo.

15.       Criação do Secretariado de Pastoral. Também como fruto dessa mesma assembleia, 15ª, Dom Aloísio, após duas reuniões conjuntas, dos Conselhos Episcopal, Presbiteral, Econômico e Colégio de Consultores, da Comissão Ampliada de Pastoral e da Equipe de Articulação, por ele convocadas para dar os encaminhamentos necessários às propostas aprovadas na referida Assembleia, criou no dia 6 de outubro de 1992 o Secretariado Arquidiocesano de Pastoral.

Bispos auxiliares de dom Aloísio na Arquidiocese de Fortaleza
 Dom Raimundo de Castro e Silva (falecido).
– Dom Manoel Edmilson da Cruz, 
 Dom Geraldo Nascimento, OFM Cap. 
– Dom Adalberto Paulo da Silva, OFM Cap


Por Miguel Brandão – Secretariado de Pastoral


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