domingo, 23 de setembro de 2018

PAPA FRANCISCO REZA PELAS VÍTIMAS DO COMUNISMO NA LITUÂNIA




Papa Francisco diante do monumento pelas vítimas do comunismo na Lituânia, do lao de fora do Museu da Ocupação. Foto: Captura de vídeo / Vatican Media.

Vilnius, 23 Set. 18 / 12:27 pm (ACI).- Em seu segundo dia de visita apostólica à Lituânia, o Papa Francisco visitou o Museu da Ocupação e das Lutas pela Liberdade e pronunciou uma oração por aqueles que  “sofreram na sua carne o delírio de onipotência daqueles que tudo pretendiam controlar” e para que este país “seja farol de esperança”.
Este museu, criado em 1992, é dedicado principalmente a recordar o meio século de ocupação soviética na Lituânia, especialmente os presos políticos e vítimas mortais do regime comunista.
O museu ocupa os antigos escritórios da KGB (Comitê para a Segurança do Estado), a agência de inteligência soviética, onde eram detidos, torturados e assassinados quem era considerado opositor ao regime.
O Santo Padre chegou ao local por volta das 17h30 (hora local). Horas antes, teve um encontro com os sacerdotes, religiosos, consagrados e seminaristas na Catedral de Kaunas.
Ali, recordou que “a violência usada contra vós por ter defendido a liberdade civil e religiosa, a violência da difamação, o cárcere e a deportação não puderam vencer a vossa fé em Jesus Cristo, Senhor da história”.
 Em sua visita ao museu, o Papa foi às celas que estão na parte inferior do antigo edifício da KGB. Neste local, em fotografias coladas nas paredes, recorda-se os bispos, sacerdotes, religiosos e fiéis que foram perseguidos, presos e assassinados pelo regime soviético.
O Santo Padre acendeu no local uma lamparina votiva, que presenteou ao museu.
Ao terminar seu percurso pelo Museu da Ocupação e das Lutas pela Liberdade, diante de um monumento que recorda a barbárie do regime soviético, Francisco pronunciou sua oração, pedindo a Deus que a Lituânia “seja terra da memória operosa, que renova os compromissos contra toda a injustiça”.
A seguir, o texto completo da oração que o Papa Francisco fez no Museu da Ocupação e das Lutas pela Liberdade:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?» (Mt 27, 46).
O vosso grito, Senhor, não para de ressoar, ecoando dentro destas paredes que recordam os sofrimentos vividos por tantos filhos deste povo. Lituanos e originários de diferentes nações sofreram na sua carne o delírio de onipotência daqueles que tudo pretendiam controlar.
No vosso grito, Senhor, ecoa o grito do inocente que se une à vossa voz e se eleva para o céu. É a Sexta-feira Santa do sofrimento e da amargura, da desolação e da impotência, da crueldade e do absurdo que viveu este povo lituano face à ambição desenfreada que endurece e cega o coração.
Neste lugar da memória, nós Vos imploramos, Senhor, que o vosso grito nos mantenha despertos. Que o vosso grito, Senhor, nos liberte da doença espiritual que sempre nos tenta como povo: esquecer-nos dos nossos pais, de quanto viveram e sofreram.
Que, no vosso grito e na vida dos nossos pais que tanto sofreram, possamos encontrar a coragem de nos comprometermos, com determinação, no presente e no futuro; que aquele grito seja estímulo para não nos adequarmos às modas do momento, aos slogans simplificadores e a toda a tentativa de reduzir e tirar a qualquer pessoa a dignidade de que Vós a revestistes.
Senhor, que a Lituânia seja farol de esperança; seja terra da memória operosa, que renova os compromissos contra toda a injustiça. Que promova esforços criativos na defesa dos direitos de todas as pessoas, especialmente das mais indefesas e vulneráveis. E que seja mestra na reconciliação e harmonização das diferenças.
Senhor, não permitais que sejamos surdos ao grito de todos aqueles que hoje continuam a erguer a voz para o céu.
Fonte: ACI Digital


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