Papa Francisco diante do
monumento pelas vítimas do comunismo na Lituânia, do lao de fora do Museu da
Ocupação. Foto: Captura de vídeo / Vatican Media.
Vilnius, 23 Set. 18 / 12:27 pm (ACI).- Em seu segundo dia de visita apostólica
à Lituânia, o Papa Francisco visitou o Museu da Ocupação e das Lutas pela
Liberdade e pronunciou uma oração por aqueles que “sofreram na sua carne
o delírio de onipotência daqueles que tudo pretendiam controlar” e para que
este país “seja farol de esperança”.
Este museu, criado em 1992, é dedicado principalmente a recordar
o meio século de ocupação soviética na Lituânia, especialmente os presos
políticos e vítimas mortais do regime comunista.
O museu ocupa os antigos escritórios da KGB (Comitê para a
Segurança do Estado), a agência de inteligência soviética, onde eram detidos,
torturados e assassinados quem era considerado opositor ao regime.
O Santo Padre chegou ao local por volta das 17h30 (hora local).
Horas antes, teve um encontro com os sacerdotes, religiosos, consagrados e
seminaristas na Catedral de Kaunas.
Ali, recordou que “a violência usada contra vós por ter
defendido a liberdade civil e religiosa, a violência da difamação, o cárcere e
a deportação não puderam vencer a vossa fé em Jesus Cristo, Senhor da
história”.
Em sua visita ao museu, o Papa foi às celas que estão na parte inferior do
antigo edifício da KGB. Neste local, em fotografias coladas nas paredes,
recorda-se os bispos,
sacerdotes, religiosos e fiéis que foram perseguidos, presos e assassinados
pelo regime soviético.
O Santo Padre acendeu no local uma lamparina votiva, que
presenteou ao museu.
Ao terminar seu percurso pelo Museu da Ocupação e das Lutas pela
Liberdade, diante de um monumento que recorda a barbárie do regime soviético, Francisco
pronunciou sua oração, pedindo a Deus que a Lituânia “seja terra da memória
operosa, que renova os compromissos contra toda a injustiça”.
A seguir, o texto completo da oração que o Papa Francisco fez no
Museu da Ocupação e das Lutas pela Liberdade:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?» (Mt 27, 46).
O vosso grito, Senhor, não para de ressoar, ecoando dentro
destas paredes que recordam os sofrimentos vividos por tantos filhos deste
povo. Lituanos e originários de diferentes nações sofreram na sua carne o
delírio de onipotência daqueles que tudo pretendiam controlar.
No vosso grito, Senhor, ecoa o grito do inocente que se une à
vossa voz e se eleva para o céu. É a Sexta-feira Santa do sofrimento e da
amargura, da desolação e da impotência, da crueldade e do absurdo que viveu
este povo lituano face à ambição desenfreada que endurece e cega o coração.
Neste lugar da memória, nós Vos imploramos, Senhor, que o vosso
grito nos mantenha despertos. Que o vosso grito, Senhor, nos liberte da doença
espiritual que sempre nos tenta como povo: esquecer-nos dos nossos pais, de
quanto viveram e sofreram.
Que, no vosso grito e na vida dos nossos pais que tanto sofreram,
possamos encontrar a coragem de nos comprometermos, com determinação, no
presente e no futuro; que aquele grito seja estímulo para não nos adequarmos às
modas do momento, aos slogans simplificadores e a toda a tentativa de reduzir e
tirar a qualquer pessoa a dignidade de que Vós a revestistes.
Senhor, que a Lituânia seja farol de esperança; seja terra da
memória operosa, que renova os compromissos contra toda a injustiça. Que
promova esforços criativos na defesa dos direitos de todas as pessoas,
especialmente das mais indefesas e vulneráveis. E que seja mestra na
reconciliação e harmonização das diferenças.
Senhor, não permitais que sejamos surdos ao grito de todos
aqueles que hoje continuam a erguer a voz para o céu.
Fonte: ACI Digital
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