Em
sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco falou
sobre "o dia do repouso" para os cristãos: "Tanta gente, tanta,
que tem a possibilidade de divertir-se, e não vivem em paz com a vida. Domingo
é dia de fazer as pazes com a vida, dizendo, a vida é preciosa! Não é fácil, às
vezes é doloroso, mas é preciosa”.
Jackson erpen - Cidade do Vaticano
O verdadeiro sentido do repouso.
Dando continuidade a sua série de catequeses sobre o Decálogo, o Papa falou
nesta quarta-feira aos mais de 13 mil fiéis presentes na Praça São Pedro sobre
o repouso como “momento de contemplação e louvor”, “é a bênção da realidade”.
Francisco recordou ainda a necessidade de nos reconciliarmos com nossa própria
história, pois a verdadeira paz, não é mudá-la, mas dar as boas-vindas e
valorizá-la.”
“O dia do repouso” de que fala o
Livro do Êxodo “parece um mandamento fácil de ser cumprido – observa - mas é
uma impressão errada”, pois “existe o repouso falso e o repouso verdadeiro.
Como reconhecê-los?”, pergunta o Papa.
“A sociedade de hoje está sedenta por
entretenimento e férias. A indústria da distração – escutem bem, a indústria da
distração - é muito florescente e a publicidade desenha o mundo ideal como um
grande parque de diversões onde todos se divertem. O conceito de vida dominante
hoje não tem o centro de gravidade em atividade e compromisso, mas na evasão.
Ganhar dinheiro para divertir-se, satisfazer-se. A imagem-modelo é a de uma
pessoa de sucesso que pode permitir-se amplos e diversos espaços de prazer”.
Divertimento que não é repouso
“Mas essa mentalidade – chama a
atenção o Santo Padre - desliza para a insatisfação de uma existência
anestesiada pelo divertimento que não é repouso, mas alienação e fuga da
realidade. O homem nunca repousou tanto quanto hoje, e ao mesmo tempo o homem
nunca experimentou tanto vazio como hoje! As possibilidades de divertir-se,
sair, cruzeiros, viagens. Tanta coisa...não te dão a plenitude do coração, mais
ainda, não te dão repouso.”
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Neste sentido, as palavras dos
Decálogo lançam uma luz sobre o que é o repouso. “O mandamento – explica o Papa
– tem um elemento peculiar: fornece uma motivação. O repouso no nome do Senhor
tem um motivo preciso”. Depois de ter trabalhado por seis dias, no sétimo
repousou, “por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou”.
Dia da contemplação e da bênção
Ou seja, no sétimo dia, “inicia o dia
do repouso, que é a alegria de Deus por aquilo que criou. É o dia da
contemplação e da bênção”. Assim, o repouso segundo este mandamento é “o
momento da contemplação, do louvor, não da evasão. É o tempo para olhar a realidade
e dizer: como é bela a vida!”. Assim, “ao repouso como fuga da realidade, o
Decálogo opõe o repouso como bênção da realidade”:
“Para nós, cristãos, o centro do Dia
do Senhor, o domingo, é a Eucaristia, que significa "ação de graças".
É o dia para dizer a Deus: obrigado, obrigado Senhor, obrigado pela vida, pela
sua misericórdia, por todos os seus dons. O domingo não é o dia para esquecer
os outros dias, mas para recordá-los, abençoá-los e fazer as pazes com a vida,
fazer as pazes com a vida. Tantas pessoas, tantas, que têm a possibilidade de
divertir-se, e não vivem em paz com a vida. Domingo é dia de fazer as pazes com
a vida dizendo: a vida é preciosa! Não é fácil, às vezes é doloroso, mas é
preciosa”.
Reconciliar-se com a própria história
Ser introduzido no repouso autêntico
é uma obra de Deus em nós, afirma o Papa, mas exige que nos afastemos da
maldição e do seu encanto. Inclinando o coração para a infelicidade, de fato,
enfatizar as razões do descontentamento é muito fácil. Bênção e alegria
implicam uma abertura para o bem que é um movimento adulto do coração. O bem é
afável e nunca se impõe. Deve ser escolhido:
“A paz se escolhe, não pode ser
imposta e não pode ser encontrada por acaso. Afastando-se das dobras amargas de
seu coração, o homem tem necessidade de fazer as pazes com aquilo de que ele
foge. É necessário reconciliar-se com a própria história, com fatos que não se
aceitam, com as partes difíceis da existência. A verdadeira paz, de fato, não é
mudar a própria história, mas dar as boas-vindas e valorizá-la, assim como
aconteceu.”
O Pontífice recorda que muitas vezes
encontramos cristãos doentes e que nos consolam “com uma serenidade que não é
encontrada nos alegres e hedonistas”.
Da mesma forma, “vimos pessoas
humildes e pobres alegrarem-se por pequenas graças, com uma felicidade que
sabia de eternidade”.
A vida torna-se bela quando começamos
a pensar bem dela
Maria fez a escolha pela vida, que
tornou-se o seu “fiat”, “uma abertura ao Espírito Santo que nos coloca nas
pegadas de Cristo, Aquele que se entrega ao Pai no momento mais dramático e
assim segue o caminho que leva à ressurreição.
A
vida se torna bela – disse o Papa ao concluir – “quando se começa a pensar bem
dela, seja qual for a nossa história (...) quando o coração está aberto à
Providência e o que o Salmo diz é verdade: "Somente em Deus repousa a
minha alma".
Fonte: Vaticans News
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