O
Papa Francisco encerrou o Encontro Mundial das Famílias de Dublin e fez um novo
pedido de perdão pelos abusos cometidos na Igreja irlandesa.
Cidade do Vaticano
A missa no Phoenix Park de Dublin
encerrou o Encontro Mundial das Famílias, motivo da visita do Papa Francisco à
Irlanda.
No ato penitencial, o Papa Francisco
voltou a pedir perdão por todos os tipos de abusos cometidos por “membros
qualificados” da Igreja em instituições administradas por religiosos e
religiosas e por membros da hierarquia que permaneceram em silêncio. O pedido é
fruto do encontro que o Pontífice realizou no sábado com oito vítimas
irlandesas.
O Papa citou os menores e adultos
vulneráveis vítimas de moléstias, crianças e adolescentes explorados para fins
laborais e mulheres que tiveram seus filhos subtraídos por autoridades
eclesiásticas porque solteiras. Maternidade negada por se tratar de “pecado
mortal”. “Isso não é pecado mortal, é o quarto mandamento [honrar pai e mãe,
ndr]!”, disse Francisco.
”Que o Senhor mantenha e faça crescer
este estado de vergonha e arrependimento e nos dê a força para nos comprometer
a trabalhar para que nunca mais aconteçam e se faça justiça.”
Espírito e vida
Já a homilia foi inspirada no
Evangelho deste domingo: «Tu tens palavras de vida eterna!» (Jo 6, 68).
Os discípulos estavam perplexos,
confusos e até irados, hesitando se aceitar ou não as suas «palavras duras»,
tão contrárias à sabedoria deste mundo. Em resposta, o Senhor lhes diz: “As
palavras que vos disse são espírito e são vida”.
Novo Pentecostes
“Cada dia novo na vida das nossas
famílias e cada nova geração trazem consigo a promessa de um novo Pentecostes,
um Pentecostes doméstico”, disse o Papa, fazendo votos de que as famílias se
tornem fonte de encorajamento para os outros, para partilhar “as palavras de
vida eterna” de Jesus.
O Filho de Deus, afirmou ainda
Francisco, se encarnou neste mundo por meio de uma família, e em cada geração,
através do testemunho das famílias cristãs, tem o poder de romper todas as
barreiras para reconciliar o mundo com Deus e fazer de nós aquilo que desde
sempre estamos destinados a ser: uma única família humana.
Perdão difícil
Todavia, reconheceu o Pontífice, a
tarefa de dar testemunho desta Boa Nova não é fácil e sempre haverá pessoas que
se oporão à ela.
Mas podemos seguir o exemplo de São
Columbano e de seus companheiros irlandeses e jamais nos deixar “influenciar ou
desanimar pelo olhar gelado da indiferença ou pelos ventos borrascosos da
hostilidade”.
“Como permanece difícil perdoar
àqueles que nos magoam! Que grande desafio continua a ser o acolhimento do
migrante e do estrangeiro! Como é doloroso suportar a desilusão, a rejeição ou
a traição! Como é incómodo proteger os direitos dos mais frágeis, dos
nascituros ou dos mais idosos, que parecem estorvar o nosso sentido de
liberdade!”
Vocação missionária
Missão árdua, mas possível, pois
podemos contar com a força do Espírito e a presença do Senhor sempre ao nosso
lado.
Ressaltando a natureza missionária do
cristão, Francisco recorda que a Igreja é chamada a "sair" para levar
as palavras de vida eterna às periferias do mundo.
“Que a nossa celebração de hoje
confirme cada um de vocês – pais e avós, crianças e jovens, homens e mulheres,
frades e freiras, contemplativos e missionários, diáconos e sacerdotes – na
partilha da alegria do Evangelho! Possam partilhar o Evangelho da família como
alegria para o mundo.”
Orações
No final da Celebração Eucarística, o
Pontífice fez um agradecimento a todos os que contribuíram para a realização da
viagem.
“Um ‘obrigado’ muito sentido quero
ainda expressar a todas as pessoas que rezaram por este Encontro: idosos,
crianças, religiosos e religiosas, doentes, reclusos... Estou certo de que o sucesso
da iniciativa se deve às orações, simples e perseverantes, de todos eles.
Obrigado a todos. Que o Senhor os recompense!”
Roma 2021
O Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Card. Kevin Farrell, anunciou no final da missa que a cidade de Roma será sede do próximo Encontro Mundial da Família em 2021.
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