No
Angelus, o Papa pediu a intercessão de Maria "pela cura de todas as
pessoas que sofreram abusos de qualquer tipo" e para que confirmasse
"cada membro da família cristã no decidido propósito de nunca mais
permitir que se verifiquem tais situações", assegurando também sua “estima
e proximidade na oração” à população da Irlanda do Norte.
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
“Esta chaga aberta nos desafia a
sermos firmes e decididos na busca da verdade e da justiça. Imploro o perdão do
Senhor para estes pecados, para o escândalo e a traição sentidos por muitos na
família de Deus”.
No Angelus no
Santuário mariano em Knock, o Papa Francisco voltou a deplorar o escândalo dos
abusos ocorridos na Irlanda e agradeceu pelos “progressos ecumênicos e pelo
significativo crescimento de amizade e colaboração entre as comunidades
cristãs” no país.
Chovia e fazia 12ºC neste domingo,
26, em Knock, distante 178 km de Dublin. Apesar da curta distância, por
questões de segurança descartou-se o deslocamento do Papa em helicóptero.
Assim, após 40 minuto de voo a bordo de um A321 da Aer Lingus, o
Santo Padre chegou ao aeroporto da cidade no Condado de Mayo.
O Santuário
Após as aparições no século XIX,
Knock tonou-se um dos maiores santuários marianos da Europa, ao lado de Fátima
e Lourdes. A cada ano atrai cerca de um milhão e meio de peregrinos. Em 1979,
São João Paulo II visitou o local para comemorar o centenário das aparições. Em
1993, também Santa Madre Teresa de Calcutá rezou no Santuário.
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Próximo à cidadezinha está um lugar
sagrado para os irlandeses, o monte Croagh Patrick, local onde São Patrício
expulsou todas as serpentes da ilha e jejuou, no ano 441, durante os 40 dias da
Quaresma. No último domingo de julho, no “Reek Sunday”, milhares de fiéis
peregrinam ao local, muitos descalços.
Antes de chegar ao Santuário, o Papa
Francisco trocou de veículo e passou de papamóvel entre os fiéis, sendo então
acolhido pelo arcebispo de Tuam, Dom Neary, por 4 bispos da Província
Eclesiástica e por autoridades. Estavam presentes algumas crianças.
Ao chegar à Capela das Aparições, onde
estavam reunidos 200 fiéis, o Papa foi recebido pelo Reitor do Santuário, Padre
Gibbons. Francisco saudou alguns fiéis, depositou flores ao pés da imagem da
Virgem e acendeu uma vela. Então, um momento de oração silenciosa. O Papa
ofereceu um Terço de ouro no local, abençoou alguns doentes, transferindo-se
então à Esplanada do Santuário para rezar os Angelus.
Tradição do terço em família
"Good morning!", começou o
Papa saudando os fiéis em inglês. "Estou feliz de estar aqui com vocês, na
Casa da Mãe!"
“Na Capela da Aparição, confiei à
amorosa intercessão de Nossa Senhora todas as famílias do mundo e, de modo
especial, as vossas famílias, as famílias irlandesas”, disse Francisco,
acrescentando:
“Como recordação da minha visita,
trouxe o dom dum terço de ouro. Sei como é importante, neste país, a tradição
do terço em família. Não abandonem esta tradição. Quantos corações de pais,
mães e filhos, no decorrer dos anos, tiraram consolação e força da meditação
sobre a participação de Nossa Senhora nos mistérios gozosos, luminosos,
dolorosos e gloriosos da vida de Cristo!”
O Papa pediu, que por intercessão de
Maria, as famílias sejam, “no meio dos ventos e tempestades que enfuriam nos
nossos tempos, baluartes de fé e bondade que, segundo as melhores tradições da
nação, resistem a tudo o que pretenda diminuir a dignidade do homem e da
mulher, criados à imagem de Deus e chamados ao destino sublime da vida eterna”.
“
Que Nossa Senhora olhe com misericórdia para todos os membros atribulados na
família do seu Filho ”
Nunca mais abusos
Ao rezar diante da imagem na
capelinha das aparições – explicou Francisco - apresentei a Maria “de
modo particular todos os sobreviventes, vítimas de abusos por membros da Igreja
na Irlanda”:
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“Nenhum de nós pode deixar de se
comover perante as histórias de menores que sofreram abusos, foram despojados
da sua inocência ou que foram afastados das mães e abandonados à deformação de
dolorosas recordações. Esta chaga aberta nos desafia a sermos firmes e
decididos na busca da verdade e da justiça. Imploro o perdão do Senhor para
estes pecados, para o escândalo e a traição sentidos por muitos na família de
Deus. Peço à nossa Bem-aventurada Mãe que interceda por todas as pessoas sobrevividas
aos abusos de qualquer tipo e confirme cada membro da família cristã no
decidido propósito de nunca mais permitir que se verifiquem tais situações. E
também de interceder por todos nós, para que possamos proceder sempre com
justiça e reparar, no que depender de nós, tanta violência”
Irlanda do Norte
Assegurando sua “estima e proximidade
na oração” à população da Irlanda do Norte - que não esteve incluída nesta
viagem visto o objetivo ser a participação no Encontro Mundial das Famílias – o
Pontífice pediu a Nossa Senhora “que sustente todos os membros da família
irlandesa para que perseverem, como irmãos e irmãs, na obra de reconciliação”.
Francisco também agradeceu pelos
“progressos ecumênicos e pelo significativo crescimento de amizade e
colaboração entre as comunidades cristãs”.
“Rezo para que todos os discípulos de
Cristo continuem com perseverança os esforços por fazer avançar o processo de
paz e construir uma sociedade harmoniosa e justa para os filhos de hoje, sejam
cristãos, sejam muçulmano, sejam judeus, sejam de qualquer fé: filhos da
Irlanda".
Depois de recitar o Angelus,
o Papa dirigiu uma saudação especial “aos homens e mulheres reclusos neste
país", e de modo particular, agradeceu a quantos escreveram a ele ao
saberem de sua ida à Irlanda.
“A vós e aos vossos familiares,
asseguro a minha proximidade e a minha oração. Que Maria, Mãe de Misericórdia,
vele por vós e vos fortaleça na fé e na esperança”.
O
Papa foi presenteado ao final com um quadro com uma imagem de Nossa Senhora de
Knock e deixou um Cálice para as celebrações no Santuário. Após, retornou para
Dublin.
Fonte: Vatican News
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