Íntegra
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Neste primeito domingo depois do Natal, a Liturgia nos convida a celebrar a festa da Sagrada Família de Nazaré. De fato, todo presépio mostra Jesus junto com Nossa Senhora e São José, na gruta de Belém. Deus quis nascer em uma família humana, quis ter uma mãe e um pai, como nós.
E hoje o Evangelho nos apresenta a Sagrada Família no caminho doloroso do exílio, em busca de refúgio no Egito. José, Maria e Jesus experimentam a condição dramática dos refugiados, marcada por medo, incertezas, necessidades (Mt 2, 13-15. 19-23). Infelizmente, nos nossos dias, milhões de famílias podem reconhecer-se nesta triste realidade. Quase todos os dias a televisão e os jornais dão notícias de refugiados que fogem da fome, da guerra, de outros perigos graves, em busca de segurança e de uma vida digna para si e para as próprias famílias.
Em terras distantes, mesmo quando encontram trabalho, nem sempre os refugiados e os imigrantes encontram acolhimento verdadeiro, respeito, apreço pelos valores de que são portadores. As suas legítimas expectativas se confrontam com situações complexas e dificuldades que parecem às vezes insuperáveis. Por isso, enquanto fixamos o olhar na Sagrada Família de Nazaré no momento em que foi forçada a fazer-se refugiada, pensemos no drama de quantos migrantes e refugiados que são vítimas de rejeição e da escravidão, que são vítimas do tráfico de pessoas e do trabalho escravo. Mas pensemos também nos outros “exilados”: eu os chamarei de “exilados escondidos”, aqueles exilados que podem existir dentro das próprias famílias: os idosos, por exemplo, que às vezes são tratados como presenças incômodas. Muitas vezes penso que um sinal para saber como vai uma família é ver como são tratados nessa as crianças e os idosos.
Jesus quis pertencer a uma família que experimentou estas dificuldades para que ninguém se sinta excluído da proximidade amorosa de Deus. A fuga ao Egito por causa das ameaças de Herodes nos mostra que Deus está lá onde o homem está em perigo, lá onde o homem sofre, lá onde é fugitivo, onde experimenta a rejeição e o abandono; mas Deus está também lá onde o homem sonha, espera voltar à pátria na liberdade, projeta e escolhe pela vida e dignidade sua e dos seus familiares.
Este nosso olhar hoje para a Sagrada Família se deixa atrair também pela simplicidade da vida que essa conduz em Nazaré. É um exemplo que faz tanto bem às nossas famílias, ajuda-as a se tornarem sempre mais comunidades de amor e de reconciliação, na qual se experimenta a ternura, a ajuda mútua, o perdão recíproco. Recordemos as três palavras-chave para viver em paz e alegria em família: com licença, obrigado, desculpa. Quando em uma família não se é invasor e se pede “com licença”, quando em uma família não se é egoísta e se aprende a dizer “obrigado” e quando em uma família um percebe que fez algo ruim e sabe pedir “desculpa”, naquela família há paz e alegria. Recordemos estas três palavras. Mas podemos repeti-las todos juntos: com licença, obrigado, desculpa. (Todos: com licença, obrigado, desculpa!). Gostaria também de encorajar as famílias a tomar consciência da importância que têm na Igreja e na sociedade. O anúncio do Evangelho, de fato, passa antes de tudo pelas famílias, para depois alcançar os diversos âmbitos da vida cotidiana.
Invoquemos com fervor Maria Santíssima, a Mãe de Jesus e nossa Mãe, e São José, seu esposo. Peçamos a eles para iluminar, confortar, guiar cada família do mundo, para que possa cumprir com dignidade e serenidade a missão que Deus lhes confiou.
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